«Subscrevo inteiramente a opinião do leitor Luís L.
Conheço várias pessoas que, tal como esse leitor, consideram que "a IVG é um tratamento médico, mas não um tratamento de saúde, na medida em que a gravidez não é uma doença" , pelo que não se sentem confortáveis com a perspectiva de o acto médico respeitante ao aborto vir a ser pago ou comparticipado pelo SNS. E ainda mais com as consequências que todo este processo pode vir a ter na questão das prioridades relativas às listas de espera nos hospitais.
Estas dúvidas podem ter efeitos perversos (em minha opinião) no referendo, proporcionando mais uma vez a vitória do "não". Julgo que muitas pessoas ainda não decidiram se participam na votação, em virtude da ambiguidade que foi criada em torno da questão do pagamento do aborto.
De facto, num momento em que é dado tanto ênfase à necessidade de reduzir a despesa pública e em que, à custa disso, tantas "regalias" são retiradas a várias classes profissionais, em particular em matéria de assistência médica, é natural que a generalidade das pessoas se encontre sensibilizada e atenta à possibilidade de o aborto vir a ser pago, ou não, pelo SNS.
Os actuais governantes que, por motivos óbvios, deveriam ter sido os primeiros a antecipar estas dificuldades, não estão a saber tratar do assunto. Oriundos de uma geração de "causas" mas de poucos "efeitos", sabem enunciar os problemas, mas não sabem resolvê-los. Por via disto, vamos assistir, possivelmente, a mais uma oportunidade perdida para resolver o problema do aborto clandestino.»
Jorge O.