segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um pouco mais de seriedade política, sff

No seu discurso de rentrée política Manuela Ferreira Leite voltou a atacar uma alegado «clima antidemocrático» vigente, supostamente instalado pelo Governo do PS. Mas não concretizou essa grave acusação, que não passa de uma fácil invenção do PSD, não se baseando em nenhuma acusação fundada de violação das regras constitucionais ou das "convenções políticas" que regem a vida democrática.
A verdade é que poucos países democráticos terão um governo tão escrutinado como este pelas instituições apropriadas (Presidente da República, Parlamento, Tribunal de Contas, Provedor de Justiça, etc.) e pelos media, maioritariamente críticos. Poucos governos maioritários terão tido entre nós a coragem de nomear tantas personalidades independentes ou oriundas da oposição para lugares fulcrais, como por exemplo a CMVM, a CGD, ou mais recentemente o secretário-geral para a segurança. Nenhuma maioria parlamentar teve, como esta, o desprendimento para proceder a uma reforma parlamentar que amplia substancialmente os poderes parlamentares da oposição, bem como a exposição parlamentar do Governo.
A primeira obrigação de uma oposição responsável é a seriedade no debate político. A acusação de antidemocratismo não é pura a simplesmente séria.

Angola

Só quem não acompanhe minimamente a situação política em Angola é que pode surpreender-se com a inequívoca vitória do MPLA nestas eleições, se bem que a sua expressão esmagadora, muito maior do que em 1992, tenha ficado além do previsto. É uma vitória tanto mais expressiva quanto se estendeu a todas a províncias, incluindo Cabinda, o que tem especial relevo para a coesão e unidade política nacional angolana.
Por sua vez, a UNITA sofreu um desaire eleitoral muito maior do que há 16 anos, tendo mesmo deixado de ser o segundo partido em várias províncias. Por muito que pese a algumas "viúvas de Savimbi" ressentidas que continuam a marcar a opinião sobre Angola entre nós, estas eleições constituem também a merecida punição póstuma pela cruel e destruidora guerra civil com que a UNITA tentou fugir à sua derrota eleitoral de 1992.
Aditamento
Depois das ONG angolanas, da missão da CPLP, da missão dos países da África Central foi agora a vez da missão de observadores da UE de declarar que as eleições foram livres e transparentes.

sábado, 6 de setembro de 2008

Eleições angolanas (2)

A cobertura das eleições angolanas por vários media portugueses revelou episódios pouco edificantes.
Assim, por exemplo, foi dado destaque a uma suposta declaração bombástica da chefe da equipa de observadores da UE, segundo a qual as eleições estavam a ser «um desastre». Mas quase nenhum deu depois conta do esclarecimento da interessada, de que se tinha referido apenas a uma assembleia de voto que visitara!
Num noticiário da SIC, ouviu-se sobre o mesmo assunto a opinião do líder da Unita e de um conhecido jornalista da oposição angolana, mas não do Mpla, nem da Comissão Nacional de Eleições nem dos observadores internacionais.
Assim vão a isenção e a imparcialidade jornalística nesta questão...

Eleições angolanas

«UNITA pede repetição das eleições em Luanda».
É óbvio que nas assembleias de voto onde não pôde realizar-se o acto eleitoral, por dificuldades logísticas (por exemplo, falta de boletins de voto), deve repetir-se o acto eleitoral, aliás como estabelece a lei (tal como em Portugal...). Já o mesmo se não justifica onde a votação decorreu regularmente, embora com atraso no início das operações.
Em qualquer caso, é evidente que as deficiências logísticas reveladas em Luanda, embora lamentáveis, em nada afectam a liberdade nem a lisura das eleições, que ninguém põe seriamente em causa.
Aditamento
A Comissão Nacional de Eleições decidiu prolongar para hoje o acto eleitoral em Luanda, de modo a permitir a realização da votação nas assembleias onde o acto eleitoral não pôde ter lugar ou onde foi interrompido.

Presidente a mais...

«O Presidente não fala de política interna quando está no estrangeiro, mas falou. O presidente não se imiscui nas matérias do Governo, mas imiscuiu-se. O Presidente não participa no combate político-partidário, mas participou. E o calendário não pode ser coincidência. Sê-lo-á o estado do PSD?»
(Editorial do Jornal de Negócios de ontem).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Comparações impróprias

Nem como "provocação retórica" se pode aceitar a tese de José Manuel Fernandes no editorial de hoje Público (link para assinantes), segundo a qual as eleições angolanas são tão pouco "livres e justas" como a maioria das "eleições" do Estado Novo entre nós.
Tanto como negar a evidência da transição democrática em Angola, tal argumento também acaba por "branquear" as "mock elections" do Estado Novo.
Ora, por mais imperfeições que apresente a incipiente democracia eleitoral angolana, não existe nada de comum com as pseudo-eleições da ditadura. Num lado há liberdade de criação e de acção dos partidos políticos, direito de oposição, liberdade de propaganda eleitoral, recenseamento universal, controlo da votação pelos partidos e por observadores internacionais, supervisão das eleições por uma comissão eleitoral independente e pelos tribunais (incluindo um tribunal constitucional); no outro, eram proibidos e reprimidos os partidos políticos, não havia liberdade de imprensa e havia censura, a oposição era perseguida e reprimida, o recenseamento abrangia uma minoria e excluía milhares de oposicionistas, muitos dirigentes democratas tinham os direitos políticos cassados, não havia nenhum controlo da votação e do apuramento eleitoral, tampouco a supervisão de uma comissão eleitoral independente nem de observadores internacionais, muito menos dos tribunais.
As eleições angolanas são pluripartidárias e resultam em parlamentos representativos, proporcionalmente ao apoio eleitoral de cada partido; nas fictícias "eleições" do Estado Novo, a oposição raramente tinha oportunidade de concorrer e a ditadura ganhava sempre a 100%, mesmo que precisasse de falsificar miseravelmente os resultados eleitorais, como sucedeu com as presidenciais de 1958.
Decididamente, há excessos retóricos que destroem qualquer argumento, mesmo que ele tivesse algum pé para andar...

Prisão preventiva

Ao contrário da impressão irresponsavelmente veiculada por alguns "media", a alteração da lei das armas não vai impor a prisão preventiva nos casos de crimes com uso de arma. Apenas a vai possibilitar, onde ela estava excluída. A sua aplicação, em vez de outras "medidas de coação", continuará a depender da prudente apreciação do juiz sobre a sua necessidade em cada caso, se verificados todos os requisitos previstos no Código de Processo Penal (que não é alterado nesta matéria).
Convém combater a histeria populista a favor da generalização da prisão preventiva, que ameaça instalar-se de novo entre nós, tanto à direita (como é próprio da sua tradição securitária), como à esquerda (o PCP já defende o regresso da prisão preventiva para todos os crimes puníveis com pena superior a três anos).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

USA 2008

O selvagem ataque de Sarah Palin a Obama confirma que a escolha da vice-presidente no "ticket" Republicano, em vez de reforçar o espaço político de MaCain vem radicalizar a campanha eleitoral, além de tornar a sua candidatura refém da direita fundamentalista religiosa, o que pode facilitar a tarefa de Obama na conquista do voto moderado norte-americano. Os Democratas devem considerar bem-vinda este desvio dos adversários mais para a direita...

Aquecimento climático

«Los glaciares de los Pirineos desaparecerán en menos de 50 años».
Há, todavia, quem continue a negar veementemente a evidência da mudança climática...

Antologia do anedotário político

«Jovens social-democratas querem referendos de 6 em 6 meses».

Retaliação

Independentemente das razões, é descabida, além de contraproducente, a decisão do governo angolano de recusar vistos de entrada a alguns media portugueses por atitudes consideradas hostis no passado.
Mas deduzir daí que o Governo angolano não deseja o escrutínio das eleições pela imprensa livre e independente não é menos descabida. Além dos numerosos observadores oficiais internacionais (incluindo do parlamento português e do parlamento europeu), acaso não são livres e independentes as dezenas de órgãos de informação estrangeiros, incluindo portugueses, que lá se encontram?

Mais um passo para a destruição do "Estado social" em Portugal

«Novas regras da acção social escolar a aprovar hoje triplicam beneficiários».
O PCP e o BE devem andar distraídos, pois ainda não denunciaram mais esta peça da "política de direita" de Sócrates...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Paulo Pedroso

Obrigada, Paulo!
Por não desistires de lutar: por ti, pela tua familia, pela tua reputação. Pelo PS. E por todos nós, que acreditamos em Portugal, no Estado de direito e na Justiça.
Há provações tão cruéis, tão desumanas, tão injustas, que só podem fortalecer quem não se deixa quebrar por elas.

A Justiça errou, mas reconhecê-lo não basta

Chegaram-me logo de manhã a Luanda (onde integro a delegação do PE que vai observar as eleições angolanas) ecos da decisão judicial na acção que Paulo Pedroso interpôs contra o Estado pela prisão ilegal que sofreu, a pretexto das monstruosas calúnias contra ele lançadas na investigação sobre o processo Casa Pia. O meu dia tornou-se radioso, acontecesse o que acontecesse. Mas tive de esperar, impaciente, até alta noite para conseguir ter acesso à net e conhecer detalhes da sentença reproduzidos nos media portugueses.
Agora que já li o que havia a ler, quero sublinhar o seguinte:
O reconhecimento do erro judicial «grosseiro» é importante e reconforta. Mas não repara, nem de perto nem de longe, o sofrimento infligido a Paulo Pedroso (e não só - aos seus familiares e amigos, a Ferro Rodrigues, a outros membros da direcção do PS que ambos encabeçavam, como eu própria, e a milhares de socialistas e portugueses por esse país fora que o conheciam e intuiam que as acusações espalhadas contra ele eram falsas e perversamente fabricadas). Uma parte desse sofrimento fica em quem o experimentou: é irreparável – o próprio Paulo Pedroso o disse.
Mas a Justiça portuguesa pode e deve fazer muito mais para reparar o que é reparável.
E a reputação de um homem íntegro, um ministro competente, um deputado, dirigente político e professor universitário dedicado ao serviço público e ao progresso de Portugal, como Paulo Pedroso, pode e deve ser reparada.
E as reputações do Estado de direito, da própria Justiça e da Polícia de investigação criminal em Portugal também podem, devem e realmente precisam de ser reparadas, porque todas ficaram gravemente feridas pelo “erro grosseiro” cometido contra o cidadão Paulo Pedroso.
Para reparar o que ainda pode ser reparado o Estado português, através da Justiça, tem de ir mais além do que o reconhecimento do “erro grosseiro” e do pagamento de indemnizações: tem de fazer tudo para desenterrar a verdade e para identificar, expor e julgar os canalhas que instrumentalizaram jovens da Casa Pia, vítimas de abusos pedófilos, para acusarem falsamente Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues e Jaime Gama (está em causa a segunda figura mais alta do Estado, o Presidente da Assembleia da República).
O Estado tem também de garantir que rapidamente se conheça o veredicto judicial sobre as acusações contra Carlos Cruz, pois, como é obvio, o reconhecimento do “erro grosseiro” contra Paulo Pedroso faz disparar as inquietações da opinião pública sobre esta outra figura de notoriedade insuperável e conhecida colaboração com governantes do PS.
Para reparar o que ainda pode ser reparado o Estado, através da Justiça, tem de fazer tudo para descobrir e revelar ao povo português o que moveu os canalhas que se conluiaram para montar a urdidura contra Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama e todos os falsamente acusados.
Uma urdidura montada para desviar atenções da investigação criminal sobre os frequentadores dos meninos da Casa Pia e do Parque, processos que não podiam deixar de ser articulados para a investigação ser competente e credível. Mas, aparentemente, não foram -recordo que o patético PGR da época recusou investigar quem eram os dois ministros de Durão Barroso que frequentavam o Parque, segundo a revista francesa “Le Point”....
Uma urdidura montada para também, de caminho, decapitar políticamente o PS de uma direcção que inquietava o “centrão” traficante de favores e negociatas à custa do Estado.

Prognóstico reservado

Sócrates já concede que o crescimento económico deste ano possa quedar-se por 1,2%, tal como prevê aliás o Banco de Portugal. Mas há quem reveja essa meta em baixa. Em qualquer caso, não são boas notícias para o emprego, nem para a consolidação das finanças públicas, nem para o rendimento dos portugueses. A um ano de distância das eleições, a situação económica ajuda a oposição.
Entretanto, em perfeito exercício de "nonsense" político, os sindicatos querem aumentos salariais de 4% e de 5%. De facto, numa situação de frágil crescimento, como a actual, nada melhor do que empolar os salários, para aumentar a competitividade da economia, o crescimento e o emprego!...

Função pública

Como é típico dos anos eleitorais, os sindicatos da função pública querem nutridos aumentos do poder de compra em 2009. Mas é evidente que o Governo não pode estoirar o orçamento nem abandonar o seu objectivo de redução do peso orçamental das despesas de pessoal, que é muito superior à média europeia, mercê de uma política salarial politicamente irresponsável ao longo dos anos. Por isso, apesar da pressão eleitoral, não é de esperar que o Governo ponha em risco a contenção orçamental nem a redução do défice público.
Aditamento
Ao contrário do que se proclama, a alegada perda de poder de compra da função pública num certo período não pode ser calculada pela comparação entre o aumento anual nominal das remunerações e a inflação verificada (como se faz por exemplo aqui), pois a massa salarial aumenta sempre consideravelmente por efeito das mudanças de escalão remuneratório de muitos funcionários, muitas delas automáticas, como era norma até há pouco tempo. O que deve ser comparado é a variação do valor médio da remuneração (per capita), dividindo a massa salarial pelo número de funcionários em cada ano. A comparação pode aliás ser desagregada por categorias ou subcategorias homogéneas de funcionários, para ser mais exacta.
[revisto]

O Estado é que paga

Como escrevi na altura, sempre considerei manifestamente injustificada e arbitrária a prisão preventiva infligida a Paulo Pedroso, quer por falta de indícios credíveis de envolvimento nos crimes em causa (dos quais veio a ser definitivamente ilibado), quer por não se verificarem os demais pressupostos da prisão preventiva, como "medida de coacção" de última instância.
O Estado foi agora condenado a pagar ao lesado uma indemnização pelos danos causados pelo "erro grosseiro" dos agentes do Ministério Público que propuseram a prisão preventiva e do juiz que a decretou e manteve, contra toda a mais elementar justiça. Não havendo nessa altura responsabilidade pessoal por erros judiciários causadores de responsabilidade civil, os culpados do erro grosseiro nada vão pagar pelos danos que causaram à vítima da sua perseguição. Mas os contribuintes vão pagar pela sua irresponsabilidade.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A lasca do Alasca

Para abafar o triunfo de Obama e dos democratas no Estádio de Denver, a campanha republicana planeou para a manhã seguinte o anúncio ribombante da escolha de John McCain para a candidatura à Vice-Presidência (mas enquanto a organização democrata fora impecável até nos horários, os republicanos obrigaram os repórteres a “encher chouriço” durante duas horas, até que a sessão começasse...).
Sarah Palin, a lasca do Alasca, estonteou, de facto, toda a gente!
Não necessariamente pelas mais auspiciosas razões.
Claro que é gira e, à primeira vista, desinvolta frente a câmaras e microfones.
Claro que diz estar ali para quebrar os tectos de vidro que Hillary fez estalar (ou, como se gabava um comentador reaças da FOX News, “hey! we are the ones who come up with the babe afterall!”).
Claro que invoca pergaminhos na luta contra a corrupção e contra tubarões do seu próprio partido.
Mas o grnde «handicap» de Sarah Palin é que, mais do que ninguém a conhecer nos EUA, ninguém lhe reconhece competência e experiência para ser Vice-Presidente (“será capaz de apontar o Irão no mapa?” perguntava um reporter na TV). Ainda por cima tratando-se da possível substituta na Casa Branca do mais velho candidato presidencial de sempre - 72 anos, cumpriu McCain nesse dia - e com longo historial de fintas ao cancro.
Todos os motoristas de táxi, empregados de restaurante, lojistas e outros americanos com que troquei palavras nessa sexta-feira, simpatizantes de democratas ou republicanos, se afirmaram perplexos e inquietos com a escolha de Mc Cain.
Devo dizer que eu não fiquei especialmente preocupada.
Antes de mais Sarah Palin destruia duas das mais viciosas linhas de ataque de McCain a Obama: a acusação de que não tinha experiência para o cargo (e a da piquena?) e de que só tinha a substância das "celebrities" (e qual é a "gravitas" da Governadora do Alasca capa da Vogue?).
Cheirou-me logo que a "babe" do Alasca ia sair pela culatra aos republicanos:
- o mulherio que votou Hillary Clinton jamais se deixará seduzir por uma dama que está nos seus antípodas ideológicos, sendo obscenamente pró-armas e anti-aborto (a exibição da criancinha com sindroma Down “sucks”); quando muito McCain sacaria mais votos no “bible belt” que lhe resistia por o achar “too liberal”....
- o potencial para esturro adivinhava-se no facto de McCain não conhecer realmente a “babe”, só a tendo encontrado uma única vez antes de a meter no “ticket”; no esfusiamento mediático de Sarah Palin (devo confessar que até achei piada à energia, lata e “guts” que exibiu na sessão de apresentação); para além da história da investigação que já tinha às costas, por suspeitas de pressões para despedir de um emprego estatal um ex-cunhado.
Hoje rebentou a cena da filha adolescente grávida que a futura vóvó Sarah e o marido querem casar apressadamente – cena que deve arrepiar o pelo aos mais reaccionários dos apoiantes de McCain e está já a render um “field day” aos insaciáveis media (apesar de Obama ter condenado quaisquer aproveitamentos).
Cheira-me que ainda não assistimos a nada na avalanche soterradora que o derretimento de John McCain pela lasca do Alasca promete ao Partido Republicano.

"A nossa Rice"


Não é, obviamente, a estafada, falhada e desafinada Condoleezza.
É Susan, tomem nota!.
A Susan Rice.
"A nossa Rice", sublinhou Madeleine Albright.
A Susan que hoje é vice-presidente do NDI, membro do Brookings Institute e sobretudo dirige a equipa de conselheiros de política externa de Obama.
Se Obama for Presidente ela será Secretária de Estado ou dirigirá o National Security Council (ela já foi, recorde-se, Secretária de Estado Adjunta para Africa de Bill Clinton, quando Madeleine Albright era Secretária de Estado).
Quem o soprou foi o Senador Gary Hart, que moderou o debate com os principais conselheiros de política externa de Obama, organizado em Denver, no último dia Convenção, para representantes estrangeiros convidados, como eu. Gary Hart sublinhou, martelando o significado, que fora a Susan quem o escolhera como moderador, quem escolhera os oradores (que incluiam Tony Lake) e quem determinara a ordem das intervenções, guardando-se para a última, antes de estender o debate à audiência.
Quem revisitar as imagens da ultima viagem de Obama pelo Iraque, Afeganistão, Médio Oriente e Europa, topa sempre a Susan, discreta, à ilharga dele.
Susan tem fundamental responsabilidade pela orientação integrada, abrangente, das várias componentes da política externa americana proposta por Obama. Incluindo a prioridade dada ao combate contra a pobreza globalmente, prometendo fundos avantajados para promover educação e saúde em particular. Incluindo o interesse especial por África.

Sentimento de insegurança

Considero despropositadas e contraditórias as críticas às recentes operações policiais, com base nos seus escassos resultados.
O seu objectivo imediato era seguramente combater o sentimento de insegurança que a recente vaga de assaltos gerou e que os media exploraram até ao exagero, como é usual. E nesse aspecto é indiscutível o seu êxito. Quem critica a falta de vigilância policial não pode depois criticar as demonstrações de acção policial...

Mais eucaliptos?!

Nada tenho contra a gestão empresarial da floresta pública, pelo contrário. O Estado tem obrigação de gerir eficientemente o seu património florestal, aliás escasso.
Mas esse objectivo não justifica só por si a gestão privada, podendo ser efectuada por meio de empresas públicas, como sucede noutras áreas, desde a banca pública até aos hospitais-empresa. Além disso, gestão privada da floresta em Portugal quer dizer muito provavelmente mais eucaliptos para as celuloses. E eucaliptos é o que já temos de sobra, para mal do ambiente e da paisagem...

Sentimento de um adepto preocupado

Os resultados enganam. Se continuar a jogar assim, descosidamente, o Sporting não pode ir longe...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Para os admiradores de Dylan

«Los versos ocultos de Bob Dylan».

Emprego público garantido

O País já tinha seguramente saudades das acções de massa da Fenprof. Felizmente, porém, há instituições que não desiludem...
A Fenprof acha que o Estado deve contratar todos os candidatos a professores, mesmo que não sejam precisos no serviço nacional de educação. Já agora também deveria fazer o mesmo com os médicos e os enfermeiros, com os candidatos a guardas e polícias, e a dactilógrafos e varredores, etc..
Toda a gente teria emprego público garantido e todo o País viveria feliz à conta do orçamento... até à breve e inevitável bancarrota orçamental.

Mais uma medida de "destruição do Estado social"

«Bruxelas propõe licença de maternidade de 18 semanas».
O BE e o PCP ainda não denunciaram mais esta "medida neoliberal" da UE...

Crónicas da Convenção Democrata

Já estão disponíveis na Aba da Causa esta e outra crónica que escrevi em Denver para o jornal "Público" sobre a Convenção Democrata.
Força Obama!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Organização territorial

Foi publicada a lei das comunidade intermunicipais (CIM), as quais agregam os municípios integrantes das unidades territoriais correspondentes às NUTS III, ou de mais do que uma, desde que contíguas e pertencentes à mesma NUTS II (as cinco "regiões-plano").
Trata-se de uma considerável inovação na organização territorial, já anunciada oficialmente num diploma publicado em Abril do corrente ano, abandonando a geografia livre das entidades intermunicipais previstas na legislação de 2003 ("reforma Relvas"). Doravante, as entidades intermunicipais correspondem necessariamente à divisão territorial das 28 NUTS III do Continente, o que confere homogeneidade e consistência territorial à nova geografia intermunicipal. Deste modo, as novas CIM configuram a consolidação das NUTS III quer como base da intermunicipalidade quer como base da organização e da administração territorial do Estado (investimentos do QREN, serviços de saúde, organização judicial, etc.).
No caso do Algarve, que compreende uma só unidade NUTS III, coincidente com a NUTS II regional, a respectiva CIM tem poderes reforçados, de natureza regional, o que prefigura claramente uma proto-região administrativa, com poderes próprios e órgãos de governo próprios. De resto, o mesmo pode suceder teoricamente noutras regiões, visto que a lei permite a fusão das várias CIM dentro da mesma NUTS II...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Irresponsabilidade

A Inspecção-Geral de Saúde descobriu que «18 dos 74 hospitais do Serviço Nacional de Saúde isentaram ilegalmente os seus funcionários ou respectivos familiares de taxas moderadoras».
A notícia acrescenta que, depois de identificadas as situações e os responsáveis, terminou a totalidade dos casos ilegais. Fica porém sem se saber se foram abertos procedimentos para efeitos de responsabilidade disciplinar e financeira...

Hillary Clinton

A derrotada candidata à nomeação presidencial não podia ter feito melhor no seu apelo à unidade Democrata e no apoio à candidatura de Obama.
Prouvera que este esteja à altura desse inequívoco apoio. É tempo de o candidato definir com clareza o seu projecto de governação e convencer os cidadãos americanos sobre a sua alternativa política.