A semana passada o Departamento de Justiça dos EUA decidiu publicar o argumentário jurídico que serviu para justificar o injustificável durante a Administração Bush: a tortura de suspeitos de terrorismo em democracia.
Mais uma decisão que demonstra a vontade de cortar com o passado do Presidente Obama.
E que inspirou Ali Soufan, agente do FBI envolvido nos interrogatórios de alguns dos mais notórios terroristas da Al Qaeda, a contar o que sabe no New York Times de hoje.
Aqui vão umas amostras (traduzidas do inglês):
"[A revelação, através de métodos de interrogação convencionais, de que Khalid Shaikh Mohammed era o cérebro do 11 de Setembro] confirma aquilo que eu fui descobrindo ao longo da minha carreira no contra-terrorismo: técnicas tradicionais de interrogação têm sucesso em identificar operacionais, desmontar conspirações e salvar vidas."
"... para além disso, constatei que o uso destes 'métodos alternativos' foi contraproducente em várias situações."
"Uma das piores consequências do uso destas técnicas cruéis foi a reintrodução da chamada 'muralha da China' entre a CIA e o FBI, numa reedição dos obstáculos de comunicação que impediu as duas organizações de trabalharem juntas para impedir os ataques do 11 de Setembro." [O FBI recusou-se a usar as novas técnicas de interrogação da CIA e não pôde participar em operações que delas fizessem uso.]
"A decisão de publicar estes memos [o argumentário jurídico que sustentava as práticas de tortura] foi a correcta, porque é preciso que se saiba a verdade... é do nosso interesse nacional recuperar a nossa posição como o principal defensor dos direitos humanos no mundo."
E em Portugal, quando é que são publicados os documentos do governo de Durão Barroso e seguintes relativos à participação portuguesa no programa da deslocalização da tortura da Administração Bush?
Porque prossegue o encobrimento?