Durante anos fui denunciando, perante a inércia dos governos e o silêncio de quase todos, a insustentável situação financeira e o agravamento do endividamento dos transportes urbanos de Lisboa e do Porto, que se tornaram, junto com as SCUT, num dos cancros das finanças públicas nacionais. Com a agravante de que, pertencendo essas empresas ao Estado -- quando deviam ser da responsabilidade do poder local --, os custos dos défices sistemáticos serem suportados pelos contribuintes de todo o País e não pelos beneficiários.
Tarifas degradadas, pessoal a mais, custos salariais incomportáveis, insuficientes compensações de serviço público, má gestão, tudo se conjugou para criar uma situação que só a actual crise orçamental e a intervenção externa obrigaram a encarar.
Como é bom de ver, não basta alcançar o reequilíbrio operacional, à custa de redução de serviços, aumento de tarifas, corte de pessoal. É necessário resolver o problema da enorme dívida acumulada, que pesa no endividamento do Estado. Em última instância, resta a privatização, mediante concessão...