"Frente aos cabeças-de-lista do partido às eleições legislativas, Pedro Passos Coelho admitiu, ontem, que será difícil distinguir o programa eleitoral do PSD do pacote de austeridade a que o próximo governo estará sujeito depois de fechadas as negociações com a troika sobre o programa de ajustamento necessário para o recurso à ajuda externa".
Escreve o Jornal I
Assim já percebemos a razão por que ainda não se conhece o programa do PSD, apesar de há tanto tempo em preparação.
Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 19 de abril de 2011
PCP e BE: irresponsável demissão
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AG
Por se recusarem sequer a dialogar com a troika CE/BCE/FMI.
Expliquei porquê.
Tal como observei ser uma ironia que o FMI esteja a propor condições mais suaves do que aquelas que a UE nos procura impor.
Esta manhã, na rubrica "Conselho Superior" da ANTENA UM
Expliquei porquê.
Tal como observei ser uma ironia que o FMI esteja a propor condições mais suaves do que aquelas que a UE nos procura impor.
Esta manhã, na rubrica "Conselho Superior" da ANTENA UM
Privatização parcial
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Vital Moreira
Passos Coelho vai deixando cair umas pérolas sobre o programa político do PSD. Hoje descaiu-se a propor um tecto nos descontos dos rendimentos mais altos para o sistema de pensões, com correspondente redução da pensão respectiva.
Não podiam ser mais claros as consequências e o propósito de uma medida dessas, que recupera parte da proposta de Marques Mendes há uns cinco anos. A consequência seria um rombo na sustentabilidade financeira do sistema de pensões público, pois num sistema em que as contribuições das pessoas activas pagam as pensões dos que se aposentam, a redução das contribuições implica durante muito tempo uma quebra da receita sem redução da despesa, provocando um défice duradouro no sistema. O propósito dessa medida é obviamente "convidar" os titulares de remunerações mais elevadas a investirem em fundos de pensões privados os descontos que deixariam de fazer para o sistema público, com a garantia de que esses fundos só daqui a alguns anos é que teriam de começar a pagar pensões. Na actual situação das finanças públicas, propor a criação de um défice estrutural no sistema de pensões público só pode ser uma provocação...
Afinal, não é somente a CGD que o PSD quer privatizar parcialmente, mas também o sistema público de segurança social. Só que neste caso, a privatização equivaleria a privar o sistema público de receitas sem o desonerar das despesas, só para favorecer os fundos de pensões privados. Ainda não se conhece o programa do PSD, já se sabe porém que interesses serve...
Não podiam ser mais claros as consequências e o propósito de uma medida dessas, que recupera parte da proposta de Marques Mendes há uns cinco anos. A consequência seria um rombo na sustentabilidade financeira do sistema de pensões público, pois num sistema em que as contribuições das pessoas activas pagam as pensões dos que se aposentam, a redução das contribuições implica durante muito tempo uma quebra da receita sem redução da despesa, provocando um défice duradouro no sistema. O propósito dessa medida é obviamente "convidar" os titulares de remunerações mais elevadas a investirem em fundos de pensões privados os descontos que deixariam de fazer para o sistema público, com a garantia de que esses fundos só daqui a alguns anos é que teriam de começar a pagar pensões. Na actual situação das finanças públicas, propor a criação de um défice estrutural no sistema de pensões público só pode ser uma provocação...
Afinal, não é somente a CGD que o PSD quer privatizar parcialmente, mas também o sistema público de segurança social. Só que neste caso, a privatização equivaleria a privar o sistema público de receitas sem o desonerar das despesas, só para favorecer os fundos de pensões privados. Ainda não se conhece o programa do PSD, já se sabe porém que interesses serve...
Pobre Língua!
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Vital Moreira
Noticiário da noite da televisão pública, peça sobre a precariedade laboral: tanto o locutar como a repórter repetem a palavra "precaridade", mostrando não se tratar de um lapso ocasional.
Como é possível haver erros destes na televisão, ainda por cima na estação pública, com especiais responsabilidades no que respeita à Língua. Da próxima vez havemos de os ouvir dizer "solidaridade", "discricionaridade", etc.
Alguém devia ser responsável por tais dislates. Se os jornalistas em causa são ignorantes, que se estabeleça um código de bom português na RTP!
Como é possível haver erros destes na televisão, ainda por cima na estação pública, com especiais responsabilidades no que respeita à Língua. Da próxima vez havemos de os ouvir dizer "solidaridade", "discricionaridade", etc.
Alguém devia ser responsável por tais dislates. Se os jornalistas em causa são ignorantes, que se estabeleça um código de bom português na RTP!
Más notícias
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Vital Moreira
O sucesso do partido da direita populista nas eleições finlandesas, que se opõe à ajuda financeira a Portugal, e as especulações sobre uma possível reestruturação da dívida grega, que deixam os mercados à beira de um ataque de nervos, não são nada bem-vindas no momento em que Portugal negoceia os termos da ajuda financeira UE/FMI. Só podemos esperar um endurecimento das condições.
Os partidos que rejeitaram o chamado PEC IV, impondo o recurso à ajuda externa, e que abriram a crise política, enfraquecendo a posição negocial do País, não têm propriamente motivos para se congratularem pela sua obra. O PEC V vai ser bem mais duro...
Os partidos que rejeitaram o chamado PEC IV, impondo o recurso à ajuda externa, e que abriram a crise política, enfraquecendo a posição negocial do País, não têm propriamente motivos para se congratularem pela sua obra. O PEC V vai ser bem mais duro...
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Caderno de reclamações
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Vital Moreira
Recebi por correio avisos de pagamento de duas taxas moderadores de um hospital do SNS. Também fiquei a saber que só posso pagar presencialmente ou por envio de cheque ou vale postal (!), ou seja por meios físicos e via postal.
Pergunto por que é que não se pode pagar por via electrónica (Multibanco ou Internet), como sucede com quase todos os serviços públicos hoje em dia. Será que a simplificação administrativa, o "e-gov" e a gestão "user-friendly" ainda não chegaram ao SNS, mesmo depois da empresarialização dos hospitais?!
Pergunto por que é que não se pode pagar por via electrónica (Multibanco ou Internet), como sucede com quase todos os serviços públicos hoje em dia. Será que a simplificação administrativa, o "e-gov" e a gestão "user-friendly" ainda não chegaram ao SNS, mesmo depois da empresarialização dos hospitais?!
Endividamento
Publicado por
Vital Moreira
Além do crédito à habitação, outro factor importante de endividamento dos portugueses e de endividamento externo da banca portuguesa -- e também de agravamento da balança comercial -- é o crédito automóvel. Aliás, Portugal tem um parque automóvel maior do que muitos países com igual nível de riuqueza.
Por isso, justifica-se uma travagem no referido endividamento, aplicando uma taxa sobre o crédito automóvel, limitando o seu montante, encarecendo fiscalmente a compra de automóveis. Desse modo, além de combater o endividamento aumentavam-se também os réditos do erário público, que bem precisa deles para reduzir o défice orçamental. Dois em um...
Por isso, justifica-se uma travagem no referido endividamento, aplicando uma taxa sobre o crédito automóvel, limitando o seu montante, encarecendo fiscalmente a compra de automóveis. Desse modo, além de combater o endividamento aumentavam-se também os réditos do erário público, que bem precisa deles para reduzir o défice orçamental. Dois em um...
Pequenas coisas para a disciplina orçamental (2)
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Vital Moreira
Por que é que os trabalhadores das empresas públicas de transportes e seus familiares gozam de um generoso regime de utilização gratuita dos respectivos serviços?
Por que é que as pessoas com 65 anos ou mais beneficiam de um substancial desconto nos transportes públicos, independentemente da sua situação económica?
Por que é que as pessoas com 65 anos ou mais beneficiam de um substancial desconto nos transportes públicos, independentemente da sua situação económica?
sábado, 16 de abril de 2011
Pequenas coisas para a disciplina orçamental (1)
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Vital Moreira
Por que é que os membros do Governo têm direito a viatura para uso pessoal, além da viatura oficial com motorista, e por que é os chefes de gabinete dos membros do Governo também têm direito a viatura e motorista próprio?
Por que é que os juízes do Tribunal Constitucional têm direito a viatura para uso pessoal?
Por que é que tantos serviços públicos proporcionam estacionamento gratuito e permanente para os seus funcionários, com enormes encargos para os serviços, muitas vezes à custa da falta total de estacionamento, mesmo pago, para os seus utentes?
Adenda
Informam-me que desde há muito os ministros deixaram de beneficiar de viatura para uso pessoal. Aqui fica a correcção e o pedido de desculpas pelo lapso.
Por que é que os juízes do Tribunal Constitucional têm direito a viatura para uso pessoal?
Por que é que tantos serviços públicos proporcionam estacionamento gratuito e permanente para os seus funcionários, com enormes encargos para os serviços, muitas vezes à custa da falta total de estacionamento, mesmo pago, para os seus utentes?
Adenda
Informam-me que desde há muito os ministros deixaram de beneficiar de viatura para uso pessoal. Aqui fica a correcção e o pedido de desculpas pelo lapso.
Esbanjamento
Publicado por
Vital Moreira
Marinho Pinto tem razão quando fala no "esbanjamento" da justiça. Além da sua ineficiência, a nossa justiça é excessivamente onerosa para o orçamento. Temos comparativamente tribunais a mais, magistrados a mais, regalias a mais...
Mas onde está a vontade política para corrigir a situação? O rejeição quase integral da recente tentativa de reforma do estatuto dos juízes e agentes do Ministério Público, apesar da sua modéstia, revela a "impossibilidade" de confrontar os "vested interests" do sector.
Mas onde está a vontade política para corrigir a situação? O rejeição quase integral da recente tentativa de reforma do estatuto dos juízes e agentes do Ministério Público, apesar da sua modéstia, revela a "impossibilidade" de confrontar os "vested interests" do sector.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Ou há moralidade...
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Vital Moreira
Tal como os demais eurodeputados, Miguel Portas tem todo o direito de viajar em "executiva" (e não em "primeira classe", como diz malevolamente a notícia), de acordo com as normas do Parlamento Europeu em vigor.
Uma coisa é ele propor a eliminação dessa regalia para todos, como efectivamente propôs, outra coisa é sentir-se obrigado a renunciar individualmente ao direito que uma maioria de deputados não quis revogar, rejeitando a sua proposta, e que portanto continua a existir para todos. Não é pela renúncia individual que se morigeram regalias colectivas. Era o que faltava!
Francamente, não sei com o é que o jornalismo sério "dá trela" a coisas destas...
Uma coisa é ele propor a eliminação dessa regalia para todos, como efectivamente propôs, outra coisa é sentir-se obrigado a renunciar individualmente ao direito que uma maioria de deputados não quis revogar, rejeitando a sua proposta, e que portanto continua a existir para todos. Não é pela renúncia individual que se morigeram regalias colectivas. Era o que faltava!
Francamente, não sei com o é que o jornalismo sério "dá trela" a coisas destas...
Primarismo ideológico
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Vital Moreira
Um alto dirigente do PSD, recitando a nova cartilha da casa, indignava-se hoje contra o facto de no SNS as pessoas ricas pagarem a mesma insignificante taxa moderadora das pessoas pobres (aliás em geral isentas...). Trata-se de um exemplo flagrante do primarismo ideológico do actual PSD.
Qualquer sistema de saúde decente, seja qual for o sistema do seu financimento, procura acima de tudo isentar de pagamento pelo utente os cuidados de saúde no momento em que são prestados. Ninguém busca cuidados de saúde por opção, mas sim por necessidade. Mesmo os ricos têm direito a não ser surpreeendidos pela necessidade de terem de pagar contas enormes pelo tratamanto de doenças inesperadas (acidente, doença súbita, cancro, etc.).
A equidade social na saúde deve ser procurada, isso sim, no modo como está organizado o seu financimento global, ou seja o modo como são mutualizadas as despesas da saúde, de modo a que todos paguem os cuidados de saúde de quem deles necessita, e de que ninguém está antecipadamente liberto. Afastado o pagamento pelos utentes no momento da prestação, só há verdadeiramentre três modos de financiar os sistemas de saude: ou por via do orçamento do Estado (ou seja, pelos impostos), ou por via de uma contribuição social específica (sendo a saúde parte da segurança social), ou por via de seguros de saúde obrigatórios.
Toda a retórica sobre o pagamento dos cuidados de saude pelos utentes que deles necessitam, como se se tratasse de qualquer outro serviço (electricidade, transportes, educação, etc.) não passa de uma retórica populista que só revela a indigência doutrinária e o neoliberalismo bacoco que se apossou do PSD.
Pensar que é com ideias destas que o PSD pode vir a governar até dá susto.
Qualquer sistema de saúde decente, seja qual for o sistema do seu financimento, procura acima de tudo isentar de pagamento pelo utente os cuidados de saúde no momento em que são prestados. Ninguém busca cuidados de saúde por opção, mas sim por necessidade. Mesmo os ricos têm direito a não ser surpreeendidos pela necessidade de terem de pagar contas enormes pelo tratamanto de doenças inesperadas (acidente, doença súbita, cancro, etc.).
A equidade social na saúde deve ser procurada, isso sim, no modo como está organizado o seu financimento global, ou seja o modo como são mutualizadas as despesas da saúde, de modo a que todos paguem os cuidados de saúde de quem deles necessita, e de que ninguém está antecipadamente liberto. Afastado o pagamento pelos utentes no momento da prestação, só há verdadeiramentre três modos de financiar os sistemas de saude: ou por via do orçamento do Estado (ou seja, pelos impostos), ou por via de uma contribuição social específica (sendo a saúde parte da segurança social), ou por via de seguros de saúde obrigatórios.
Toda a retórica sobre o pagamento dos cuidados de saude pelos utentes que deles necessitam, como se se tratasse de qualquer outro serviço (electricidade, transportes, educação, etc.) não passa de uma retórica populista que só revela a indigência doutrinária e o neoliberalismo bacoco que se apossou do PSD.
Pensar que é com ideias destas que o PSD pode vir a governar até dá susto.
"Amiguismo"
Publicado por
Vital Moreira
Miguel Relvas, destacado dirigente do PSD, atacava hoje o "amiguismo" nas nomeações do Governo PS para cargos públicos.
Para o provar esqueceu-se, porém, de referir por exemplo o que se passa nas principais entidades do sector financeiro do Estado (BP, CGD, CMVM), todas elas presididas por personalidades da área do PSD, todas elas nomeadas pelo Governo PS, o tal que só nomeou os amigos políticos. Outros casos poderiam ser referidos.
Resta saber se o PSD, se for Governo, seguirá os mesmos critérios de generoso amiguismo na nomeação de pessoas afectas ao PS. Amiguismo com amiguismo se deve pagar.
Se tal for o caso, candidato-me desde já a um dos referidos cargos...
Para o provar esqueceu-se, porém, de referir por exemplo o que se passa nas principais entidades do sector financeiro do Estado (BP, CGD, CMVM), todas elas presididas por personalidades da área do PSD, todas elas nomeadas pelo Governo PS, o tal que só nomeou os amigos políticos. Outros casos poderiam ser referidos.
Resta saber se o PSD, se for Governo, seguirá os mesmos critérios de generoso amiguismo na nomeação de pessoas afectas ao PS. Amiguismo com amiguismo se deve pagar.
Se tal for o caso, candidato-me desde já a um dos referidos cargos...
"Casa própria"
Publicado por
Vital Moreira
«FMI: Preço das casas vai ter de aumentar».
A política de facilitação e de promoção activa da habitação própria constituiu uma das maiores razões para o endividamento dos portugueses e para o endividamente externo da banca nacional. O Estado não somente facilitou o crédito à compra de habitação, incluindo mediante dedução fiscal dos encargos e da amortização do crédito (a que durante vários anos se acrescentou mesmo uma "bonificação" de juros...), como fez muito pouco para criar um verdadeiro mercado de arrendamento.
É fácil restringir o endividamento para compra de habitação: acabar com a referida dedução fiscal (como ousei defender aqui), aplicar taxas à concessão de crédito para esse fim, estabelecer limites ao crédito, impondo uma entrada significativa do adquirente, etc. Com tais medidas, não só se limita o endividamento externo como se gera receita para o Estado, ajudando a corrigir o défice das contas públicas.
Como era de esperar, o FMI não brinca em serviço. Só é pena que algumas das medidas que agora vamos ter de adoptar visam corrigir erros que nunca deveriam ter sido cometidos, muito menos indefinidamente mantidos...
[Revisto]
A política de facilitação e de promoção activa da habitação própria constituiu uma das maiores razões para o endividamento dos portugueses e para o endividamente externo da banca nacional. O Estado não somente facilitou o crédito à compra de habitação, incluindo mediante dedução fiscal dos encargos e da amortização do crédito (a que durante vários anos se acrescentou mesmo uma "bonificação" de juros...), como fez muito pouco para criar um verdadeiro mercado de arrendamento.
É fácil restringir o endividamento para compra de habitação: acabar com a referida dedução fiscal (como ousei defender aqui), aplicar taxas à concessão de crédito para esse fim, estabelecer limites ao crédito, impondo uma entrada significativa do adquirente, etc. Com tais medidas, não só se limita o endividamento externo como se gera receita para o Estado, ajudando a corrigir o défice das contas públicas.
Como era de esperar, o FMI não brinca em serviço. Só é pena que algumas das medidas que agora vamos ter de adoptar visam corrigir erros que nunca deveriam ter sido cometidos, muito menos indefinidamente mantidos...
[Revisto]
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Petição contra os ratos das agências de "rating"
Publicado por
AG
É hoje bem sabido que as agências de "rating" contribuiram para a crise financeira que desabou sobre o mundo em 2008, devido à cumplicidade que sempre mantiveram com os grandes bancos e fundos de investimento, atribuindo altas notações a instituições que promoviam operações de elevado risco ou mesmo fraudulentas.
Tudo para alimentar a ganância dos operadores do sistema financeiro, os seus próprios agentes incluidos.
É por isso intolerável que estas mesmas agências continuem hoje, sem quaisquer restrições ou constrangimentos, a direccionar os mercados, atirando países para a falência.
Porque é urgente controlar estas agências e acabar com a impunidade das ratazanas seus operadores, é preciso assinar a Petição "A Relevância das Agências de Rating e o Risco de Abuso de Posição Dominante" que, em boa hora, um grupo de economistas portugueses honestos decidiu lançar.
Eu já assinei.
Tudo para alimentar a ganância dos operadores do sistema financeiro, os seus próprios agentes incluidos.
É por isso intolerável que estas mesmas agências continuem hoje, sem quaisquer restrições ou constrangimentos, a direccionar os mercados, atirando países para a falência.
Porque é urgente controlar estas agências e acabar com a impunidade das ratazanas seus operadores, é preciso assinar a Petição "A Relevância das Agências de Rating e o Risco de Abuso de Posição Dominante" que, em boa hora, um grupo de economistas portugueses honestos decidiu lançar.
Eu já assinei.
Preparação para o pior...
Publicado por
AG
Precisamos, já. Já estamos a defrontá-lo.
E o pior, mesmo, são as humilhações de todo o tipo que nos estão e vão infligir (além das que nos auto-infligimos...).
Preparemo-nos para nos aconselharem a vender ... a Madeira, tal como os gregos foram instados a vender as ilhas deles (a revista alemã BILD escreveu "Nós damo-vos a massa, passem para cá Korfu....").
Destas e doutras implicações da chegada dos homens dos Fundos (Europeu e FMI), falei anteontem na rubrica "Conselho Superior" da ANTENA UM.
E o pior, mesmo, são as humilhações de todo o tipo que nos estão e vão infligir (além das que nos auto-infligimos...).
Preparemo-nos para nos aconselharem a vender ... a Madeira, tal como os gregos foram instados a vender as ilhas deles (a revista alemã BILD escreveu "Nós damo-vos a massa, passem para cá Korfu....").
Destas e doutras implicações da chegada dos homens dos Fundos (Europeu e FMI), falei anteontem na rubrica "Conselho Superior" da ANTENA UM.
O desnecessário resgate de Portugal
Publicado por
AG
Importa ler este artigo publicado ontem no NEW YORK TIMES, assinado por Robert Fishman.
Onde se explica como Portugal foi empurrado para o resgate pelo ataque das forças especuladoras do mercado que, se deixadas sem regulação, "ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos - talvez mesmo o da América - de fazer as suas próprias escolhas sobre impostos e despesas".
Onde se explica como Portugal foi empurrado para o resgate pelo ataque das forças especuladoras do mercado que, se deixadas sem regulação, "ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos - talvez mesmo o da América - de fazer as suas próprias escolhas sobre impostos e despesas".
Lavar as mãos
Publicado por
Vital Moreira
Cavaco Silva deixou que as oposiações chumbassem o PEC e desencadeassem a crise política sem uma palavra de alerta sobre as consequências. Depois, uma vez tornado inevitável o recurso à ajuda externa, Cavaco Silva tem-se mantido silencioso perante a cacofonia partidária, nomeadamente a incontinência verbal do PSD, que só contribui para agravar a crise.
Como é possivel que o Presidente continue silencioso quando a irresponsabilidade dos que provocaram a crise continuam activos na senda da destruição da credibilidade externa do País?
Como é possivel que o Presidente continue silencioso quando a irresponsabilidade dos que provocaram a crise continuam activos na senda da destruição da credibilidade externa do País?
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Quanto pior, melhor
Publicado por
Vital Moreira
O PSD não se limitou a desejar e a provocar a ajuda externa sob a égide do FMI. Com o seu ruído político quotidiano vai fazendo tudo para que tal ajuda seja o mais penosa possível para o País.
Uma fraude
Publicado por
Vital Moreira
«Nobre renuncia caso não seja eleito presidente da Assembleia».O candidato, afinal, não se contenta com ser deputado como os outros e só agora se deu conta de que o cargo de presidente da AR não depende do voto dos eleitores, mas sim do voto dos futuros deputados e que portanto ninguém lhe poderia garantir o cargo.
Que falta de humildade democrática! Que fraude aos eleitores!
Que falta de humildade democrática! Que fraude aos eleitores!
Sentido da Nação
Publicado por
AG
Já lá vão trinta anos que fui admitida nos quadros do MNE e quase sete em que passei a servir o país no Parlamento Europeu.
Entrei na carreira diplomática pelo desafio de ajudar a projectar uma nova imagem de Portugal no mundo - uma imagem positiva, que reflectisse a sociedade democrática, livre, justa e progressista que queriamos construir a partir da oportunidade aberta pelo 25 de Abril.
Houve mais altos que baixos neste percurso. Passei por algumas vergonhas a representar os governos e desgovernos do país, mas muito mais foram os momentos de satisfação e até mesmo de exaltação. Sempre evitei recorrer a propaganda enganadora, diplomatica ou politicamente: assumir insuficiências, deficiências, erros, credibilizava-nos, credibilizava Portugal (alguns parolos nunca o entenderam).
Porque o país que ajudei a "vender" lá fora era, de facto, um excelente produto.
Era.
E eu acredito que é, ainda é.
Mas a imagem que Portugal está agora a projectar no exterior é desastrosa.
Arruina todo o trabalho das últimas décadas, a promover uma marca "Portugal" positiva, prestigiante.
Em Bruxelas, de onde escrevo e onde recolho o que sobre o país se diz e escreve por esse mundo fora, estou a ser confrontada com dichotes, opiniões e julgamentos devastadores sobre Portugal e os portugueses.
Não, não é o défice orçamental, a divida pública ou privada, ou mesmo a necessidade de recorrermos a um empréstimo externo. Não é nada disso que, realmente, nos afunda.
O que está a afundar a imagem de Portugal é a crise política precipitada no pior momento e o persistente desentendimento entre os principais partidos políticos.
O que nos está a arrasar é a incapacidade para identificarmos e defendermos os mais elementares interesses nacionais na negociação que se iniciou com a troika CE/BCE/FMI.
O que nos enterra é o espectáculo da zaragata entre responsáveis políticos, num momento em que precisamos que dialoguem e cheguem a acordos e compromissos em nome de todos nós, por todos nós.
Junto a minha a todas as outras vozes, nacionais e estrangeiras, que pedem responsabilidade, contenção e sentido de Estado.
Sentido da Nação é, certamente, o que mais se precisa.
Entrei na carreira diplomática pelo desafio de ajudar a projectar uma nova imagem de Portugal no mundo - uma imagem positiva, que reflectisse a sociedade democrática, livre, justa e progressista que queriamos construir a partir da oportunidade aberta pelo 25 de Abril.
Houve mais altos que baixos neste percurso. Passei por algumas vergonhas a representar os governos e desgovernos do país, mas muito mais foram os momentos de satisfação e até mesmo de exaltação. Sempre evitei recorrer a propaganda enganadora, diplomatica ou politicamente: assumir insuficiências, deficiências, erros, credibilizava-nos, credibilizava Portugal (alguns parolos nunca o entenderam).
Porque o país que ajudei a "vender" lá fora era, de facto, um excelente produto.
Era.
E eu acredito que é, ainda é.
Mas a imagem que Portugal está agora a projectar no exterior é desastrosa.
Arruina todo o trabalho das últimas décadas, a promover uma marca "Portugal" positiva, prestigiante.
Em Bruxelas, de onde escrevo e onde recolho o que sobre o país se diz e escreve por esse mundo fora, estou a ser confrontada com dichotes, opiniões e julgamentos devastadores sobre Portugal e os portugueses.
Não, não é o défice orçamental, a divida pública ou privada, ou mesmo a necessidade de recorrermos a um empréstimo externo. Não é nada disso que, realmente, nos afunda.
O que está a afundar a imagem de Portugal é a crise política precipitada no pior momento e o persistente desentendimento entre os principais partidos políticos.
O que nos está a arrasar é a incapacidade para identificarmos e defendermos os mais elementares interesses nacionais na negociação que se iniciou com a troika CE/BCE/FMI.
O que nos enterra é o espectáculo da zaragata entre responsáveis políticos, num momento em que precisamos que dialoguem e cheguem a acordos e compromissos em nome de todos nós, por todos nós.
Junto a minha a todas as outras vozes, nacionais e estrangeiras, que pedem responsabilidade, contenção e sentido de Estado.
Sentido da Nação é, certamente, o que mais se precisa.
A cartola do coelho
Publicado por
AG
O PSD pareceu tirar um coelho da cartola com o anúncio do cabeça de lista por Lisboa.
Mas rapidamente se percebeu que o coelho era derretível, como os achocolatados que se distribuem à miudagem, pelas celebrações pascais.
A cartola poderá fabricar mais bicharada, como a galga de reduzir um encontro em S. Bento com o PM em displicente telefonema, para encenar a ofensa que conduziu à irredutibilidade no chumbo do PEC IV. Ou as minhocas das perguntas apresentadas hoje ao Governo sobre as contas públicas, que a troika BCE/CE/FMI deve desenterrar.
Os ilusionistas podem esmerar-se. Mas os portugueses já não têm ilusões e muito menos se deixarão levar por truques.
Mas rapidamente se percebeu que o coelho era derretível, como os achocolatados que se distribuem à miudagem, pelas celebrações pascais.
A cartola poderá fabricar mais bicharada, como a galga de reduzir um encontro em S. Bento com o PM em displicente telefonema, para encenar a ofensa que conduziu à irredutibilidade no chumbo do PEC IV. Ou as minhocas das perguntas apresentadas hoje ao Governo sobre as contas públicas, que a troika BCE/CE/FMI deve desenterrar.
Os ilusionistas podem esmerar-se. Mas os portugueses já não têm ilusões e muito menos se deixarão levar por truques.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Salvando os credores
Publicado por
AG
"O governo do PS fez o que pode para evitar o recurso ao empréstimo externo.
Não era realmente preciso diabolizar o FMI - bastava ver como a suposta ajuda do Fundo de Estabilização europeu e do FMI ainda nada ajudou gregos e irlandesees a descortinar luz ao fundo do túnel. Só lhes trouxe humilhação, sacrifícios, recessão e privatizações a preços de ocasião. Auxilio em recursos ou medidas para relançar crescimento económico e criação de emprego - são palavras inexistentes no léxico desta neo-liberal dupla Euro/FMI.
A suposta ajuda, que assenta num empréstimo cobrando juros acima dos 5%, serve de facto um objectivo prioritário: o de pagar/safar os credores - os bancos alemães, ingleses, franceses, austriacos e outros que instigaram o endividamento dos gregos e irlandeses.
Tal como instigaram o dos portugueses.
Instigação que em nada desculpa as nossas próprias responsabilidades - Estado, bancos, empresas e famílias, todos nos deixamos encandear pelos juros baixos do Euro".
Este era um parágrafo que cortei à intervenção que fiz no Congresso do PS, para respeitar o tempo concedido a cada orador.
Aqui fica hoje, a assinalar a chegada da primeira equipa CE/BCE/FMI para negociar o empréstimo externo.
Empréstimo que ainda não está garantido, como entretanto sublinhou Maria João Rodrigues, alarmada com a persistente acrimónia entre responsáveis partidários, a um tempo em que já deviam estar a começar a entender-se para saber o que dizer aos negociadores estrangeiros, em nome de Portugal.
Não era realmente preciso diabolizar o FMI - bastava ver como a suposta ajuda do Fundo de Estabilização europeu e do FMI ainda nada ajudou gregos e irlandesees a descortinar luz ao fundo do túnel. Só lhes trouxe humilhação, sacrifícios, recessão e privatizações a preços de ocasião. Auxilio em recursos ou medidas para relançar crescimento económico e criação de emprego - são palavras inexistentes no léxico desta neo-liberal dupla Euro/FMI.
A suposta ajuda, que assenta num empréstimo cobrando juros acima dos 5%, serve de facto um objectivo prioritário: o de pagar/safar os credores - os bancos alemães, ingleses, franceses, austriacos e outros que instigaram o endividamento dos gregos e irlandeses.
Tal como instigaram o dos portugueses.
Instigação que em nada desculpa as nossas próprias responsabilidades - Estado, bancos, empresas e famílias, todos nos deixamos encandear pelos juros baixos do Euro".
Este era um parágrafo que cortei à intervenção que fiz no Congresso do PS, para respeitar o tempo concedido a cada orador.
Aqui fica hoje, a assinalar a chegada da primeira equipa CE/BCE/FMI para negociar o empréstimo externo.
Empréstimo que ainda não está garantido, como entretanto sublinhou Maria João Rodrigues, alarmada com a persistente acrimónia entre responsáveis partidários, a um tempo em que já deviam estar a começar a entender-se para saber o que dizer aos negociadores estrangeiros, em nome de Portugal.
Nobreza falida
Publicado por
AG
Seria cómico, se não fosse trágico e revelador do estado de astenia ética e política a que chegamos:
- o Sr. Dr. Passos Coelho resolveu oferecer o segundo lugar da hierarquia do Estado a quem se apresentou, meses atrás, na campanha presidencial, contra o candidato apoiado pelo... PSD; um aspirante a PR que se afirmou visceralmente anti-jogo partidário e muito crítico do “saco-de-gatos” a que os partidos teriam conduzido o país.
O PSD revela assim, mais uma vez, que para chegar ao poder, está por tudo. A 5 de Junho, logo veremos se lhe sai taluda ou terminação.
Quanto ao PS, nada a temer nesta jogada. Nem ela teria importância excessiva, não fosse o caso de alguns socialistas terem sustentado, explicita ou implicitamente, o Sr. Dr. Fernando Nobre contra o candidato presidencial oficialmente apoiado pelo PS. Alguns deles, de resto, de dentro do círculo mais próximo do Secretário Geral.
Como diz a plebe: “Ora, assoem-se a este guardanapo!”
- o Sr. Dr. Passos Coelho resolveu oferecer o segundo lugar da hierarquia do Estado a quem se apresentou, meses atrás, na campanha presidencial, contra o candidato apoiado pelo... PSD; um aspirante a PR que se afirmou visceralmente anti-jogo partidário e muito crítico do “saco-de-gatos” a que os partidos teriam conduzido o país.
O PSD revela assim, mais uma vez, que para chegar ao poder, está por tudo. A 5 de Junho, logo veremos se lhe sai taluda ou terminação.
Quanto ao PS, nada a temer nesta jogada. Nem ela teria importância excessiva, não fosse o caso de alguns socialistas terem sustentado, explicita ou implicitamente, o Sr. Dr. Fernando Nobre contra o candidato presidencial oficialmente apoiado pelo PS. Alguns deles, de resto, de dentro do círculo mais próximo do Secretário Geral.
Como diz a plebe: “Ora, assoem-se a este guardanapo!”
segunda-feira, 11 de abril de 2011
As provações do PS
Publicado por
Vital Moreira
Apesar da grande unidade revelada pelo Congresso à volta de Sócrates e do improvável empolgamento politico que ele revelou, é inegável que o PS parte para estas eleições em condições muito adversas.
Por um lado, embora a crise política e o consequente pedido de ajuda externa seja da (ir)responsabilidade do PSD e demais oposições, a verdade é que os eleitores comuns que decidem as eleições tendem a punir o governo da hora pelas dificuldades por que passam, independentemente das responsabilidades concretas. Por outro lado, ao contrário da direita (PSD mais CDS), o PS não dispõe de uma resposta clara para a exigência de governo maioritário que o consenso prevalecente agora exige, dada a indisponibilidade da esquerda comunista e radical para qualquer acordo de governo, ainda menos no quadro do programa de disciplina orçamental imposto por Bruxelas e pelo FMI, e dada a dificuldade em “vender” nesta altura um acordo de governo com a direita, ainda por cima depois de ter sido vítima da sua intransigência sectária.
Por um lado, embora a crise política e o consequente pedido de ajuda externa seja da (ir)responsabilidade do PSD e demais oposições, a verdade é que os eleitores comuns que decidem as eleições tendem a punir o governo da hora pelas dificuldades por que passam, independentemente das responsabilidades concretas. Por outro lado, ao contrário da direita (PSD mais CDS), o PS não dispõe de uma resposta clara para a exigência de governo maioritário que o consenso prevalecente agora exige, dada a indisponibilidade da esquerda comunista e radical para qualquer acordo de governo, ainda menos no quadro do programa de disciplina orçamental imposto por Bruxelas e pelo FMI, e dada a dificuldade em “vender” nesta altura um acordo de governo com a direita, ainda por cima depois de ter sido vítima da sua intransigência sectária.
Falta de nobreza
Publicado por
Vital Moreira
Há uma coisa que desacredita a política como nenhuma outra -- é ver os que denunciam o descrédito dos partidos políticos e depois tiram proveito da primeira oferta que aqueles lhes façam. Como Fernando Nobre.
Que falta de nobreza!
Adenda
O Presidente da Assembleia da República é por inerência membro do Conselho de Estado e substituto do PR nos seus impedimentos. Tendo em conta as declarações imprevisíveis (para não dizer estapafúrdias)de Nobre na recente campanha presidencial, alguém se poderia sentir seguro com ele no lugar de Presidente da República?! Decididamente, quem se lembrou de lhe oferecer o lugar não pensou duas vezes nem revela grande sentido de Estado. O oportunismo político de vez em quando dá tiros pela culatra...
Que falta de nobreza!
Adenda
O Presidente da Assembleia da República é por inerência membro do Conselho de Estado e substituto do PR nos seus impedimentos. Tendo em conta as declarações imprevisíveis (para não dizer estapafúrdias)de Nobre na recente campanha presidencial, alguém se poderia sentir seguro com ele no lugar de Presidente da República?! Decididamente, quem se lembrou de lhe oferecer o lugar não pensou duas vezes nem revela grande sentido de Estado. O oportunismo político de vez em quando dá tiros pela culatra...
domingo, 10 de abril de 2011
Intervenção no Congresso do PS
Publicado por
AG
A crise política precipitada pelo PSD, com a cumplicidade de PP/PC/BE, no pior momento, atirou a imagem internacional de Portugal e dez milhões de portugueses para as ruas da amargura. Em duas semanas, alem dos ataques das agencias de ratings, sofremos a indignidade de ter os nossos banqueiros a encostar os revolveres aa cabeça do Governo, obrigando ao pedido de empréstimo externo.
As contrapartidas vão ser muito mais estranguladoras do que o PEC chumbado, pois estamos numa Europa diferente daquela a que aderimos, sem solidariedade nem coesão, com um Euro nao sustentado por governação que impeça as economias nacionais de divergir - e a nossa, portanto, de continuar a perder competitividade. Com uma Comissão Europeia de fraquíssima liderança, submissa a directórios de geometria variável com eixo em Berlim, onde receitas neoliberais ressuscitam alarmantes preconceitos xenófobos.
Nesta União Europeia melhor fora que investissemos na construção de alianças e sinergias com gregos, irlandeses, espanhois e os Junckers que restam na direita a defender mais União e a Europa social, para dar resposta ao regabofe no sistema financeiro. Resposta que ainda nao foi dada, e nao será, se se deixar no tinteiro o controlo dos "off shores", esses antros da criminalidade em que estão viciados empresas e bancos europeus, portugueses incluídos. E para criar recursos novos para investir no crescimento economico e no emprego, porque sem eles nem Portugal, nem a Europa, sairao desta crise sem precedentes.
Importa fazer ver aos chanceleres desta Europa neoliberal que se Portugal estaa nesta ressaca, houve bancos, empresas e cidadãos dos seus paises que ajudaram aa festa, com os seus governos a fazer vista grossa aa teia de corrupção subjacente a muitos negocios, submarinos e nao só.
Porque esta crise ee também uma crise de valores. A ética, a ideologia, a Política tem de voltar a comandar a economia e as finanças. Na Europa e em Portugal. Para por a economia ao serviço das pessoas, e nao as sacrificar na roleta da economia de casino.
Os portugueses precisam, exigem - teem o direito - de que se lhes fale verdade. Toda a verdade.
Bem podemos, no PS, agitar as bandeiras de que nos orgulhamos, por toda a diferença que fez a governação socialista: a escola publica, o SNS, a reforma da segurança social, a desburocratizacao, o investimento na ciencia e inovacao, as energias renováveis.
Mas ele há o outro lado, que ninguem responsável e credível pode deixar na sombra: os desempregados e as desempregadas, a pobreza e as desigualdades, os idosos abandonados, a juventude qualificada a emigrar, as famílias a entregar casas aos bancos, a conflitualidade social perigosamente a espreitar.
Para continuar a ter a confiança dos portugueses, ee preciso que o PS assuma, com humildade, que nem tudo foram rosas na governação, nem sempre a rosa cheirou bem: o PS cometeu erros.
Assumi-los seraa meio caminho andado para os corrigirmos: por exemplo, a nacionalização dos ossos do BPN sem nacionalizar as empresas lucrativas do Grupo SLN. Por exemplo, o desvio e desperdício de dinheiros do Estado em consultadorias e "outsourcings", a corrupção e o despilfarro em diversas empresas publicas.
Assumir erros ee regenerador e as crises também são oportunidades. Vamos precisar de incutir confiança aos portugueses para transformarem em oportunidade as brutais reformas que o emprestimo externo vai impor. O PS vai precisar de ter a coragem de dizer aos portugueses que vem ai muito trabalho, suor, e ate, com certeza, lagrimas.
O PS vai ter de assegurar transparência e justiça na distribuicao dos sacrifícios: quem mais tem, ee quem mais deve pagar. A começar pelos bancos e transacções financeiras que nao podem continuar a ser escandalosamente privilegiadas na fiscalidade. As parcerias publico/privadas teem de ser renegociadas em favor do Estado, isto ee, dos contribuintes, para recuperarmos recursos e os investirmos no crescimento economico e no emprego.
Os portugueses são admiravelmente resilientes e adaptáveis, mas precisam de esperança. E para isso o PS tem de propor-lhes uma estrategia de reformas em que austeridade e sacrificios façam sentido, num horizonte para alem da crise.
Os socialistas teem motivos para se indignar com a oposição que nos precipitou no abismo. E para descrer do alheamento hoje revelado pelo Senhor Presidente da Republica sobre o que implica a negociação do emprestimo externo.
Mas a razão e o interesse patriótico devem prevalecer: nao vai haver financiamento externo de emergencia sem um compromisso nacional, o que exige um esforço de entendimento entre todos os partidos. E isto vai ter de acontecer ja durante a campanha eleitoral. As negociacoes vao começar, vao ser durissimas e o governo do PS vai ter de as liderar. Ee do interesse nacional, e do PS, que todos os parUtidos sejam chamados a assumir as suas responsabilidades no estabelecimento das condições da assistencia financeira.
Nao se trata apenas de evitar a bancarrota a curto prazo, trata-se de executar o contrato sobre as reformas internas que vier a ser acordado. E que nao pode por em causa o Estado Social. E por isso precisamos do PS a liderar o Governo. Este e o próximo.
Para esse entendimento inter-partidário temos de valorizar o que nos une, como portugueses, orgulhosos da nossa Historia, amantes desta terra e deste mar que sempre nos levou mais longe. Desejosos, todos, do melhor para os nossos filhos e netos. Que nao nos perdoarão se agora falharmos.
Camaradas,
Unanimismos nao servem ao PS. Empenhamento critico, leal e construtivo ee o que, como militantes, temos de dar ao PS e ao nosso Secretario Geral, José Sócrates.
Também eu confio que os portugueses vao reconhecer que o PS continua a ser a forcca política mais capaz e mais responsável para conduzir o paiis perante os desafios existenciais que enfrentamos, em Portugal e na Europa.
Nao temos medo das eleições! Vamos aa luta!
Viva o PS!
Viva Portugal!
Ana Gomes
Matosinhos, 9 Abril de 2011
As contrapartidas vão ser muito mais estranguladoras do que o PEC chumbado, pois estamos numa Europa diferente daquela a que aderimos, sem solidariedade nem coesão, com um Euro nao sustentado por governação que impeça as economias nacionais de divergir - e a nossa, portanto, de continuar a perder competitividade. Com uma Comissão Europeia de fraquíssima liderança, submissa a directórios de geometria variável com eixo em Berlim, onde receitas neoliberais ressuscitam alarmantes preconceitos xenófobos.
Nesta União Europeia melhor fora que investissemos na construção de alianças e sinergias com gregos, irlandeses, espanhois e os Junckers que restam na direita a defender mais União e a Europa social, para dar resposta ao regabofe no sistema financeiro. Resposta que ainda nao foi dada, e nao será, se se deixar no tinteiro o controlo dos "off shores", esses antros da criminalidade em que estão viciados empresas e bancos europeus, portugueses incluídos. E para criar recursos novos para investir no crescimento economico e no emprego, porque sem eles nem Portugal, nem a Europa, sairao desta crise sem precedentes.
Importa fazer ver aos chanceleres desta Europa neoliberal que se Portugal estaa nesta ressaca, houve bancos, empresas e cidadãos dos seus paises que ajudaram aa festa, com os seus governos a fazer vista grossa aa teia de corrupção subjacente a muitos negocios, submarinos e nao só.
Porque esta crise ee também uma crise de valores. A ética, a ideologia, a Política tem de voltar a comandar a economia e as finanças. Na Europa e em Portugal. Para por a economia ao serviço das pessoas, e nao as sacrificar na roleta da economia de casino.
Os portugueses precisam, exigem - teem o direito - de que se lhes fale verdade. Toda a verdade.
Bem podemos, no PS, agitar as bandeiras de que nos orgulhamos, por toda a diferença que fez a governação socialista: a escola publica, o SNS, a reforma da segurança social, a desburocratizacao, o investimento na ciencia e inovacao, as energias renováveis.
Mas ele há o outro lado, que ninguem responsável e credível pode deixar na sombra: os desempregados e as desempregadas, a pobreza e as desigualdades, os idosos abandonados, a juventude qualificada a emigrar, as famílias a entregar casas aos bancos, a conflitualidade social perigosamente a espreitar.
Para continuar a ter a confiança dos portugueses, ee preciso que o PS assuma, com humildade, que nem tudo foram rosas na governação, nem sempre a rosa cheirou bem: o PS cometeu erros.
Assumi-los seraa meio caminho andado para os corrigirmos: por exemplo, a nacionalização dos ossos do BPN sem nacionalizar as empresas lucrativas do Grupo SLN. Por exemplo, o desvio e desperdício de dinheiros do Estado em consultadorias e "outsourcings", a corrupção e o despilfarro em diversas empresas publicas.
Assumir erros ee regenerador e as crises também são oportunidades. Vamos precisar de incutir confiança aos portugueses para transformarem em oportunidade as brutais reformas que o emprestimo externo vai impor. O PS vai precisar de ter a coragem de dizer aos portugueses que vem ai muito trabalho, suor, e ate, com certeza, lagrimas.
O PS vai ter de assegurar transparência e justiça na distribuicao dos sacrifícios: quem mais tem, ee quem mais deve pagar. A começar pelos bancos e transacções financeiras que nao podem continuar a ser escandalosamente privilegiadas na fiscalidade. As parcerias publico/privadas teem de ser renegociadas em favor do Estado, isto ee, dos contribuintes, para recuperarmos recursos e os investirmos no crescimento economico e no emprego.
Os portugueses são admiravelmente resilientes e adaptáveis, mas precisam de esperança. E para isso o PS tem de propor-lhes uma estrategia de reformas em que austeridade e sacrificios façam sentido, num horizonte para alem da crise.
Os socialistas teem motivos para se indignar com a oposição que nos precipitou no abismo. E para descrer do alheamento hoje revelado pelo Senhor Presidente da Republica sobre o que implica a negociação do emprestimo externo.
Mas a razão e o interesse patriótico devem prevalecer: nao vai haver financiamento externo de emergencia sem um compromisso nacional, o que exige um esforço de entendimento entre todos os partidos. E isto vai ter de acontecer ja durante a campanha eleitoral. As negociacoes vao começar, vao ser durissimas e o governo do PS vai ter de as liderar. Ee do interesse nacional, e do PS, que todos os parUtidos sejam chamados a assumir as suas responsabilidades no estabelecimento das condições da assistencia financeira.
Nao se trata apenas de evitar a bancarrota a curto prazo, trata-se de executar o contrato sobre as reformas internas que vier a ser acordado. E que nao pode por em causa o Estado Social. E por isso precisamos do PS a liderar o Governo. Este e o próximo.
Para esse entendimento inter-partidário temos de valorizar o que nos une, como portugueses, orgulhosos da nossa Historia, amantes desta terra e deste mar que sempre nos levou mais longe. Desejosos, todos, do melhor para os nossos filhos e netos. Que nao nos perdoarão se agora falharmos.
Camaradas,
Unanimismos nao servem ao PS. Empenhamento critico, leal e construtivo ee o que, como militantes, temos de dar ao PS e ao nosso Secretario Geral, José Sócrates.
Também eu confio que os portugueses vao reconhecer que o PS continua a ser a forcca política mais capaz e mais responsável para conduzir o paiis perante os desafios existenciais que enfrentamos, em Portugal e na Europa.
Nao temos medo das eleições! Vamos aa luta!
Viva o PS!
Viva Portugal!
Ana Gomes
Matosinhos, 9 Abril de 2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Chapeau!
Publicado por
Vital Moreira
Felicitemos o PSD -- embora com a prestimosa cooperação do CDS, do PCP e do BE e com o inestimável beneplácito do Presidente da República -- pelo sucesso de ter alcançado, com a rejeiçao do PEC e a abertura da crise política, os dois objectivos que perseguia desde há muitos meses, a saber, forçar o recurso à ajuda financeira externa, com o forte condicionalismo que vem associado à intervenção do FMI, e obrigar o governo do PS a assumir essa responsabilidade, ainda por cima na condiçao de governo demitido, apesar dos seus estrénuos esforços para evitar essa provação.
É certo que essa vitória do PSD vai custar muito ao País em termos de perda de autoestima e credibilidade externa e de sacrifícios sociais. Mas quando se trata de obter um troféu partidário e eleitoral, "who cares" acerca dos interesses do País?!
É certo que essa vitória do PSD vai custar muito ao País em termos de perda de autoestima e credibilidade externa e de sacrifícios sociais. Mas quando se trata de obter um troféu partidário e eleitoral, "who cares" acerca dos interesses do País?!
Os banqueiros, afinal, mandam! Até que deixemos...
Publicado por
AG
Num Conselho Superior extraordinário, esta manhã, na ANTENA UM, sobre a ajuda financeira que Portugal ontem acabou por pedir, dei a mão à palmatória por ter aqui escrito que "os banqueiros não mandam!".
A reviravolta de ontem mostra que aqueles que elegemos para mandar, no governo ou na oposição, não conseguem resistir e acabam por andar, afinal, a toque de caixa dos banqueiros. O PSD foi instrumento, com a ganância pelo poder a precipitar a crise política que nos atirou para este abismo. O PS acabou por ceder. Pelo interesse nacional.
Pobre interesse nacional!
A "financeirização" da "economia de casino" que prevalece à escala nacional, europeia e global não implica apenas a desconexão entre a actividade financeira e a economia real: implica a captura da Política. Para que o lucro conte muito mais do que as pessoas e os lucros obscenos de alguns se façam à custa de muitos, afundando empresas ou países.
Os banqueiros afinal mandam! Indevidamente. Anti-democraticamente.
Enquanto deixarmos.
Precisamos de uma revolução. Na Europa, só em Portugal não chega.
A reviravolta de ontem mostra que aqueles que elegemos para mandar, no governo ou na oposição, não conseguem resistir e acabam por andar, afinal, a toque de caixa dos banqueiros. O PSD foi instrumento, com a ganância pelo poder a precipitar a crise política que nos atirou para este abismo. O PS acabou por ceder. Pelo interesse nacional.
Pobre interesse nacional!
A "financeirização" da "economia de casino" que prevalece à escala nacional, europeia e global não implica apenas a desconexão entre a actividade financeira e a economia real: implica a captura da Política. Para que o lucro conte muito mais do que as pessoas e os lucros obscenos de alguns se façam à custa de muitos, afundando empresas ou países.
Os banqueiros afinal mandam! Indevidamente. Anti-democraticamente.
Enquanto deixarmos.
Precisamos de uma revolução. Na Europa, só em Portugal não chega.
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