Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
domingo, 1 de agosto de 2004
LCA has entered the building
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LFB
Há mais de um ano comecei uma nova aventura e uma nova amizade. Foi o Desejo Casar, com o Luís Camilo-Alves e mais um numeroso grupo de desperados do amor (não é bem verdade, mas pareceu-me bem escrever isto). Divertimo-nos em grande durante 9 meses e depois foi cada um à sua vida.
Desse tempo para cá o Luís tornou-se redactor de "O Inimigo Público", colaborador das Produções Fictícias e autor de capas de livros. Agora, finalmente, decidiu que estava na hora de voltar à blogolândia. Graças a isso, colocou a Irmã Lúcia on-line. É verdade, um dos mais divertidos e correspondidos autores da nossa comunidade virtual está de volta, na difícil e corajosa tarefa de manter um blog individual. Vamos dar-lhe todo o nosso apoio.
Welcome back, mate!
Desse tempo para cá o Luís tornou-se redactor de "O Inimigo Público", colaborador das Produções Fictícias e autor de capas de livros. Agora, finalmente, decidiu que estava na hora de voltar à blogolândia. Graças a isso, colocou a Irmã Lúcia on-line. É verdade, um dos mais divertidos e correspondidos autores da nossa comunidade virtual está de volta, na difícil e corajosa tarefa de manter um blog individual. Vamos dar-lhe todo o nosso apoio.
Welcome back, mate!
Miguel Nogueira
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LFB
O Miguel Nogueira é um amigo dos bons e uma pessoa das boas. E, como sabemos, ambas as qualidades são raras. Além disso, o Mike, cinéfilo apaixonado, é das melhores almas a escrever na blogoesfera - como provou no belo A Origem do Amor. Isto para vos dar conta que o MN tem, de momento, o coração e a caneta divididos por dois blogs. Tão tímidos, reservados, tão satisfeitos com a sua mera existência que até me custa um pouco a divulgá-los. Ler o Miguel provoca-me a mesma sensação mesquinha que certos livros trazem: queremo-los só para nós. Guardar o segredo para o podermos contar, vitoriosos, numa qualquer oportunidade de ouro que surja. Não posso mais. Sejamos comunistas com isto. Partilhemos com o mundo virtual. Ambos os espaços, com temáticas bem diferentes, têm a mesma característica: a ternura com que o Miguel escreve sobre as coisas aparentemente simples da vida. Estejam elas no celulóide ou nas relações humanas.
Um abraço, Mike!
Um abraço, Mike!
sábado, 31 de julho de 2004
Medeiros Ferreira
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LFB
Dá uma excelente entrevista à edição de sábado de A Capital e nomeia o CN como um dos seus blogues preferidos. Obrigado, caro conterrâneo!
back on duty
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LFB
Depois de 3 dias de intoxicação alimentar, 3 kgs mais magro e muitas horas de delírio febril depois, termino a baixa e apresento-me de regresso ao serviço. Nomeadamente através da utilização de um artifício que até agora desconhecia. A alteração da data dos posts, o que me permitiu colmatar os dias brancos que foram a 3ª, 5ª e até mesmo este sábado. Sim, escrevo-vos de domingo - sentindo-me em pleno conto de Philip K.Dick.
sexta-feira, 30 de julho de 2004
Alegre e Sócrates
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Anónimo
Entre Sócrates e Alegre prefiro, certamente, Alegre. Alegre é o que é, mostra o que é e o que sempre foi, não disfarça. Sócrates é um camaleão do oportunismo político, que pesca à direita os apoios do aparelho do PS e à esquerda a caução ideológica junto de figuras tão improváveis como Sérgio Sousa Pinto e António Reis.
Prefiro mil vezes o romantismo «démodé» mas genuíno de Alegre ao novo-riquismo «modernista» e empertigado de Sócrates. Mesmo quando nos irrita com os seus ares de aristocrata «blasé» e eterno diletante da política, Alegre tem uma espessura como personagem que o distingue da inconsistência robotizada de Sócrates (a sua recente entrevista à revista do «Expresso» é, a esse respeito, exemplar).
Evidentemente, Sócrates programou-se (ou foi programado) para ganhar, enquanto Alegre parece assumir (mesmo quando pretende o inverso) a pose romântica do lutador destinado a perder, mas com honra, uma batalha simbólica. Além disso, Alegre representa, «malgré-lui», um PS arcaico e saudosista que, apesar das proclamações em contrário, tem notória dificuldade em ultrapassar o mero terreno ideológico ou a condição mítica de representante das classes oprimidas ou marginalizadas pelo neo-liberalismo.
A síntese entre rigor económico e defesa dos direitos sociais implica uma reavaliação do papel do Estado e, em particular, do Estado-Providência, de modo a garantir a sustentabilidade das áreas fundamentais do serviço público. E, para isso, não basta apenas uma atitude defensiva de protesto ou inconformidade face aos abusos neo-liberais. É indispensável uma atitude ofensiva que mobilize as energias dos sectores mais dinâmicos da sociedade e não só a revolta ou o ressentimento dos que se sentem excluídos. Se a esquerda democrática não conseguir responder a este desafio, só lhe resta ser absorvida pela lógica neo-liberal (como aconteceu com Blair) ou fixar-se num estéril saudosismo doutrinário divorciado do real.
Vicente Jorge Silva
Prefiro mil vezes o romantismo «démodé» mas genuíno de Alegre ao novo-riquismo «modernista» e empertigado de Sócrates. Mesmo quando nos irrita com os seus ares de aristocrata «blasé» e eterno diletante da política, Alegre tem uma espessura como personagem que o distingue da inconsistência robotizada de Sócrates (a sua recente entrevista à revista do «Expresso» é, a esse respeito, exemplar).
Evidentemente, Sócrates programou-se (ou foi programado) para ganhar, enquanto Alegre parece assumir (mesmo quando pretende o inverso) a pose romântica do lutador destinado a perder, mas com honra, uma batalha simbólica. Além disso, Alegre representa, «malgré-lui», um PS arcaico e saudosista que, apesar das proclamações em contrário, tem notória dificuldade em ultrapassar o mero terreno ideológico ou a condição mítica de representante das classes oprimidas ou marginalizadas pelo neo-liberalismo.
A síntese entre rigor económico e defesa dos direitos sociais implica uma reavaliação do papel do Estado e, em particular, do Estado-Providência, de modo a garantir a sustentabilidade das áreas fundamentais do serviço público. E, para isso, não basta apenas uma atitude defensiva de protesto ou inconformidade face aos abusos neo-liberais. É indispensável uma atitude ofensiva que mobilize as energias dos sectores mais dinâmicos da sociedade e não só a revolta ou o ressentimento dos que se sentem excluídos. Se a esquerda democrática não conseguir responder a este desafio, só lhe resta ser absorvida pela lógica neo-liberal (como aconteceu com Blair) ou fixar-se num estéril saudosismo doutrinário divorciado do real.
Vicente Jorge Silva
quinta-feira, 29 de julho de 2004
quarta-feira, 28 de julho de 2004
O Maria da Fonte
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Anónimo
Há muito que Alberto João Jardim esgotou o seu reportório. E o Chão da Lagoa transformou-se num disco riscado, riscadíssimo, depois de tanta repetição. Terminada a habitual prova de resistência gastronómico-alcoólica nas mil barraquinhas do festival laranja ( prova de resistência que ultrapassa a normal capacidade humana, diga-se em abono da verdade) Jardim quer mostrar que sobreviveu à batalha dos copos, mesmo quando lhe acontece partir um braço na subida para o palco. Foi assim anteontem, ontem, e é assim hoje como será amanhã (se esta história patética estiver condenada a eternizar-se).
Tem sido sempre assim, desde tempos quase imemoriais. Chegada a hora de botar discurso, Jardim articula umas trogloditices para animar o povão, trogloditices essas que só são superadas pelas javardices simiescas do inevitável cromo Jaime Ramos. Se ainda houvesse dúvidas sobre a regressão mental madeirense, desde o momento, já longínquo, em que Jardim se tornou senhorio e festeiro da Madeira Nova, o repetitivo «show» do Chão da Lagoa seria suficiente para esclarecer-nos em definitivo.
O avisado Santana Lopes (que se fez convidar segundo Jaime Ramos e que foi convidado por Jardim segundo este) acabou por não comparecer. Jardim sentiu-se, por isso, mais livre para disparatar à vontade como é seu timbre, mas sem conseguir esconder a frustração por não ter sido proposto para um cargo ministerial (como intimamente desejava) no Governo de Santana.
De resto, o posto a que Jardim secretamente se propunha (o de ministro da Defesa) continuou ocupado pelo seu recentíssimo inimigo de estimação, Paulo Portas. Não terá sido, aliás, por acaso, que o Paulinho das feiras decidiu dar um rebuçado de consolação ao líder regional do CDS, José Manuel Rodrigues, vaticinando o fim próximo do ciclo político jardinista na Madeira. Jardim foi um motivo suplementar para marcar as distâncias entre os parceiros da coligação.
O problema é que Jardim (tal como os seus sequazes) perdeu completamente a imaginação. À falta de novas causas mobilizadoras, resta-lhe representar agora o papel de Maria da Fonte, mobilizando os distritos do Portugal profundo contra a horrorosa Lisboa.
Depois de sacar à grande e à francesa todos os fundos e subsídios possíveis e disfarçar os patamares mais inverosímeis do endividamento regional para garantir a subsistência das suas clientelas políticas e empresariais (que, aliás, se confundem, como atesta o caso de Jaime Ramos e confrades), o tiranete madeirense ainda tem o descaramento de lançar uma guerrilha regional contra a mão que o alimenta. Só que isso não representa sequer novidade nenhuma ? e, ainda por cima, Jardim já nem ameaça com as velhas teses separatistas. Ninguém o ouve, afinal.
Jardim limita-se a fazer o seu habitual número de circo para disfarçar a fragilidade e o isolamento a que foi votado por um Governo com o qual era suposto ter as mais íntimas afinidades políticas. Os Açores ganharam um ministro na equipa de Santana Lopes e a Madeira não teve direito a nenhum. A Madeira tornou-se, definitivamente, um fenómeno extra-terrestre na contabilidade política nacional. É por isso que resta apenas a Jardim converter-se em Maria da Fonte. Pobre e ridículo destino!
Vicente Jorge Silva
(Uma outra versão deste texto é publicada hoje no «Garajau», «quinzenário sério e cruel» editado na Madeira)
Tem sido sempre assim, desde tempos quase imemoriais. Chegada a hora de botar discurso, Jardim articula umas trogloditices para animar o povão, trogloditices essas que só são superadas pelas javardices simiescas do inevitável cromo Jaime Ramos. Se ainda houvesse dúvidas sobre a regressão mental madeirense, desde o momento, já longínquo, em que Jardim se tornou senhorio e festeiro da Madeira Nova, o repetitivo «show» do Chão da Lagoa seria suficiente para esclarecer-nos em definitivo.
O avisado Santana Lopes (que se fez convidar segundo Jaime Ramos e que foi convidado por Jardim segundo este) acabou por não comparecer. Jardim sentiu-se, por isso, mais livre para disparatar à vontade como é seu timbre, mas sem conseguir esconder a frustração por não ter sido proposto para um cargo ministerial (como intimamente desejava) no Governo de Santana.
De resto, o posto a que Jardim secretamente se propunha (o de ministro da Defesa) continuou ocupado pelo seu recentíssimo inimigo de estimação, Paulo Portas. Não terá sido, aliás, por acaso, que o Paulinho das feiras decidiu dar um rebuçado de consolação ao líder regional do CDS, José Manuel Rodrigues, vaticinando o fim próximo do ciclo político jardinista na Madeira. Jardim foi um motivo suplementar para marcar as distâncias entre os parceiros da coligação.
O problema é que Jardim (tal como os seus sequazes) perdeu completamente a imaginação. À falta de novas causas mobilizadoras, resta-lhe representar agora o papel de Maria da Fonte, mobilizando os distritos do Portugal profundo contra a horrorosa Lisboa.
Depois de sacar à grande e à francesa todos os fundos e subsídios possíveis e disfarçar os patamares mais inverosímeis do endividamento regional para garantir a subsistência das suas clientelas políticas e empresariais (que, aliás, se confundem, como atesta o caso de Jaime Ramos e confrades), o tiranete madeirense ainda tem o descaramento de lançar uma guerrilha regional contra a mão que o alimenta. Só que isso não representa sequer novidade nenhuma ? e, ainda por cima, Jardim já nem ameaça com as velhas teses separatistas. Ninguém o ouve, afinal.
Jardim limita-se a fazer o seu habitual número de circo para disfarçar a fragilidade e o isolamento a que foi votado por um Governo com o qual era suposto ter as mais íntimas afinidades políticas. Os Açores ganharam um ministro na equipa de Santana Lopes e a Madeira não teve direito a nenhum. A Madeira tornou-se, definitivamente, um fenómeno extra-terrestre na contabilidade política nacional. É por isso que resta apenas a Jardim converter-se em Maria da Fonte. Pobre e ridículo destino!
Vicente Jorge Silva
(Uma outra versão deste texto é publicada hoje no «Garajau», «quinzenário sério e cruel» editado na Madeira)
O leque
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Anónimo
Durante o debate do programa do Governo, recorri aos leques de uma colega da bancada do PS, a Teresa Venda, para combater o calor insuportável que se fazia sentir no Parlamento. Por causa disso ganhei uma notoriedade mediática que decerto não me seria concedida se tivesse falado. Amigos telefonaram-me excitados com a minha estreia de leque (ou leques), e até o director de um jornal chegou a confidenciar-me que preferia um deles, de cor vermelha. Também por causa disso vi-me associado, por vezes com comentários maliciosos, à estrela actual do uso do leque: a ministra da Cultura, Maria João Bustorff.
Atribuir tanta importância a um simples leque só pode significar que este simpático objecto se tornou um símbolo inesperado do novo ciclo político. Abanamo-nos para afastar o calor mas também, por via simbólica, para sacudir a atmosfera de insustentável ligeireza que envolve o actual Governo. Quem precisaria de um leque ou mesmo de uma ventoinha (um deputado do PSD trouxe uma de casa, mas não teve direito aos meus quinze segundos de glória lequística) é o primeiro-ministro Santana Lopes, para abanar a displicência que lhe suscitam os maçadoríssimos assuntos do Estado.
Santana só acordava da modorra parlamentar e dava sinais de vida quando abandonava as formalidades da «política séria» em que se movimenta tão pouco à-vontade (porque será que ele dá sempre a impressão de estar a ler discursos feitos por outros?), deixando-se transportar pela vertigem supérflua e frívola do verbo (em que continua a ser verdadeiramente imbatível). É manifesto que ele adora ouvir-se a si mesmo quando é acometido por um desses tiques de tribuno fala-barato que fizeram a sua fama, imaginando-se toureiro em plena faena. Então é vê-lo (e ouvi-lo) divagar em voo errático sobre o ninho de cucos dos tais assuntos do Estado que o aborrecem de morte e refugiar-se no gozo infantil desse brinquedo caro que a comédia do poder lhe proporciona.
O mais curioso (e isso viu-se de novo agora, embora poucos pareçam ter-se dado conta) é que o nóvel primeiro-ministro acaba, quase insensivelmente, por contaminar ou neutralizar os adversários com a frivolidade da sua pose. Raramente assisti a um debate parlamentar tão morno, tão vazio, tão pouco convicto, tão aéreo, como aquele que decorreu ontem e hoje em São Bento. Mesmo os melhores talentos parlamentares pareciam entorpecidos, deslocados e em clara baixa de forma (com a provável excepção de Jaime Gama, num registo de humor venenoso mas, no fundo, amável). E viu-se como o tom do discurso de Louçã se mostrou ostensivamente desajustado, numa exibição de agressividade gratuita que Santana, aliás, demoliu com apropriada sagacidade.
Será que a política «light» de Santana é mais contagiosa do que se desejaria admitir? Ou que tudo não passou apenas de um acidente estival, favorecido pelo calor e pela eterna crise do ar condicionado em S. Bento (não funciona ou funciona mal desde que aí entrei como deputado há já mais de dois anos e meio)? Abanemo-nos, pois. Sigam o meu exemplo. O tempo é de leques, caros bloguistas.
Vicente Jorge Silva
Atribuir tanta importância a um simples leque só pode significar que este simpático objecto se tornou um símbolo inesperado do novo ciclo político. Abanamo-nos para afastar o calor mas também, por via simbólica, para sacudir a atmosfera de insustentável ligeireza que envolve o actual Governo. Quem precisaria de um leque ou mesmo de uma ventoinha (um deputado do PSD trouxe uma de casa, mas não teve direito aos meus quinze segundos de glória lequística) é o primeiro-ministro Santana Lopes, para abanar a displicência que lhe suscitam os maçadoríssimos assuntos do Estado.
Santana só acordava da modorra parlamentar e dava sinais de vida quando abandonava as formalidades da «política séria» em que se movimenta tão pouco à-vontade (porque será que ele dá sempre a impressão de estar a ler discursos feitos por outros?), deixando-se transportar pela vertigem supérflua e frívola do verbo (em que continua a ser verdadeiramente imbatível). É manifesto que ele adora ouvir-se a si mesmo quando é acometido por um desses tiques de tribuno fala-barato que fizeram a sua fama, imaginando-se toureiro em plena faena. Então é vê-lo (e ouvi-lo) divagar em voo errático sobre o ninho de cucos dos tais assuntos do Estado que o aborrecem de morte e refugiar-se no gozo infantil desse brinquedo caro que a comédia do poder lhe proporciona.
O mais curioso (e isso viu-se de novo agora, embora poucos pareçam ter-se dado conta) é que o nóvel primeiro-ministro acaba, quase insensivelmente, por contaminar ou neutralizar os adversários com a frivolidade da sua pose. Raramente assisti a um debate parlamentar tão morno, tão vazio, tão pouco convicto, tão aéreo, como aquele que decorreu ontem e hoje em São Bento. Mesmo os melhores talentos parlamentares pareciam entorpecidos, deslocados e em clara baixa de forma (com a provável excepção de Jaime Gama, num registo de humor venenoso mas, no fundo, amável). E viu-se como o tom do discurso de Louçã se mostrou ostensivamente desajustado, numa exibição de agressividade gratuita que Santana, aliás, demoliu com apropriada sagacidade.
Será que a política «light» de Santana é mais contagiosa do que se desejaria admitir? Ou que tudo não passou apenas de um acidente estival, favorecido pelo calor e pela eterna crise do ar condicionado em S. Bento (não funciona ou funciona mal desde que aí entrei como deputado há já mais de dois anos e meio)? Abanemo-nos, pois. Sigam o meu exemplo. O tempo é de leques, caros bloguistas.
Vicente Jorge Silva
terça-feira, 27 de julho de 2004
este homem é um senhor!
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LFB
Um dos jornalistas do "60 Minutes", tão competentes e incisivos como canastrões e arrogantes, perguntou a Michael Moore a questão cirúrgica. O dedo na ferida:
- Uma das maiores críticas aos seus filmes tem a ver com a forma como se filma. Dizem que se filma tanto a si próprio, que se expõe tanto na própria película, que o filme deixa de ser sobre isto ou aquilo para passar a ser sobre "o que Michael Moore pensa sobre isto ou aquilo". O que pensa disto?
- Pense bem. Se você se parecesse comigo, gostaria de se filmar?
segunda-feira, 26 de julho de 2004
Quem tem medo de Jorge Coelho?
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Anónimo
Manuel Alegre, candidato da ala esquerda do PS à liderança do partido, voltou atrás nas suas justíssimas e justificadíssimas críticas à duplicidade dos papéis de Jorge Coelho, enquanto responsável pelo sector autárquico socialista e, simultaneamente, apoiante declarado de José Sócrates.
Alegre, além dos seus conhecidos talentos literários, é uma excelente pessoa que se deixa trair, com frequência, por uma incorrigível ingenuidade política. Em tempos, depois de ser um dos críticos mais acerbos do guterrismo, acabou por render-se ao discurso «de esquerda» que Guterres concedeu fazer, durante um congresso, para domesticar as veleidades do romântico histórico socialista. Agora, o escritor parece ter ficado receoso das consequências nefastas que as críticas a Coelho poderiam provocar na sua candidatura e na sacrossanta «unidade» do partido.
Coelho é, de facto, um homem poderoso, demasiado poderoso e influente na máquina partidária socialista, um fazedor de reis. Aparentemente, toda a gente tem medo dele (veja-se a deferência que todos os notáveis do PS lhe manifestam, como João Soares, por exemplo). Ora, precisamente, um dos sinais clarificadores dentro do PS seria criar uma distância crítica relativamente a Coelho e a tudo o que ele representa como expoente do mais típico clientelismo e aparelhismo socialista.
Alegre começou por pôr o dedo na ferida e esse gesto significava a ousadia estimulante que poderia constituir a sua candidatura. Ao recuar, acabou por retirar-lhe essa diferença e colocou-se numa posição vulnerável e frágil, do ponto de vista político e ético, face à intocabilidade de Coelho. Será que este está acima da isenção e imparcialidade que se exigem a quem desempenha um papel tão relevante como o dele na máquina partidária? Ou será que, por ser quem é, Jorge Coelho pode reunir com os autarcas do PS numa manifestação de apoio a Sócrates e assegurar, ao mesmo tempo, uma conduta irrepreensível na chefia do sector autárquico do partido?
Vicente Jorge Silva
Alegre, além dos seus conhecidos talentos literários, é uma excelente pessoa que se deixa trair, com frequência, por uma incorrigível ingenuidade política. Em tempos, depois de ser um dos críticos mais acerbos do guterrismo, acabou por render-se ao discurso «de esquerda» que Guterres concedeu fazer, durante um congresso, para domesticar as veleidades do romântico histórico socialista. Agora, o escritor parece ter ficado receoso das consequências nefastas que as críticas a Coelho poderiam provocar na sua candidatura e na sacrossanta «unidade» do partido.
Coelho é, de facto, um homem poderoso, demasiado poderoso e influente na máquina partidária socialista, um fazedor de reis. Aparentemente, toda a gente tem medo dele (veja-se a deferência que todos os notáveis do PS lhe manifestam, como João Soares, por exemplo). Ora, precisamente, um dos sinais clarificadores dentro do PS seria criar uma distância crítica relativamente a Coelho e a tudo o que ele representa como expoente do mais típico clientelismo e aparelhismo socialista.
Alegre começou por pôr o dedo na ferida e esse gesto significava a ousadia estimulante que poderia constituir a sua candidatura. Ao recuar, acabou por retirar-lhe essa diferença e colocou-se numa posição vulnerável e frágil, do ponto de vista político e ético, face à intocabilidade de Coelho. Será que este está acima da isenção e imparcialidade que se exigem a quem desempenha um papel tão relevante como o dele na máquina partidária? Ou será que, por ser quem é, Jorge Coelho pode reunir com os autarcas do PS numa manifestação de apoio a Sócrates e assegurar, ao mesmo tempo, uma conduta irrepreensível na chefia do sector autárquico do partido?
Vicente Jorge Silva
Animais
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Anónimo
A política portuguesa animalizou-se. Embora o homem mantenha, supostamente, a distinção de ser o único animal racional, os políticos parecem agora dispostos a dispensá-la com evidente furor...animal. E para que não restem dúvidas, José Sócrates, candidato a líder do PS, não se coibiu de declarar ao último «Expresso»: «Sou um animal feroz». Que medo!!!
Foi a declaração mais substancial e significativa que o principal semanário do país escolheu para título de primeira página, embora Sócrates, na entrevista que concedeu ao jornal de José António Saraiva, não se coíba de citar alguns dos seus «mâitres-à-penser», numa salada russa digna dos violinos de Chopin caros a Santana Lopes: Voltaire, Popper e até o romancista alemão Erich Maria Remarque... (Só se esqueceu, pelos vistos, de Sérgio Sousa Pinto, autor prometido da sua moção ao congresso do PS). Chegados a este ponto, só nos falta estremecer de terror pelo futuro reservado ao Partido Socialista.
Ainda há pouco tempo, o ex-líder parlamentar do PS, António Costa, agora deputado europeu, já nos advertira que a política é uma coisa desumana. Talvez por isso tenha agora aparecido como apoiante fervoroso de Sócrates. Os dentes caninos dos políticos é mesmo o que está a dar. Deduz-se que seja uma compensação para a crise das ideologias. Quanto mais mordo, mais faço valer as minhas ideias (ou o que tomou o lugar delas).
Se houvesse dúvidas, bastaria ouvir o latido (feroz, como o de Sócrates?) que Alberto João Jardim voltou a emitir na festa do Chão da Lagoa contra os políticos do continente. Aliás, Jardim já ostentara a condição de «animal ferido» para justificar as suas reacções caninas contra as injustíssimas críticas de que é alvo nos meios de comunicação social continentais.
Tendo em conta as explosivas misturas etílicas que o líder madeirense costuma ingerir por esta altura do ano na companhia do seu amigo (e ladrador compulsivo) Jaime Ramos, percebe-se que a política portuguesa (insular e continental) esteja mesmo contaminada pelo vírus animal e canino. Será que Sócrates queria roubar, por antecipação, o protagonismo a Jardim, dando razão ao seu apoiante Costa sobre a desumanidade da política?
Houve um tempo saudoso em que se falava de «animais políticos» para definir algumas características dos líderes partidários (ou candidatos a tal). Mas a partir do momento em que um José Sócrates se declara «animal feroz», sem necessidade de sublinhar que é, apenas, um animal político dotado de ferocidade, podemos considerar-nos definitivamente esclarecidos sobre a condição puramente animalesca da política. Cuidemo-nos, pois!
Vicente Jorge Silva
Foi a declaração mais substancial e significativa que o principal semanário do país escolheu para título de primeira página, embora Sócrates, na entrevista que concedeu ao jornal de José António Saraiva, não se coíba de citar alguns dos seus «mâitres-à-penser», numa salada russa digna dos violinos de Chopin caros a Santana Lopes: Voltaire, Popper e até o romancista alemão Erich Maria Remarque... (Só se esqueceu, pelos vistos, de Sérgio Sousa Pinto, autor prometido da sua moção ao congresso do PS). Chegados a este ponto, só nos falta estremecer de terror pelo futuro reservado ao Partido Socialista.
Ainda há pouco tempo, o ex-líder parlamentar do PS, António Costa, agora deputado europeu, já nos advertira que a política é uma coisa desumana. Talvez por isso tenha agora aparecido como apoiante fervoroso de Sócrates. Os dentes caninos dos políticos é mesmo o que está a dar. Deduz-se que seja uma compensação para a crise das ideologias. Quanto mais mordo, mais faço valer as minhas ideias (ou o que tomou o lugar delas).
Se houvesse dúvidas, bastaria ouvir o latido (feroz, como o de Sócrates?) que Alberto João Jardim voltou a emitir na festa do Chão da Lagoa contra os políticos do continente. Aliás, Jardim já ostentara a condição de «animal ferido» para justificar as suas reacções caninas contra as injustíssimas críticas de que é alvo nos meios de comunicação social continentais.
Tendo em conta as explosivas misturas etílicas que o líder madeirense costuma ingerir por esta altura do ano na companhia do seu amigo (e ladrador compulsivo) Jaime Ramos, percebe-se que a política portuguesa (insular e continental) esteja mesmo contaminada pelo vírus animal e canino. Será que Sócrates queria roubar, por antecipação, o protagonismo a Jardim, dando razão ao seu apoiante Costa sobre a desumanidade da política?
Houve um tempo saudoso em que se falava de «animais políticos» para definir algumas características dos líderes partidários (ou candidatos a tal). Mas a partir do momento em que um José Sócrates se declara «animal feroz», sem necessidade de sublinhar que é, apenas, um animal político dotado de ferocidade, podemos considerar-nos definitivamente esclarecidos sobre a condição puramente animalesca da política. Cuidemo-nos, pois!
Vicente Jorge Silva
domingo, 25 de julho de 2004
sábado, 24 de julho de 2004
aforismos de directa - 09:31 a.m.
Publicado por
LFB
O riso feliz da mulher perante o comentário de outro homem é uma das mais cruéis formas de traição.
sexta-feira, 23 de julho de 2004
Para onde vai a esquerda do PS?
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Anónimo
Confesso que não percebi a intenção de Manuel Alegre ao apresentar-se como candidato a líder do PS, numa sala de reuniões do Parlamento, acompanhado apenas pela gentil Maria de Belém. Será porque João Soares apresentava formalmente, no mesmo dia, a sua candidatura àquele posto (e Alegre entendeu dever marcar o terreno na esquerda do PS)? Em todo o caso, a conferência de imprensa de Alegre pareceu-me improvisada e tosca demais para transmitir uma convicção mobilizadora aos socialistas que não se reconhecem na candidatura aparelhística de José Sócrates nem na candidatura tribal de Soares.
O registo de propriedade da «alma da esquerda» como argumento de combate político contra Sócrates só serve para este apresentar-se como arauto da modernidade contra o arcaísmo partidário. Não é batendo no peito, erguendo o punho e gritando slogans do género «a verdadeira esquerda sou eu» (slogans destituídos de conteúdo e vazios de reflexão sobre os caminhos de uma esquerda actuante e moderna) ou exibindo galões de resistência anti-fascista que se apresentará uma alternativa ao guterrismo-blairismo recauchutado e plastificado de Sócrates. (A propósito, que faz Sérgio Sousa Pinto nesta galera? Como explica ele a sua aliança com o que o PS tem de mais bafiento e clientelista? Move-o apenas o apetite insaciável do poder?).
Será a esquerda socialista capaz de gerar um projecto de futuro ou está condenada a viver das saudades do passado e das glórias do antifascismo, num combate de retaguarda? Como articular o património de convicções e valores da esquerda democrática com uma resposta ousada e consistente aos desafios da modernidade? Esta é uma questão decisiva.
Todos se lembram do que aconteceu quando João Soares, em desespero de causa, quis transformar a sua campanha autárquica lisboeta contra Santana Lopes numa cruzada anti-fascista. O feitiço voltou-se contra o feiticeiro. Mas, pelos vistos, há feiticeiros incorrigíveis.
Vicente Jorge Silva
O registo de propriedade da «alma da esquerda» como argumento de combate político contra Sócrates só serve para este apresentar-se como arauto da modernidade contra o arcaísmo partidário. Não é batendo no peito, erguendo o punho e gritando slogans do género «a verdadeira esquerda sou eu» (slogans destituídos de conteúdo e vazios de reflexão sobre os caminhos de uma esquerda actuante e moderna) ou exibindo galões de resistência anti-fascista que se apresentará uma alternativa ao guterrismo-blairismo recauchutado e plastificado de Sócrates. (A propósito, que faz Sérgio Sousa Pinto nesta galera? Como explica ele a sua aliança com o que o PS tem de mais bafiento e clientelista? Move-o apenas o apetite insaciável do poder?).
Será a esquerda socialista capaz de gerar um projecto de futuro ou está condenada a viver das saudades do passado e das glórias do antifascismo, num combate de retaguarda? Como articular o património de convicções e valores da esquerda democrática com uma resposta ousada e consistente aos desafios da modernidade? Esta é uma questão decisiva.
Todos se lembram do que aconteceu quando João Soares, em desespero de causa, quis transformar a sua campanha autárquica lisboeta contra Santana Lopes numa cruzada anti-fascista. O feitiço voltou-se contra o feiticeiro. Mas, pelos vistos, há feiticeiros incorrigíveis.
Vicente Jorge Silva
Governo de «Teguis»
Publicado por
Anónimo
Pobre Teresa Caeiro! Esteve para ser ministra da Cultura, passou para «ajudante» de Paulo Portas nos Antigos Combatentes e acabou, finalmente, nas Artes e Espectáculos. Este frenético saltitar da irrequieta (mas afinal dócil) «Tegui» surge como mais um episódio na vertiginosa disputa política que, mal o Governo havia tomado posse, vem opondo Santana Lopes a Paulo Portas.
Confirma-se o que muitos haviam previsto: este Governo está infectado, desde a origem, por um vírus escorpiónico que ameaça fazê-lo implodir a qualquer momento. Junte-se a traquicine congénita de Santana e Portas, a sua irresistível necessidade de afirmação pessoal, e temos duelo aprazado mais cedo do que seria de esperar. Jorge Sampaio aproveitará então para lavar as mãos do desastre (e da sua decisão anterior) e convocar eleições antecipadas. Assim vai a estabilidade política num país que se confunde cada vez mais com uma república das bananas ou um ninho de cucos.
Perante a insistência dos jornalistas após a sua tomada de posse, Teresa Caeiro repetiu por várias vezes que não tinha explicações a dar. Coitada! Pelos vistos não consegue sequer dá-las a si própria, olhando-se ao espelho, sem corar de vergonha pelas cenas a que se prestou. Como é que alguém com um mínimo de respeito por si mesmo se sujeita a ser joguete nas mãos de dois traquinas compulsivos? Isso é que não deveria ter explicação. Mas tem. Na Defesa ou na Cultura, tanto faz, «Tegui» busca apenas um palco onde possa representar um qualquer e irrelevantíssimo papel na comédia do poder. Ela tornou-se um verdadeiro símbolo deste Governo de «Teguis».
Vicente Jorge Silva
Confirma-se o que muitos haviam previsto: este Governo está infectado, desde a origem, por um vírus escorpiónico que ameaça fazê-lo implodir a qualquer momento. Junte-se a traquicine congénita de Santana e Portas, a sua irresistível necessidade de afirmação pessoal, e temos duelo aprazado mais cedo do que seria de esperar. Jorge Sampaio aproveitará então para lavar as mãos do desastre (e da sua decisão anterior) e convocar eleições antecipadas. Assim vai a estabilidade política num país que se confunde cada vez mais com uma república das bananas ou um ninho de cucos.
Perante a insistência dos jornalistas após a sua tomada de posse, Teresa Caeiro repetiu por várias vezes que não tinha explicações a dar. Coitada! Pelos vistos não consegue sequer dá-las a si própria, olhando-se ao espelho, sem corar de vergonha pelas cenas a que se prestou. Como é que alguém com um mínimo de respeito por si mesmo se sujeita a ser joguete nas mãos de dois traquinas compulsivos? Isso é que não deveria ter explicação. Mas tem. Na Defesa ou na Cultura, tanto faz, «Tegui» busca apenas um palco onde possa representar um qualquer e irrelevantíssimo papel na comédia do poder. Ela tornou-se um verdadeiro símbolo deste Governo de «Teguis».
Vicente Jorge Silva
quinta-feira, 22 de julho de 2004
Barroso, o Presidente da Comissão Europeia
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AG
O candidato do Conselho Europeu, o português José Manuel Barroso, foi hoje aprovado para futuro Presidente da Comissão Europeia pelo Parlamento Europeu.
Como foi indicado por António Costa, os deputados socialistas portugueses organizaram-se para não inviabilizar a sua eleição. "Não inviabilizar" não é o mesmo que "viabilizar", sublinho.
Como deputada ao PE, votei em consciência e em coerência com o que penso e publicamente tenho dito e escrito sobre José Manuel Durão Barroso, o homem e a sua política como Primeiro-Ministro.
Depois de anunciados os resultados da votação, fui cumprimentar o novo Presidente da Comissão Europeia e disse-lhe: "Espero que sejas melhor para a Europa do que foste para Portugal".
Ana Gomes
Como foi indicado por António Costa, os deputados socialistas portugueses organizaram-se para não inviabilizar a sua eleição. "Não inviabilizar" não é o mesmo que "viabilizar", sublinho.
Como deputada ao PE, votei em consciência e em coerência com o que penso e publicamente tenho dito e escrito sobre José Manuel Durão Barroso, o homem e a sua política como Primeiro-Ministro.
Depois de anunciados os resultados da votação, fui cumprimentar o novo Presidente da Comissão Europeia e disse-lhe: "Espero que sejas melhor para a Europa do que foste para Portugal".
Ana Gomes
Novo MNE e Iraque
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AG
Dando primeiros passos, tímidos, no sentido de ensaiar uma retirada do Iraque, mas no incómodo que sempre lhe suscitaram debates parlamentares sobre esta matéria - logo, sem dar cavaco a ninguém - decidiu o Governo da direita (ainda o de Durão Barroso) enviar para o Afeganistão um C-130 e adicionais três militares, que partirão já na próxima semana.
Mesmo sem ser instigado por Santana Lopes, o novo MNE deve estar já a congeminar como se livra da batata quente do contigente da GNR no Iraque em Novembro. Seria bom que clarificasse com urgência se Portugal manterá o mesmo tipo de participação ou se, pelo contrário, optará por apoiar as instituições democráticas, através da formação de quadros no âmbito da iniciativa que o Banco Mundial se prepara para lançar no Outono na Jordânia.
Do ponto de vista do interesse nacional e da nossa imagem no mundo, o pior que poderia acontecer ao Governo - e a Portugal - era ser confrontado com um cenário "limite" e ter de decidir sob pressão (à la filipina...). Ajudar à reconstrução do Iraque optando em tempo pelo apoio ao "institution building" seria decerto solução mais consensual e inteligente. É também a que corresponde ao código genético do diplomata nato que é o nosso novo MNE, António Monteiro (pese embora que em tão melindroso dossier a posição que há-de prevalecer é a do Governo no seu conjunto e, principalmente, a do Primeiro Ministro).
Sei do que falo. Passamos juntos dois anos intensamente imersos no Iraque, em 1997-98, no Conselho de Segurança da ONU, onde ele exercia a presidência do Comité de Sanções e me entregou a coordenação de todo o dossier Iraque. Incluindo o programa "oil for food", cuja aplicação se iniciou connosco e durante dois anos obrigou António Monteiro à chatice (dele, mas também dos seus colaboradores que antes tinham de passar tudo a pente fino...) de assinar, diariamente, centenas de contratos de todo o tipo de aquisições que Saddam comprava, legalmente, a todo o mundo (excepto às empresas portuguesas que olimpicamente ignoraram aquele Programa).
Interrogo-me, de resto, porque será que os "bushistas" que lançaram um encarniçado ataque-inquérito contra a ONU a pretexto deste Programa, não dão sinal de interesse em nos ouvir? É que a gente até tem muito que contar! Ou é exactamente por isso?
Ana Gomes
Mesmo sem ser instigado por Santana Lopes, o novo MNE deve estar já a congeminar como se livra da batata quente do contigente da GNR no Iraque em Novembro. Seria bom que clarificasse com urgência se Portugal manterá o mesmo tipo de participação ou se, pelo contrário, optará por apoiar as instituições democráticas, através da formação de quadros no âmbito da iniciativa que o Banco Mundial se prepara para lançar no Outono na Jordânia.
Do ponto de vista do interesse nacional e da nossa imagem no mundo, o pior que poderia acontecer ao Governo - e a Portugal - era ser confrontado com um cenário "limite" e ter de decidir sob pressão (à la filipina...). Ajudar à reconstrução do Iraque optando em tempo pelo apoio ao "institution building" seria decerto solução mais consensual e inteligente. É também a que corresponde ao código genético do diplomata nato que é o nosso novo MNE, António Monteiro (pese embora que em tão melindroso dossier a posição que há-de prevalecer é a do Governo no seu conjunto e, principalmente, a do Primeiro Ministro).
Sei do que falo. Passamos juntos dois anos intensamente imersos no Iraque, em 1997-98, no Conselho de Segurança da ONU, onde ele exercia a presidência do Comité de Sanções e me entregou a coordenação de todo o dossier Iraque. Incluindo o programa "oil for food", cuja aplicação se iniciou connosco e durante dois anos obrigou António Monteiro à chatice (dele, mas também dos seus colaboradores que antes tinham de passar tudo a pente fino...) de assinar, diariamente, centenas de contratos de todo o tipo de aquisições que Saddam comprava, legalmente, a todo o mundo (excepto às empresas portuguesas que olimpicamente ignoraram aquele Programa).
Interrogo-me, de resto, porque será que os "bushistas" que lançaram um encarniçado ataque-inquérito contra a ONU a pretexto deste Programa, não dão sinal de interesse em nos ouvir? É que a gente até tem muito que contar! Ou é exactamente por isso?
Ana Gomes
Za
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LFB
Os colegas chamam-lhe ZZ Top ou Zerovic, porque já não corre. Mas Zlatko Zahovic não se importa. Foi campeão nacional de xadrez quando tinha 16 anos e é o melhor jogador esloveno de sempre. Capitão da sua selecção aos 33 anos, Za gosta de levar livros para os estágios do Benfica e fica a ler no bar, onde pede para desligarem a televisão. É um 10 e a um 10, já se sabe, perdoa-se quase tudo. Joga quando lhe apetece e perde a cabeça, em média, duas a três vezes por ano. Sempre em grande estilo como se exige aos Cantonas e aos Maradonas. Agora, ouviu dizer que o Rui Costa vem aí e resolveu "abrir o livro" - para utilizar o melhor dos chavões da gíria desportiva. Este homem é um senhor.
A avózinha do hip-hop
Publicado por
LFB
Num café com televisão passava um vídeo de hip-hop chunga, cheio de grandes carros e grandes mulheres onde o MC discursava pedagogicamente sobre como as "bitches" podem proporcionar prazer oral a um indivíduo. Concentrada, e só na sua mesa, uma septuagenária visionava o clip. Pediu um "cházinho de limão frio" que o empregado traduziu para Ice Tea com gelo, e voltou à "canção". Não havia no seu olhar nenhum vestígio de condenação moral ou qualquer outra. Olhava apenas. E cirurgicamente acertada com o ritmo do hip-hop, batia com os dedos no tampo da mesa. E sorria. E se isto não é um post, não sei o que seja. Talvez um conto, mas não tenho tempo.
quarta-feira, 21 de julho de 2004
200.000
Publicado por
LFB
Foi o número de visitas registado ontem pelo nosso contador desde o dia original do CN. Como o Vital, a Maria Manuel e o Luís Nazaré estão de férias, cabe-me registar o momento e agradecer a todos aqueles que nos visitam e partilham connosco este prazer diário. Obrigado pela vossa atenção, pelo vosso correio e pela assiduidade. A causa está para durar.
Entusiasmos empresariais
Publicado por
Anónimo
Quando um naipe representativo dos empresários nacionais vem declarar, no «Jornal de Negócios», o seu «entusiasmo» («entusiasmo», notem bem, é Sérgio Figueiredo, o director do diário, quem o assinala) com a equipa económica de Santana, que conclusão devemos extrair?
Que basta Bagão Félix ter transitado para as Finanças e Álvaro Barreto garantir o poder da sua recheada carteira de representação dos interesses económicos para se assistir a tal deslumbramento e euforia?
Afinal eram tão escassas as expectativas empresariais, depois de se ter falado em tantos nomes rutilantes para o prometido «dream team» de Santana?
Ou será que os nossos tão reivindicativos empresários e a jovem nata do «Compromisso Portugal» se contentam em ter simbolicamente António Mexia no Governo?
Não apetece concordar por uma vez com Vasco Pulido Valente e subscrever o seu diagnóstico sobre a estupidez atávica dos patrões portugueses?
VJS
Que basta Bagão Félix ter transitado para as Finanças e Álvaro Barreto garantir o poder da sua recheada carteira de representação dos interesses económicos para se assistir a tal deslumbramento e euforia?
Afinal eram tão escassas as expectativas empresariais, depois de se ter falado em tantos nomes rutilantes para o prometido «dream team» de Santana?
Ou será que os nossos tão reivindicativos empresários e a jovem nata do «Compromisso Portugal» se contentam em ter simbolicamente António Mexia no Governo?
Não apetece concordar por uma vez com Vasco Pulido Valente e subscrever o seu diagnóstico sobre a estupidez atávica dos patrões portugueses?
VJS
terça-feira, 20 de julho de 2004
Navegações à vista, que só vistas...
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AG
Viu-se na TV: Paulo Portas mostrou-se surpreendido por tomar posse do cargo de "ministro de Estado, da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar", apesar de muito ter suado para alargar a sua linha de Tordesilhas. A surpresa estava, afinal, apenas no título; não havia razão para tanto espanto. D. Manuel I tinha um muito maior, em que além de Portugal, Algarves e Guiné, incluía o senhorio do comércio, da descoberta e da navegação da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia; mesmo em regime republicano e depois das descolonizações, o título do líder do CDS/PP só peca por ser curto, convenhamos.
O sobressalto de Portas deu umas tantas gargalhadas à Pátria estável, por assim ficar evidenciada a trapalhada da formação do presente Governo. A estabilidade venerada por muitos tem peripécias assim. E veremos o mais que se seguirá na continuidade deste episódio, que só não é digno de antologia porque Eça de Queiroz o omitiu no manuscrito de " O Conde de Abranhos".
Ficamos, pois, com o mar na banheira do Ministério da Defesa; com as pescas continuando a cavalo na Agricultura; a administracao portuária, sabe-se lá onde...; a investigação científica dos recursos marinhos algures, se existir; a protecção ambiental das nossas costas entregue à Virgem do "Prestige"; a defesa internacional dos nossos direitos marítimos diafanamente ancorada nas Necessidades; a marinha mercante afundada; e a nossa ZEE a saque, entregue à velocidade dos submersíveis que o Ministro Portas encomendou...
Esta fragmentação santano-portista da coisa marítima, de resto, contradiz o que o Governo de Durão Barroso defendeu e disse querer pôr em prática, com a criação da Comissão Estratégica dos Oceanos - a reflexão transversal e a gestão integrada e coordenada de todas as vertentes de actividade ligadas ao mar (zelos fiscalizadores da continuidade barrosista podiam já aqui ser accionados...).
Apesar do pouco que veio a público sobre os trabalhos daquela Comissão, percebeu-se que ela se inscrevia na linha preconizada pelo Relatório da Comissão Mundial Independente dos Oceanos, que foi presidida por Mário Soares e advogou a governação integrada, a nível nacional e internacional, de todos os sectores e recursos envolvendo o mar. Nada mais retrógrado e incoerente com a evolução do conhecimento e estruturação internacional do que Portugal apresentar-se agora na ONU com o Ministro da Defesa a tutelar o mar! Nada mais contrário aos interesses estratégicos de Portugal, que dependem de nos sabermos organizar para controlar e aproveitar a nossa fabulosa ZEE, que nos torna, neste domínio, o maior país da UE! Nada mais adverso ao imperativo nacional de rentabilizar os nossos recursos atlânticos - que tantos auto-proclamados "atlantistas" ignoram e desbaratam!
Mas voltemos à súbita vocação marítima do ministério do Restelo: um conhecido meu, que verseja nas horas vagas, ficou tão impressionado que decidiu cometer uma epopeia sobre o caminho submarino para as ilhas Caimão. Entre as discotecas de Alcântara e o Restelo, no dia da posse na Ajuda, sentiu-se subitamente tocado pela inspiração das Tágides... Confia agora que, com a deslocalização de ministérios prometida pelo PM, e um tudo-nadinha de sorte, o subsídio para o empreendimento será rapidamente aprovado pelo XVI Governo Constitucional, reunido por teleconferência. A promulgação será feita a caminho, no Funchal, está bem de ver.
Ana Gomes
O sobressalto de Portas deu umas tantas gargalhadas à Pátria estável, por assim ficar evidenciada a trapalhada da formação do presente Governo. A estabilidade venerada por muitos tem peripécias assim. E veremos o mais que se seguirá na continuidade deste episódio, que só não é digno de antologia porque Eça de Queiroz o omitiu no manuscrito de " O Conde de Abranhos".
Ficamos, pois, com o mar na banheira do Ministério da Defesa; com as pescas continuando a cavalo na Agricultura; a administracao portuária, sabe-se lá onde...; a investigação científica dos recursos marinhos algures, se existir; a protecção ambiental das nossas costas entregue à Virgem do "Prestige"; a defesa internacional dos nossos direitos marítimos diafanamente ancorada nas Necessidades; a marinha mercante afundada; e a nossa ZEE a saque, entregue à velocidade dos submersíveis que o Ministro Portas encomendou...
Esta fragmentação santano-portista da coisa marítima, de resto, contradiz o que o Governo de Durão Barroso defendeu e disse querer pôr em prática, com a criação da Comissão Estratégica dos Oceanos - a reflexão transversal e a gestão integrada e coordenada de todas as vertentes de actividade ligadas ao mar (zelos fiscalizadores da continuidade barrosista podiam já aqui ser accionados...).
Apesar do pouco que veio a público sobre os trabalhos daquela Comissão, percebeu-se que ela se inscrevia na linha preconizada pelo Relatório da Comissão Mundial Independente dos Oceanos, que foi presidida por Mário Soares e advogou a governação integrada, a nível nacional e internacional, de todos os sectores e recursos envolvendo o mar. Nada mais retrógrado e incoerente com a evolução do conhecimento e estruturação internacional do que Portugal apresentar-se agora na ONU com o Ministro da Defesa a tutelar o mar! Nada mais contrário aos interesses estratégicos de Portugal, que dependem de nos sabermos organizar para controlar e aproveitar a nossa fabulosa ZEE, que nos torna, neste domínio, o maior país da UE! Nada mais adverso ao imperativo nacional de rentabilizar os nossos recursos atlânticos - que tantos auto-proclamados "atlantistas" ignoram e desbaratam!
Mas voltemos à súbita vocação marítima do ministério do Restelo: um conhecido meu, que verseja nas horas vagas, ficou tão impressionado que decidiu cometer uma epopeia sobre o caminho submarino para as ilhas Caimão. Entre as discotecas de Alcântara e o Restelo, no dia da posse na Ajuda, sentiu-se subitamente tocado pela inspiração das Tágides... Confia agora que, com a deslocalização de ministérios prometida pelo PM, e um tudo-nadinha de sorte, o subsídio para o empreendimento será rapidamente aprovado pelo XVI Governo Constitucional, reunido por teleconferência. A promulgação será feita a caminho, no Funchal, está bem de ver.
Ana Gomes
Mistérios da «silly season»
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Anónimo
O meu lado supersticioso faz-me suspeitar das coincidências. O facto de a posse do novo Governo ter coincidido com a abertura da «silly season» será puramente fortuito ou, como muita gente desconfia, constitui a prova de que se trata de um Governo completamente «silly»? Indício suplementar: o novo primeiro-ministro não foi já, durante sucessivas temporadas, o campeão absoluto das performances «silly» da época estival?
A verdade é que os acontecimentos se sucedem a um ritmo vertiginoso, sem que a imprensa de referência se interrogue sobre as razões de tantos mistérios. Aliás, os jornais perderam a atenção e a saudável curiosidade de saber o que se esconde por detrás dos factos e parecem achar tudo burocraticamente normal. Estará a imprensa «silly»?
Porque é que Paulo Portas só soube na hora, em directo do palácio da Ajuda, frente às câmaras de televisão, que iria ser também ministro dos Assuntos do Mar? Porque é que Santana Lopes terá «andado aos papéis» durante o discurso da sua tomada de posse? Como se compreende tanta atrapalhação?
Mas os mistérios não se resumem ao Governo. Quem explica a extraordinária aliança entre o «fracturante» Sérgio Sousa Pinto e o «blairiano» José Sócrates, já consagrado secretário-geral do PS? E quem diria que Sérgio (co-autor recente de um livro de diálogos com Mário Soares) seria o «maître-à-penser» do candidato favorito de José Lello e tantas figuras relevantes do PS profundo? O meu espanto não tem fim. Só o dos jornais é que parece ter-se esgotado. Sinais dos tempos (ou da «silly season»)?
Vicente Jorge Silva
A verdade é que os acontecimentos se sucedem a um ritmo vertiginoso, sem que a imprensa de referência se interrogue sobre as razões de tantos mistérios. Aliás, os jornais perderam a atenção e a saudável curiosidade de saber o que se esconde por detrás dos factos e parecem achar tudo burocraticamente normal. Estará a imprensa «silly»?
Porque é que Paulo Portas só soube na hora, em directo do palácio da Ajuda, frente às câmaras de televisão, que iria ser também ministro dos Assuntos do Mar? Porque é que Santana Lopes terá «andado aos papéis» durante o discurso da sua tomada de posse? Como se compreende tanta atrapalhação?
Mas os mistérios não se resumem ao Governo. Quem explica a extraordinária aliança entre o «fracturante» Sérgio Sousa Pinto e o «blairiano» José Sócrates, já consagrado secretário-geral do PS? E quem diria que Sérgio (co-autor recente de um livro de diálogos com Mário Soares) seria o «maître-à-penser» do candidato favorito de José Lello e tantas figuras relevantes do PS profundo? O meu espanto não tem fim. Só o dos jornais é que parece ter-se esgotado. Sinais dos tempos (ou da «silly season»)?
Vicente Jorge Silva
Chicotada psicológica
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Anónimo
O Ministério das Finanças parece-se cada vez mais com uma SAD de um clube da Primeira Liga em dificuldades.
Os resultados da cobrança fiscal são cada vez piores. Que fazer? A resposta é futebolística: chicotada psicológica! Muda-se o treinador [leia-se director-geral] e pr'á frente que a bola é redonda! Tal como no futebol, as chicotadas psicológicas sucedem-se, mas os resultados, esses, não melhoram. Pelo contrário, sobem a evasão e a fuga ao fisco!
Herdado dos governos socialistas - acusados de ter posto o país de tanga, mas que conseguiram aumentar a receita fiscal - Nunes dos Reis pede a demissão por ter visto a ministra em início de mandato criticar o facto de ele ter em tempos recebido como caução da dívida SLB acções do dito (cá está de novo o futebol). Embora tal caução não fosse a caução, mas sim e apenas o primeiro valor a accionar, a ministra finge que o despede em pleno debate parlamentar. Na verdade, o homem já tinha apresentado a sua demissão. Pormenores!
Vai-se buscar, com pompa e circunstância, Armindo Sousa Ribeiro. Mas, em menos de nada, o homem perde a confiança do seu superior hierárquico [que título daríamos a este: administrador da SAD?] e pronto: nova chicotada psicológica! A contratação é de peso: Paulo Moita Macedo, o salário mais alto de toda a Função Pública, é o novo treinador, perdão, o novo director-geral de Contribuições e Impostos.
Bagão Félix, certamente recordando o seu longo trajecto de membro de vários corpos sociais do SLB, não hesita, ainda nem tinha aquecido a cadeira das Finanças. Nova chicotada psicológica: fora com o actual treinador, venha outro.
Concluindo: em pouco mais de dois anos, quatro directores-gerais.
Resultado: Evasão 7 - Cobranças 0.
A maior tareia fiscal de que há memória!
Jorge Wemans
Os resultados da cobrança fiscal são cada vez piores. Que fazer? A resposta é futebolística: chicotada psicológica! Muda-se o treinador [leia-se director-geral] e pr'á frente que a bola é redonda! Tal como no futebol, as chicotadas psicológicas sucedem-se, mas os resultados, esses, não melhoram. Pelo contrário, sobem a evasão e a fuga ao fisco!
Herdado dos governos socialistas - acusados de ter posto o país de tanga, mas que conseguiram aumentar a receita fiscal - Nunes dos Reis pede a demissão por ter visto a ministra em início de mandato criticar o facto de ele ter em tempos recebido como caução da dívida SLB acções do dito (cá está de novo o futebol). Embora tal caução não fosse a caução, mas sim e apenas o primeiro valor a accionar, a ministra finge que o despede em pleno debate parlamentar. Na verdade, o homem já tinha apresentado a sua demissão. Pormenores!
Vai-se buscar, com pompa e circunstância, Armindo Sousa Ribeiro. Mas, em menos de nada, o homem perde a confiança do seu superior hierárquico [que título daríamos a este: administrador da SAD?] e pronto: nova chicotada psicológica! A contratação é de peso: Paulo Moita Macedo, o salário mais alto de toda a Função Pública, é o novo treinador, perdão, o novo director-geral de Contribuições e Impostos.
Bagão Félix, certamente recordando o seu longo trajecto de membro de vários corpos sociais do SLB, não hesita, ainda nem tinha aquecido a cadeira das Finanças. Nova chicotada psicológica: fora com o actual treinador, venha outro.
Concluindo: em pouco mais de dois anos, quatro directores-gerais.
Resultado: Evasão 7 - Cobranças 0.
A maior tareia fiscal de que há memória!
Jorge Wemans
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