Eu até tinha a ideia de que Paulo Rangel era sério intelectualmente.
Mas não, como se está a ver pelo seu comportamento nesta campanha eleitoral para as europeias.
E mais refinado exemplo de hipocrisia, inconsistência de convicções, oportunismo político e argumentação enganosa não há do que a rangélica reacção ao facto de Vital Moreira ter chamado ao debate político a eventual criação de um "imposto europeu" como forma da UE se dotar de recursos próprios, suficientes e parlamentarmente controláveis.
É que Paulo Rangel recentemente proclamou-se adepto do federalismo, tendo até o topete de se comparar na "coragem de assumir" a Mário Soares e de desconsiderar outros políticos portugueses que, muito antes da rangélica proclamação, já se afirmavam federalistas - entre os quais me conto e se conta a sua colega de PSD Assunção Esteves.
É que um federalista, por definição, não pode rejeitar a criação de impostos federais e muito menos questioná-los com a balofa indignação que Paulo Rangel encenou para atacar Vital Moreira e o PS.
Vital Moreira, apropriadamente, seriamente, trouxe à discussão dos portugueses um tema que está, sem dúvida, na agenda da Europa - como demonstram as recomendações específicas que o Relatório Lamassoure (deputado francês, do PPE, o mesmissimo partido que há-de albergar Rangel no PE) - aprovado em 2007 no PE e que os deputados do PSD e do CDS votaram favoravelmente.
Paulo Rangel aflauta a voz e assanha-se contra Vital e o eventual "imposto europeu", que os seus colegas de PSD e do PPE no Parlamento Europeu sem problemas admitiram que devia ser estudado.
De que lado está a seriedade sobre o imposto? E quem aposta, afinal, na impostura?