No lançamento do seu manifesto eleitoral para as elieções europeias de maio, os dois principais candidatos da coligação PSD-CDS permitiram-se atirar-se ao líder do PS, por alegadamente este ter denegrido em Londres a obra do seu Governo em Portugal.
É uma jogada política de baixo nível. Faria algum sentido, se Seguro tivesse utilizado fora do país um discurso mais agreste do que aquele que usa em Portugal. Mas não foi o caso: ele disse em Londres exactamente o que diz em Portugal. Ora, mal iria à liberdade de expressão e de acção política, se o próprio líder da oposição não pudesse dizer do Governo lá fora o que diz cá dentro.
Como já foi notado, esta tentativa de acusar o líder da oposição por declarações feitas no estrangeiro (como se fosse um acto de deslealdade ao País...) faz lembrar outros tempos em que era crime qualificado dizer mal do Governo fora de portas (aliás também era crime mesmo dentro de portas...). Além disso, não fica bem que quem agora faz estas acusações se tenha notabilizado outrora em "crucificar" o Governo de José Sócrates, em pleno Parlamento Europeu, por alegada limitação da liberdade de imprensa em Portugal, como se os media estivessem sob alguma mordaça governamental.
Se é com este nível que começa a campanha eleitoral das europeias, receemos pelo que aí vem.