O anúncio da extinção do "imposto sobre o património" em Espanha lançou alguma especulação entre nós sobre uma possível extinção do IMI em Portugal (por exemplo no Diário Económico). O que é verdadeiramente abstruso.
De facto, uma coisa nada tem a ver com outra. Em Portugal não existe aquele imposto; em Espanha também existe um imposto municipal sobre os imóveis, como o nosso IMI. O "imposto sobre o património" espanhol -- que constitui receita das comunidades autónomas -- é um imposto sobre a fortuna, que incide sobre todo o património, tanto imobiliário como mobiliário, e que só atinge as pessoas que tenham património líquido de valor elevado, sendo pago por uma minoria.
De resto, em Espanha, além desde imposto e da contribuição imobiliária local, o património é ainda objecto do imposto sobre sucessões e doações -- porventura o mais justo dos impostos, que todavia foi extinto entre nós pelo Governo Barroso-Portas -- e do imposto sobre o rendimento pessoal, pela imputação legal de um rendimento presumido ao património imobiliário (salvo a casa de habitação).
Mesmo assim, a extinção por um Governo socialista do imposto sobre as grandes fortunas -- que existe noutros países, como a França e a Suécia -- não deixa de ser um "flirt" da esquerda com o eleitorado de direita, numa manobra de oportunismo eleitoralista do Governo de Rodríguez Zapatero.