Há alguns dias, no contexto de uma viagem ao Médio Oriente, o candidato do partido Republicano à Casa Branca, John McCain, declarou durante uma conferência de imprensa que estava preocupado com o facto de o regime iraniano "levar a Al-Qaeda para o Irão, para treiná-los e enviá-los de volta para o Iraque".
Não é segredo para ninguém que um ódio visceral separa o Irão da al-Qaeda, não tanto por causa de disputas teológicas entre sunitas e xiitas, mas antes porque os esbirros de Bin Laden consideram o regime iraniano uma barreira geopolítica para a renovação de um califado ortodoxo sunita. Nem mesmo a Administração Bush, insuspeita de se coibir em salientar o jogo sujo de Teerão, alguma vez defendeu qualquer ligação entre o Irão e a Al Qaeda.
Perante tal gaffe, um apoiante e amigo do Senador McCain, o Senador Lieberman, sussurrou qualquer coisa no ouvido do candidato. Imediatamente McCain tentou pôr água na fervura e precisou: "Desculpem, os iranianos estão a treinar extremistas, mas não a al-Qaeda."
A campanha de McCain pôs-se rapidamente em campo e explicou: "Numa conferência de imprensa, John McCain enganou-se e imediatamente corrigiu o que disse, explicando que o Irão suporta de facto extremistas islâmicos radicais no Iraque, mas não a Al Qaeda..."
Claro que os Democratas aproveitaram este erro crasso para atacar a reputação de especialista em questões de segurança sobre a qual McCain tem construído a sua campanha presidencial.
Interessante também a exposição considerável que esta gaffe teve em jornais tão insuspeitos de McCain-fobia, ou mesmo de "amor pelo Irão", como o Wall Street Journal e a Fox News.