O que é que me inquieta (pergunta um leitor) na entrevista do Presidente da República?
Duas coisas: primeiro, a nítida sensação que se colhe de que o PR quer intervir e intervém directamente na formulação das soluções governativas; segundo, o seu cuidado em sublinhar publicamente a sua solidariedade política com o Governo.
Ora, a meu ver: primeiro, o PR tem um poder de supervisão do Governo, mas não um poder de superintência e de ingerência nas soluções governativas; segundo, o PR deve manter uma prudente discrição quanto à sua apreciação acerca do desempenho político do Governo em funções, seja ela de apoio ou de censura. Como árbitro, o Presidente não deve participar no jogo; como supervisor, o Presidente deve observar uma adequada distância em relação ao Governo.