Tenho o fascínio dos aeroportos. Melhor: de um aeroporto. Mas não é por causa dos aviões, das viagens, nem sequer pelas hospedeiras que o aeroporto de Lisboa sempre me encantou.
Nos meus 18 anos de ilha Terceira, havia sempre uma altura do ano em que sonhava com o aeroporto de Lisboa - no verão. Momento do ano ao qual, na gíria futebolística, se chama defeso.
É a época em que chegam os reforços aos grandes clubes. E eu, benfiquista doente, ficava a vê-los chegar e prometer sonhos pela televisão.
Mais ainda: desde que aterrei em Lisboa pela primeira vez, e sempre que chego ou parto com a Portela como escala, tenho o gozo enorme de colocar a minha mala no carrinho, pôr os óculos escuros e estilosos, e passar anónimo por corredores cheios de gente que espera alguém, enquanto respondo às perguntas imaginárias de repórteres invisíveis:
"Sim, vim para o Benfica. Estou muito feliz. Vou marcar muitos golos. Seremos campeões, com a graça dji Deus, né?".