segunda-feira, 28 de março de 2005

amor e um camião do lixo

exterior/noite

(numa lateral da Maternidade Alfredo da Costa)

Um camião do lixo percorre a rua lentamente, para não incomodar a madrugada. Primeira surpresa: um dos "homens do lixo" é uma mulher. Como eles, também ela corre para os caixotes, num vai-vém entre a sua localização e o camião onde trabalha.
O camião faz a curva e desaparece por momentos. Um pouco para trás, ficaram a mulher e outro colega. Para segundo espanto do homem que observa, em silêncio, no interior do seu carro estacionado perto deles, o casal toca-se, beija-se, sorri e, de mãos dadas, devagar, faz também a curva do desaparecimento. Sujos, desprestigiados, mal pagos, acordados quando toda a gente dorme, felizes.