O insignificante sub-secretário de Estado da Cultura que em 1992 censurou um livro de José Saramago, por ser “contrário à moral cristã”, declarou ontem que a sua atitude contou com o apoio e solidariedade do então Primeiro-Ministro, Cavaco Silva. A acusação é muito grave, pelo que, mesmo vinda de personagem pouco credível e interessado em invocar essa "cobertura" política, importa que o visado esclareça se ela corresponde à verdade, pois existe uma diferença considerável entre não se ter oposto à censura e tê-la apoiado expressamente.
É a credibilidade do antigo primeiro-ministro como possível futuro candidato à presidência da República que está em causa.
Post scriptum (com agradecimento ao CE pela observação) - E quanto a Santana Lopes -- que era o responsável governamental pela cultura e portanto o superior político da criatura --, é de presumir obviamente que deu luz verde à decisão censória do seu subordinado. Será que também ele (igualmente potencial candidato à presidência da República) faria hoje o mesmo?