A tradicional desvalorização externa (ou seja, a desvalorização da moeda) produz imediatamente um choque de competividade da economia, pelo embaratecimento das exportações e pela consequente expansão económica, e só depois traz a perda generalizada de rendimentos, por via da inflação (que é relativamente "indolor"), sem corte no valor nominal daqueles. Ao contrário, a desvalorização interna começa pela redução efectiva de rendimentos (sem anestesia...), sobretudo dos salários, induzida por medidas de austeridade orçamental e pela consequente recessão, e só depois traz o aumento da competividade, pela redução dos custos dos bens exportáveis.
É por isso que a desvalorização interna é sentida de forma muito mais penosa do que a desvalorização externa, mesmo quando a perda real de rendimentos é de valor idêntico ou até menor.