A medida que a Administração Obama hoje anunciou, impondo um limite de $500.000/ano aos salários auferidos pelos altos responsáveis de instituições financeiras não só se impõe do ponto de vista ético, como faz sentido do ponto vista prático: uma das causas principais da "exuberância irracional" dos mercados financeiros - a tal que acabou por arrastar a economia real para a crise que hoje arrasa o mundo inteiro - foi a aberrante distorção de incentivos, incluindo os salários e prémios escandalosos, pagos aos executivos das direcções dos bancos de investimento, das agências de rating, etc.
Estes "mestres do universo" da treta passaram anos a tomar decisões sobre investimentos e risco financeiro desligadas da realidade e ao serviço dos seus próprios portfolios de acções e obrigações.
Hoje, nos EUA e noutros países, o Estado vê-se obrigado a injectar balúrdios de dinheiro público em bancos e instituições financeiras em estado comatoso. O mínimo de moralidade impõe que esses mesmos Estados determinem limites e exijam contenção e decência a quem gere tais instituições.
O próprio Presidente Obama fez notar que os americanos estão zangados por os executivos das instituições agora ajudadas pelo Estado estarem "a ser recompensados pelo falhanço".
Espero que em Portugal, o governo de José Sócrates não tarde a seguir nas pegadas dos EUA e imponha limites salariais aos gestores da banca - Banco de Portugal e Caixa Geral de Depósitos incluídos - e especialmente em todas as instituições financeiras que só poderão sobreviver à custa do dinheiro dos contribuintes.