Uma Cimeira Europeia "sem stress", anunciaram.
O ministro das finanças alemão leva o "sudoku" na pasta, para se entreter durante as longas horas fechado no Justus Lipsius. Dona Merkel poderá rapar das agulhas de crochet e acabar o naperon para ajudar à campanha do "son ami" Sarkozy. Este, chupadinho pelo frenezim eleitoral, pensa até tirar uma soneca para voltar à estrada de peito feito contras as vaias populares que os malandros dos socialistas encomendaram. Finlandeses, holandeses e suecos e outros do norte matarão o tempo a escrutinar balancetes gregos. Os de leste deliciar-se-ão a ouvir o Cameron desfiar anedotas da City. Os do sul fazem capelinha à parte, em redor de Monti, que dá as tácticas de como driblar teutónicos quadrados na arena do mercado interno. Os irlandeses não perdem pitada, ostensivamente. Passos Coelho e Gaspar, obsequiosos, interessam-se pelos lavores de Dona Merkel, mas esticam as orelhas para apanhar alguma coisinha do que perora Monti: o descalabro estatístico dos últimos dias até aquelas fleumáticas almas começa a alarmar.... Barroso e Van Rompuy, anfitriões solícitos, servem capilés e chavetas de opções de como fazer omeletes de crescimento e emprego sem desbundar ovos ao Bundesbank.
Uma cimeira "sem stress", claro.
Como se a economia europeia não estivesse a arder em recessão e desemprego... como se os europeus não estivessem furibundos com os líderes da treta que elegeram... como se a austeridade cega, estúpida e neoliberal não estivesse a destroçar a UE!