No caso de as eleições presidenciais se virem a disputar num dos cenários neste momento previsíveis -- Cavaco Silva, à direita, e Mário Soares, Jerónimo de Sousa (PCP) e um candidato do BE, à esquerda (para além do inevitável candidato do MRPP e outros candidatos folclóricos...) --, qual será a situação preferível para Mário Soares: a desistência dos candidatos do PCP e do BE, antes da votação -- decidindo-se as eleições logo a dois, entre Cavaco e Soares --, ou a ida às urnas dos três candidatos das esquerdas, deixando a agregação das respectivas forças para uma possível 2ª volta?
Recorde-se que a eleição à 1ª volta exige maioria absoluta, precisando o candidato vencedor de ter mais votos do que todos os outros candidatos somados. Nesse quadro, se for de prever que as três candidaturas à esquerda somarão, em conjunto, mais votos concorrendo separadas do que concentradas em Mário Soares logo à primeira volta -- hipótese verosímil --, então a divisão à esquerda não favorecerá Cavaco, antes pelo contrário. Nessa hipótese, a possibilidade de ele ser eleito à 1ª volta será mais difícil. E se não ganhar à 1ª volta, muito menos o conseguirá à 2ª (como sucedeu a Freitas do Amaral em 1986). Por isso, se houver uma situação de relativo equilíbrio, a divisão à esquerda, embora impedindo seguramente uma vitória de Soares à 1ª volta, pode dificultar a eleição de Cavaco e permitir-lhe e ele, Soares, ganhar à 2ª.
O mais provável é que as decisões só venham a ser tomadas perto do dia das eleições, tendo em conta as sondagens de opinião...