O Público de hoje diz que há quem no PS esteja a laborar num projecto de novo governo do PS sem Sócrates, que pudesse beneficiar do apoio parlamentar do PSD, numa espécie de governo de bloco central apócrifo a cargo do PS.
Se não se trata de pura invenção jornalística, a hipótese carece de um mínimo de sentido. Primeiro, seria necessário que Sócrates aceitasse ser imolado em benefício de tal elucubração "patriótica". Segundo, quem escolhe a solução governativa em caso de crise governamental é o Presidente da República e não o partido que tinha o Governo, não sendo provável que Cavaco Silva aceitasse tal "negócio". Terceiro, como mostrou o Governo Santana Lopes, um primeiro-ministro que não tenha uma legitimidade eleitoral directa padece de um défice de legitimidade e de autoridade política. Quarto, é evidente que o PSD não se conformaria com o papel de "pau de cabeleira" de um governo PS II, a não ser para fazer o "trabalho sujo" em seu proveito.
Por isso, a referida hipótese não passa de uma tonteria política. Sem novas eleições, não há alternativa PS ao actual governo do PS. Os que no PS pensam em tirar o tapete a Sócrates, "fazem a cama" ao governo do PS. O PSD agradece.