segunda-feira, 28 de março de 2005

O grande tabu

A única medida verdadeiramente séria e eficaz contra o excesso de velocidade nas estradas (no pressuposto, altamente questionável, que esse é o principal factor explicativo do número arrepiante de acidentes rodoviários) seria a imposição de um limite técnico de 120 km/h a todos os motores de automóveis. Simples, não?

Atrasadamente

Por esquecimento não fiz referência aqui ao meu artigo da semana passada no Público, desta vez sobre a reforma e modernização da administração pública. Como habitualmente o texto também se encontra arquivado na Aba da Causa.

Adenda
Na minha coluna de amanhã vou tratar das questões constitucionais e políticas relativas aos dois referendos que estão anunciados.

Tabus

Com o novo Código da Estrada, que aumenta o rigor das normas e agrava consideravelmente as sanções para as infracções, terá sentido manter inalterados os irrealistas limites de velocidade máxima nas auto-estradas (e mesmo fora delas), sabendo-se que os limites excessivamente baixos só vão ser "respeitados" à custa de generosas doses de tolerância da polícia? Não seria mais coerente com a filosofia da reforma subir moderadamente aqueles limites, pelo menos para os automóveis ligeiros, para se poder ser mais exigente no seu cumprimento? Ou vamos continuar agarrados a ficções, por incapacidade para questionar tabus sem fundamento?

domingo, 27 de março de 2005

Ligeireza

As considerações de Marcelo Rebelo de Sousa no seu programa de hoje na RTP sobre a reforma do Pacto de Estabilidade e Convergência da União Europeia revelam uma inexplicável ligeireza -- a par de alguma demagogia contra a França e a Alemanha --, ao darem a entender que o PEC foi rasgado e que doravante reinará a desregulação do défice orçamental e da dívida pública. Mas não é verdade. Mantêm-se os limites de um e de outro (3% e 60% do PIB, respectivamente), e nenhumas despesas públicas deixaram de contar para o défice (ao contrário do que foi afirmado). O que foi flexibilizado tem a ver com as justificações para o défice excessivo (evitando as respectivas sanções) e com um período mais longo para repor o cumprimento dos limites (três anos em vez de um ano).
Também não é verdade que Portugal tenha cumprido os limites do PEC nos governos PSD/CDS. O défice orçamental real (antes das receitas extraordinárias de fim de ano) ficou sempre próximo ou acima dos 5% e a dívida pública superou os 60% do PIB. E no corrente ano, graças ao orçamento do Governo de Santana Lopes, o défice vai pular para mais de 6%, ou seja, o dobro do admitido pelo PEC, e um "record" desde há muito entre nós. Se não fosse a reforma do PEC Portugal estaria em muitos maus lençóis...

Judiciosas...

...são as considerações do presidente da conferência episcopal portuguesa, o cardeal José Policarpo, sobre a constituição europeia. Um clara desautorização da utilização da religião para combater a Constituição, como tem sido insinuado por alguns círculos católicos tradicionalistas, pretextando a ausência de uma referência à "herança cristã", em que o Vaticano se empenhou, sem êxito.

sexta-feira, 25 de março de 2005

Perda absoluta

Chegado ao seu segundo aniversário o País Relativo, um dos decanos dos blogues de esquerda, resolveu acabar. Efeitos da vitória do PS e da esquerda no poder?
Na blogoesfera dois anos são uma longa vida; mesmo assim, o fim de um blogue de qualidade é sempre um perda. Ou me engano muito, ou ainda veremos vários do seus autores de volta às lides, daqui a uns tempos...

Desistência

O apoio entusiasmado à candidatura de Guterres ao cargo de Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados significa que o PS já se conformou com a alegada falta de vontade do antigo primeiro-ministro para concorrer à presidência da República e que portanto já se conformou também com a falta de um verdadeiro "challenger" para a forte candidatura de Cavaco Silva?

Compromisso

Houve quem criticasse fortemente a decisão do último Conselho Europeu sobre a suspensão da directiva do mercado único dos serviços, tomada sob pressão da França, a braços com uma forte reacção social e política contra a "directiva Bolkestein" e por tabela contra a Constituição europeia (as sondagens de opinião dão agora vantagem ao "não" nas intenções de voto para o referendo de 29 de Maio). Mas a aprovação da Constituição pela França vale bem um compasso de espera quanto à liberalização dos serviços na UE. Um chumbo francês significaria a morte do tratado constitucional.

quinta-feira, 24 de março de 2005

Efeitos colaterais

A questão da co-incineração de lixos industriais perigosos na cimenteira de Souselas (Coimbra) não custou ao PS somente o pior resultado relativo nas eleições legislativas de 20 de Fevereiro mas também a perda do seu mais provável candidato à liderança do município de Coimbra (o eurodeputado Fausto Correia, que anunciou a sua desistência há dias). Resta saber como é que o novo candidato (o actual líder distrital e deputado, Vítor Batista) vai lidar com a polémica questão, que não deixará de ser um dos principais pontos da disputa eleitoral coimbrã.

Referendo da despenalização

Se não forem esgotados os prazos procedimentais do referendo das despenalização do aborto pelo Presidente da República (a quem cabe decidir a convocação e marcar a data) e pelo Tribunal Constitucional (a quem incumbe verificar preventivamente a sua constitucionalidade e legalidade), ainda será possível realizar essa consulta popular até ao início do Verão, única hipótese de ele poder ter lugar antes das eleições presidenciais do próximo ano (dada a proibição constitucional vigente de acumulação de procedimentos referendários com procedimentos eleitorais). Há boas razões para o estreitamento dos prazos: afinal, tanto o PR como o TC já se pronunciaram sobre essa mesma matéria em 1998. E ficaria arrumada mais cedo essa polémica questão, aliviando a agenda política e libertando o próximo Presidente da República dessa decisão.

Nunca é tarde

O Reino Unido está em vias de se tornar numa democracia constitucional normal, com separação de poderes e "rule of law". Vai ser criado um supremo tribunal, pondo fim às funções judiciais supremas da Câmara dos Lordes; e o Lord Chancelor vai deixar de ser simultaneamente membro do poder judicial, do parlamento e do Governo -- uma situação insólita, ao arrepeio das regras mais elementares do Estado de Direito. Lá onde não há constituição escrita existem destas anomalias.
Paulatinamente o governo trabalhista vai modernizando o sistema constitucional britânico. Já não era sem tempo!

quarta-feira, 23 de março de 2005

Portageiros assaltam consumidores

É o caso de extorsão mais banalizado em Portugal. Atinge centenas de milhares de automobilistas e ocorre diariamente sem que as autoridades, os media ou as associações de consumidores lhe prestem a mínima atenção. O estaleiro permanente em que se transformaram as auto-estradas da Brisa não só põe em causa a segurança dos utilizadores-pagadores, como lhes impõe sem apelo nem agravo um preço indevido por um serviço que não lhes é prestado. Nalguns concessões - a A1, a A5 ou a A8 -, já só os cidadãos mais idosos se conseguem lembrar dos tempos em que as percorriam sem anomalias. A concessionária continua a não se pronunciar sobre a matéria.

terça-feira, 22 de março de 2005

Dúvida

Satisfazendo um compromisso eleitoral, o grupo parlamentar do PS desencadeou o processo de convocação do referendo sobre a despenalização do aborto até às dez semanas. A pergunta é a mesma que foi submetida à mal sucedida consulta popular em 1998, ou seja: "Concorda com a despenalização da IVG até às 10 semanas, realizada em estabelecimento legal de saúde?"
Retorno à questão que levantei há seis anos: por que é que a despenalização do aborto há-de depender das condições da sua realização? Uma coisa é punir, nos termos gerais, o exercício de actos médicos à margem das regras legais (o que abrange o aborto clandestino), outra é manter a punição do aborto em si mesmo só por ter sido realizado fora de estabelecimento de saúde.

Fim de privilégios

A redução das férias judiciais é justa e só peca por defeito. Não há razão nenhuma para que os tribunais estejam encerrados durante tanto tempo -- se é que se justifica o seu encerramento de todo em todo (sobretudo tendo em conta a morosidade da nossa justiça) -- e que os agentes do sistema de justiça tenham na pratica mais férias do que os demais servidores públicos.
Já agora também não se vê por que é que os funcionários do Ministério da Justiça hão-de ter um serviço de saúde diferente do dos demais funcionários públicos. É mais do que tempo de lhe pôr fim.
De resto, o Governo faria muito bem em proceder a um levantamento abrangente das situações de privilégio existentes no sector público administrativo. A Administração pública não deve confundir-se com um conjunto de feudos ministeriais.

Pior não poderia ser

Como aqui se referiu desde há meses, o orçamento aprovado pelo Governo PSD-CDS para o presente ano é uma ficção em todos os planos: previsão irrealista de crescimento económico, despesas subestimadas, receitas sobre-avaliadas. O défice orçamental deve subir para os 6%, o pior desempenho desde há muitos anos. Por isso, o PS nem sequer precisa de ir escavar o verdadeiro défice das contas públicas do ano passado (provavelmente superior ao declarado para Bruxelas), a fim de humilhar o governo anterior e a própria Comissão europeia, como Durão Barroso fez em 2002, relativamente ao défice de 2001. Basta-lhe que uma comissão independente presidida pelo mesmo Vítor Constâncio certifique a lamentável situação das finanças públicas em relação ao orçamento do ano corrente.
Quando a gente se lembra de que Santana Lopes e Bagão Félix se vangloriavam de as finanças públicas estarem de novo em ordem, dá para medir a sua irresponsabilidade...

União Zoófila

Pela enésima vez na sua provecta história, a União Zoófila atravessa uma grave crise financeira. Na sua edição de ontem (secção Local), o Público relata as mais recentes angústias da associação amiga dos animais. Obrigada a racionar a água, a electricidade, a comida e os cuidados veterinários aos cães e gatos barbaramente rejeitados pela população lisboeta, a União desespera. Com um magro punhado de euros, qualquer empresa do PSI-20 poderia subsidiar (ao abrigo da lei do mecenato, indutora de benefícios fiscais) os gastos correntes da casa. O alheamento das causas pobres (como a dos animais abandonados) pela sociedade dita civil só nos pode encher de vergonha.

Confiança de lampião

Estava à espera de ver as duas melhores equipas do campeonato num combate à inglesa, lutando bravamente pela vitória, provando à saciedade que o líder Benfica só o é porque está a ser levado ao colo por poderes ocultos. Em vez disso, vimos duas formações medrosas e um jogo medíocre, onde o Sporting acabou por ser um pouco melhor e justificar o triunfo, para satisfação da comunidade encarnada. Não têm inteira razão os do Porto ao clamarem contra o rigor do juiz na expulsão de McCarthy - as cotoveladas, em que o sul-africano é especialista, devem ser severamente punidas para que não aconteça a quase tragédia que ocorreu com o defesa Arango, no Maiorca-Sevilha do último domingo -, mas é verdade que a arbitragem foi caseira. Em todos os lances duvidosos o beneficiado foi o Sporting. Na grande penalidade grosseiramente cometida por Seitaridis, nada justificava o cartão vermelho, embora não seja a primeira vez que um árbitro demonstra falta de senso (e de atributos técnicos) em situações semelhantes. No meio da pobreza geral, fica a convicção de que afinal o Benfica não tem nada a recear de leões nem de dragões. Se continuar a jogar certinho e de modo empenhado, será campeão. Sem espinhas.

segunda-feira, 21 de março de 2005

Isto não está a acontecer, pois não?

1 Segundo nos relata A Capital na sua edição de hoje, o célebre autarca de Ourique e agora deputado laranja pelo círculo do Porto, José Raul dos Santos (JRS), acaba de realizar um feito notável. Do seu próprio bolso (sic), decidiu-se a gastar uns cobres em envelopes timbrados com o escudo nacional, a perder um bom par de horas na produção de um texto publicitário e a suportar as custas postais na expedição de um opúsculo onde se propõe ser "um porta-voz autêntico" das gentes alentejanas. Arguto e pós-moderno, JRS já antecipou o verdadeiro significado dos futuros círculos uninominais.

2 Logo após a intervenção de José Sócrates na apresentação do programa de governo, o presidente do sindicato dos magistrados, António Cluny, veio aos microfones da TSF manifestar a sua perplexidade pelo anúncio da redução das férias judiciais de dois para um mês. Segundo Cluny, as actividades estivais dos juízes não podem ser vistas como as dos trabalhadores comuns. É que os tribunais e os magistrados têm um funcionamento muito mais complexo do que todas as outras artes. Basta ver as dificuldades extremas de articulação operacional com os restantes intervenientes da comunidade judicial, algo que, como é sabido, não acontece em mais nenhum sector de actividade ou sistema público.

3 O Benfica lidera o campeonato e os adeptos encarnados torcem pela vitória do Sporting no jogo desta noite contra o Porto.

4 O presidente do governo regional da Madeira está maçado com a gestão do Marítimo. "As coisas que se estão a passar no Marítimo não podem continuar à mercê da vontade do presidente do clube", Jardim dixit.

Matosinhos à frente

Seguramente por se tratar de uma iniciativa de Narciso Miranda, o programa de combate ao estacionamento selvagem anunciado pela Câmara de Matosinhos não mereceu qualquer referência elogiosa por parte dos opinion-makers nacionais. Tivesse ele sido congeminado por Rui Rio ou por Macário Correia e outro galo cantaria. Adiante. Se Narciso e a sua polícia municipal cumprirem o prometido - dois meses de pedagogia seguidos de tolerância zero -, prometo que me farei sócio do Leixões. Ainda acredito que a causa do combate à selvajaria da segunda fila sairá um dia vencedora.

sábado, 19 de março de 2005

Sua Nota é um Show de Solidariedade

O programa tributário "Sua nota é um Show", no Estado da Bahia, no Brasil, que, como aqui escrevi há uns meses, permite trocar facturas por bilhetes de espectáculo, tem também outra versão. As facturas podem ser entregues a uma instituição de solidariedade que, por sua vez, as troca junto do governo por subsídio ou outro tipo de apoio. Há famílias que têm à porta de sua casa uma caixa especialmente destinada ao depósito de todas as "notas" que depois fazem chegar a uma instituição da sua preferência.
Como noticiava um jornal local, num dos últimos apuramentos, na área de saúde, a Associação Obras Sociais Irmã Dulce foi a mais premiada, com mais de 5 milhões de notas e cupons recolhidos, conquistando um prémio no valor de R$ 378.303. A Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil/Hospital Martagão Gesteira e a Liga Baiana Contra o Câncer/Hospital Aristidez Maltez apareceram logo em seguida, com os prémios de R$ 220.813 e R$ 165.653, respectivamente. "A cada etapa aumenta a participação da população, que contribui exigindo a nota ou o cupom fiscal na hora da compra", afirmou José Luiz Souza, coordenador do Programa de Educação Tributária da Bahia (PET/BA), da Secretaria da Fazenda (Sefaz).
Uma vez mais, viva a imaginação!

Correio dos leitores: Interditos (3)

"(...) Em relação ao nuclear, venha o debate, sem tabus! E antes que se diga que ele resolve o nosso problema de dependência energética, é preciso perceber que Portugal não é deficitário na produção eléctrica, e que a energia nuclear não resolve em nada a dependência dos produtos petrolíferos que são utilizados para os nossos motores Otto de combustão interna. Ora é nesse sector que o consumo de derivados de petróleo cresce. Depois, conviria explorar a quantidade de subsídios que o nuclear recebe, sob a forma de garantias estatais e pseudo-subsidios a I&D. Em que outro sector eu posso colocar em risco a segurança de milhões, mas ter uma limitação às indemnizações que terei de pagar em caso de acidente. (...)
Sem essas protecções e subsídios escondidos, o nuclear, sob a sua forma de fissão, é a forma mais dispendiosa de produzir energia, e num mercado em que não haja essas protecções (um exemplo dessas protecções é o caso do Price-Anderson Act, nos EUA, que limita a US$150m a responsabilidade por danos nas centrais nucleares norte-americanas) seria duvidoso que mais centrais fossem construídas. Note que nenhuma foi posta a operar na Europa nos últimos 20 anos, apesar do consumo crescente de electricidade. Quem advoga a construção do nuclear em Portugal deveria justificar como se pretende financiar sem esses subsídios. Até lá, prefiro pagar a electricidade mais cara."

(Leitor identificado)

Correio dos leitores: Interditos (2)

"Estranha esta posição de tabu relativamente à energia nuclear, principalmente, vinda da parte de um progressista. Se pensarmos que, historicamente, estamos a viver as primeiras perturbações sintomáticas do fim de um ciclo que ainda se arrastará por muito tempo, de uma era galileica, de energia finita, mas cuja linha de horizonte é já visível; se pensarmos que, neste momento, os grandes poderes tomam já posições para o grande jogo do milénio que é o das novas formas de energia (...); se pensarmos que a energia nuclear, ainda na sua mais tenra infância, é o prenúncio de uma nova era de energia infinita; se pensarmos que um sistema de energia infinita fará com que a vida se torne tendencialmente gratuita; se pensarmos nas implicações disto para o estatuto do ser humano neste planeta... estranho, de facto, o seu tabu."
Paiva Raposo

Correio dos leitores: Iniquidade fiscal

"Se o sentido inicial da dedução fiscal por incapacidade obedeceu a um princípio de solidariedade e justiça social, a sua aplicação tem-na tornado, ano após ano, cada vez mais injusta e iníqua.
Com efeito:
1 - São as classes profissionais mais esclarecidas, ou mais bem remuneradas ou posicionadas para o efeito (médicos, magistrados, directores e quadros das finanças, forças de segurança) que mais aproveitam dela, potenciando os ganhos em montantes elevados.
2 - Os contribuintes incapazes, de menor rendimento e menor qualificação, ou desconhecem esta possibilidade ou dela obtém valores pouco significativos.
3 - Assim se perde a força da solidariedade e da justiça social pressuposta a esta medida.
4 - A utilização, correcta ou fraudulenta, desta medida tem conduzido à não cobrança de montantes elevadíssimos (creio ter lido 600.000.000?!!).
5 - Assim, esta medida deveria ser revogada imediatamente e, em compensação, ser facultado aos contribuintes incapazes apoios, através do Ministério de Solidariedade Social, de acordo com as suas necessidades e recursos."

(A. Oliveira de Almeida)

Correio dos leitores: Interditos

"Num dos seus posts deixa subentendido a promoção de produção de electricidade em centrais nucleares. De facto, é uma questão tabu. Mas a questão da energia nuclear, não é de todo uma prioridade em Portugal. Bem pelo contrário. E isto deveria ficar bem claro. Portugal tem óptimas condições climatéricas, que deveriam ser melhor aproveitadas para incentivar ainda mais a adopção de sistemas de produção de electricidade por meios renováveis (solar de aquecimento e eólico, só para dar dois exemplos). As políticas energéticas, os programas de apoio, etc., que visam a redução da nossa dependência energética, devem ser pensadas e orientadas no sentido dos sistemas de produção renovável. E não no sentido da construção de centrais nucleares. E mais, os países que menciona possuem de facto centrais nucleares. Mas possuem também uma quota de produção de electricidade por sistemas renováveis (a Espanha foi mesmo o país europeu que mais construiu torres eólicas nos últimos anos). E são estes factos (mais do que as centrais nucleares, acredito eu) que têm verdadeira influência nas oscilações do preço da electricidade."
Daniel Rodrigues

sexta-feira, 18 de março de 2005

Salvador, Bahia

Por que é que há cidades distantes a que voltamos sempre com a sensação de que sempre foram "nossas"?

quinta-feira, 17 de março de 2005

Interditos

Em declarações à televisão, um dirigente de uma associação empresarial protestou contra as anunciadas subidas dos preços da electricidade (supõe-se que devidas ao aumento dos combustíveis), argumentando que outros países, como a Espanha e a França, também dependem do petróleo e não precisaram de subir os preços.
Uma diferença decisiva está em que ambos esses países possuem uma considerável quota de produção de electricidade em centrais nucleares, cuja produção é mais barata, sendo os seus custos insensíveis à subida dos preços do petróleo.
Mas é evidente que a opção nuclear continua fora da agenda (e fora de discussão) entre nós. Os tabus não existem somente na vida política...

Mas alguém supôs que ele tinha mudado em alguma coisa?

«George W. Bush afirma que continua a apoiar a pena de morte».

quarta-feira, 16 de março de 2005

Interrogação

Se as farmácias obedecessem a um regime de liberdade de estabelecimento e de concorrência entre elas, será que teria sentido a venda de medicamentos em outros estabelecimentos?

Reconhecimento

No Público de hoje, Paulo Rangel assinala a passagem do 80º aniversário do Prof. Rogério Soares, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, um dos grandes cultores vivos do direito público, especialmente do Direito Administrativo. Rangel observa pertinentemente que a importância do seu magistério é muito superior ao volume relativamente exíguo da sua obra publicada e que nenhum dos actuais professores da escola de direito coimbrã - seus discípulos e muitos deles seus assistentes outrora - conseguiram furtar-se à sua influência e fugir a um diálogo ou confronto com a sua obra. São esses os universitários que deixam marca.

Dúvida

A ira manifestada por dirigentes do Bloco de Esquerda contra a proposta de realização do referendo da Constituição europeia juntamente com as eleições locais existiria porventura se se tratasse do referendo da despenalização do aborto? Ou a alegada "manipulação" (há quem não faça as coisas por menos...) passaria a ser uma excelente solução?