quarta-feira, 9 de abril de 2014

Referendo

Desde há muito que as propostas de referendo sobre matérias atinentes à integração europeia se tornaram um dos instrumentos de flagelação política preferidos da esquerda antieuropeia, sempre caracterizados pela irresponsabilidade e pelo oportunismo.
Desta vez, o Bloco de Esquerda, obviamente muito nervoso pela perspectiva de um mau resultado nas próximas eleições europeias, resolveu tirar da cartola o coelho de um referendo ao Tratado Orçamental, sem ter a coragem de propor directamente aquilo que seria o resultado inexorável da eventual denúncia desse tratado, que seria a saída do euro e, por arrastamento, a saída da União.
O que isto mostra, mais uma vez, é o fosso entre a esquerda pró-integração europeia, e pró-euro, e a esquerda de protesto, atavicamente contrária a uma e a outro. Esse fosso estrutural torna inviável qualquer discurso sobre a convergência entre as duas linhas ou qualquer hipótese de aliança de governo.