quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

FUMAR


Li há dias, sem surpresa - que a idade já não dá para tanto -, que, em Nova Iorque D.C., um cidadão (não especificando a nacionalidade nem a etnia), pode ser multado em qualquer ninharia como dois mil dólares se for apanhado na posse de um cinzeiro. Contudo, é-me permitido andar com uma arma, sem ser sujeito a qualquer coima ou reprimenda bruta de um qualquer agente de autoridade ou cidadão pacifista, cultor das flores de S. Francisco.
Não estou a contar nenhuma anedota. Limito-me a escrever sobre uma notícia, uma breve, uma tripinha, que surgiu num jornal diário.
Sou um fumador inveterado. Porventura tardio, mas que ainda apanhei os outros. Sei que o fumo me consome (não estou a falar dos escapes dos automóveis, das chaminés das cimenteiras, da política portuguesa), sei que me faz mal, mas estou a bem com a sociedade -o imposto que pago diariamente ao Estado pelo facto de fumar, dá-me a tranquilidade de saber que pago o meu futuro cancro, sobrando ainda algum dinheiro para o cancro de alguém que nunca fumou.

Rogério Rodrigues