Tanto quanto se sabe, o acordo PS-PSD para a reforma do sistema de governo das autarquias locais -- cujos traços fundamentais passam pela existência de uma única votação, para a assembleia, sendo presidente do executivo o primeiro nome da lista mais votada para a assembleia -- consiste numa adaptação do regime já hoje vigente nas freguesias.
As principais diferenças estão na garantia de maioria absoluta no executivo para o partido vencedor (porém sob condição de confirmação dos vereadores pela assembleia) e na representação da oposição no mesmo executivo. Uma verdadeira salsada institucional!
Seguro é que o novo sistema vai tornar as eleições para a assembleia municipal em eleição do presidente da câmara municipal -- como já hoje sucede nas freguesias --, consumando o processo de presidencialização e de pessoalização do governo autárquico e reforçando a tendência para a sua bipolarização política (embora a manutenção da eleição de vereadores dos partidos minoritários possa atenuar essa tendência).