Há dias num fórum público numa rádio um ouvinte identificado com o PCP ou o BE (não cheguei a apurar) rebelava-se contra a ideia de o PEC IV servir de base ao programa de ajustamento da UE e do FMI, com o argumento de que isso seria "antidemocrático", por tal programa ter sido rejeitado por larga maioria na AR.
Santa ingenuidade!
Primeiro, as razões por que o PEC foi rejeitado foram muito diferentes, pois enquanto o PCP e o BE não queriam austeridade nenhuma, já o PSD rejeitou-o por ele não ser "suficientemente exigente", como explicou logo depois. Ora, como o PSD tem mais deputados do que as duas esquerdas radicais, é evidente que o PEC foi rejeitado justamente para ser substituído por outro mais duro. Segundo, o PCP e o BE não podiam ignorar que o chumbo do PEC, além de abrir uma crise política, imporia o recurso à ajuda externa sob a égide da UE e do FMI, como o PSD desde há muito ambicionava.
Depois de terem servido de "idiotas úteis" na estratégia do PSD de chamar o FMI, o PCP e o BE não podem agora queixar-se daquilo que eles mesmos ajudaram a decidir...