Além da dimensão “pearsonalista” antes assinalada, há uma marca que atravessa o novo discurso do PS – a ética política. Isso avulta tanto na ideia de um código de conduta ética vinculativo dos socialistas que sejam titulares de cargos políticos -- o que só pode saudar-se -- mas também na própria compreensão ética da luta política do PS. Há um forte tom moral na ideia de justiça social e na própria crítica da ordem económica. Na moção de orientação do novo secretário geral, chega-se a utilizar a noção de “capitalismo ético” para qualificar a alternativa económica da esquerda democrática.
O socialismo sempre teve uma vertente moral, desde as suas origens, que só o “socialismo cientifico” do marxismo ortodoxo tentou postergar. Mas é evidente que se uma política de esquerda não pode prescindir de uma dimensão ética, tampouco se pode reduzir a uma ética política. Um “socialismo ético” desprovido de uma doutrina e de uma praxis política não consegue dar efectividade aos objectivos de transformação que caracterizam a herança socialista e social-democrata.