Francamente, não faz sentido condenar o programa de ajustamento com o argumento de que "Portugal está pior do que antes", pois isso era inevitável, em consequência do aperto de cinto orçamental e da recessão económica. Nenhum Governo poderia ter evitado isso.
O que se pode questionar, sim, é, por um lado, saber se a gestão do programa de ajustamento não poderia ter sido melhor, menos penosa e mais equitativa e, por outro lado, saber se os sacrifícios valeram a pena, em termos de dotar o País de finanças públicas equibradas, de capacidade de crescimento económico e de criação de emprego e de sustentabilidade do Estado social.
Sendo conhecida a minha opinião sobre o primeiro ponto, a segunda parte desta avaliação ainda está em aberto.
Adenda
De resto, para a esquerda radical, que se opôs a qualquer austeridade orçamental, a comparação a fazer não é com a situação em que Portugal se encontra depois de três anos de austeridade (mais pobre mas sobrevivente e esperemos que mais resiliente...), mas sim a situação em que o País estaria se programa de ajustamento não tivesse existido, ou seja, a bancarrota, a saída do Euro e a catástrofe económica e social consequente.