Já em modo de campanha eleitoral interna, António José Seguro assevera que se for primeiro-ministro irá repor o valor dos salários na função pública e das pensões como prioridade imediata (o Governo já prometeu o mesmo mas de forma faseada, em 5 anos...).
O que falta explicar, porém, são duas questões-chave: primeiro, saber como financiar uma tal medida, no valor de muitas centenas de milhões de euros, considerando aliás a necessidade de continuar a tarefa de consolidação orçamental do país e de redução do endividamento público; segundo, mesmo se houvesse margem orçamental suficiente, por que razão consumi-la em salários e pensões, em vez de a destinar prioritariamente a recuperar os malefícios da austeridade lá onde ela é mais prejudicial ao crescimento da economia (educação, investigação científica, qualificação profissional, valorização de recursos) ou a financiar investimento público reprodutivo.
A promessa de repor à cabeça o valor de salários da função pública e das pensões pode render uns votos entre os beneficiários crédulos. Mas sem a resposta às duas questões referidas, ela é tudo menos convincente.