O semanário Expresso de hoje dá honras de primeira página a uma cândida estória, segundo a qual a razão para o lastimável azedume do discurso de vitória de Cavaco Silva no domingo passado esteve na crítica contundente de Santos Silva na campanha eleitoral.
Mas a explicação não tem pés para andar, como é óbvio, visto que não faz nenhum sentido, a propóstio de um comentário puramente político, falar em "calúnia" e em "infâmia" e desafirar os jornalistas a revelarem as fontes da "mentiras", como fez Cavaco Silva. É evidente, como toda a gente interpretou, que ele considerou como ofensa pessoal as acusações relativas ao caso BPN e à vivenda de férias do Algarve.
Que, face à geral condenação do ressabiado discurso pós-eleitoral, Belém venha tentar dourar a pílula, pode entender-se. Mas que o Expresso tenha acritamente dado acolhimento a uma descarada operação de "spinning" é lamentável.