Cumprem-se hoje, 11 de Janeiro de 2012, dez anos sobre o primeiro dia em que a Administração Bush começou a operar a transferência de prisioneiros para Guantanamo.Incluindo, nesse mesmo dia, passagem por território português. Aproveitando a distracção do governo que estava de saída, o de António Guterres (tenho elementos para crer, mas Amado nunca me facultou apurar e provar).
Passagem que se repetiu muitas vezes nos anos seguintes, até meados de 2007, com cumplicidade consciente, activa e encobridora (está provado, volto e voltarei a afirmá-lo) das duplas governamentais que se seguiram: Durão Barroso/Paulo Portas e Sócrates/Amado.
Lamentavelmente, desgraçadamente, vergonhosamente, o Presidente Obama - que eu continuo a apoiar, mas nunca acriticamente - que no seu primeiro dia de presidência prometeu encerrar Guantanamo, acabou por não o conseguir fazer. Pior, pior ainda - a 11 de Março de 2011 emitiu uma ordem admitindo a incivilizada e ilegal prisão perpétua arbitrária, sem julgamento, para certos suspeitos de terrorismo - como não se têm cansado de denunciar associações de direitos humanos americanas e internacionais, incluindo a ACLU -American Civil Liberties Union, a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional.
Para assinalar esta década de retrocesso nos direitos humanos e no Estado de direito nos EUA e na Europa, a AMNISTIA INTERNACIONAL divulgou um relatório:
e um video .
O Parlamento Europeu ,entretanto, decidiu retomar o inquérito e a investigação que produziu em 2007 e avaliar como os governos e instituições europeias cumpriram - ou melhor, não cumpriram - as suas recomendações. Hélène Flautre, dos Verdes, será a Relatora. Eu fui nomeada, pelo meu Grupo Político, relatora-sombra para a Opinião com que a Comissão dos Negócios Estrangeiros vai contribuir para esse relatório.
Guantanamo e as prisões secretas da CIA são vergonha e retrocesso do Estado de Direito. Nos EUA e na Europa onde, apesar de tudo, funcionava. Admiram-se que ele hoje não funcione para o resto e sirva para arrasar as nossas economias, a democracia e o Estado social?