quarta-feira, 7 de julho de 2004

Incongruência

Parece que os deputados do PS no Parlamento Europeu (PE) vão apoiar a indigitação de Barroso para presidente da Comissão (assim o diz, pelo menos, o Correio da Manhã, que descobri via o Jumento).
Aparentemente haveria boas razões para o não fazerem. Ele foi designado no seguimento da imposição do Partido Popular Europeu (PPE), o mais representado no PE, de que o presidente da Comissão tinha de ser um dos seus, inviabilizando por isso a candidatura de António Vitorino. Como presidente da CE, Barroso vai naturalmente defender e implementar na UE orientações políticas muitos diferentes das do Partido Socialista Europeu (PSE). O PSE definiu uma orientação de voto contra. Foi em disputa e contra o ramo nacional do PPE, ou seja, o PSD, presidido por Barroso, que os socialistas ganharam as eleições europeias em Portugal. Não foi seguramente para votarem em Barroso que os eleitores portugueses do PS os elegeram. Barroso não precisa dos seus votos para ser confirmado no PE.
A posição favorável só pode significar que o "factor nacional" (como se o presidente da Comissão fosse representante de Portugal, o que seguramente não é) prevalece sobre todas as demais considerações, mesmo à custa da solidariedade política devida aos seus colegas do PSE, em cujo grupo parlamentar se integram. Porquê?