A crise grega continua sem solução à vista, com o Governa Syriza a brincar com a sua situação periclitante na zona euro. Desafiando o acordo alcançado há duas semanas no conselho de ministros das finanças do euro, o governo grego tomou decisões que o contrariam e enviou agora para Bruxelas uma proposta de medidas que, embora positivas em si mesmas, fica muito aquém dos compromissos que assumiu em matéria orçamental.
Para agravar as coisas, o loquaz ministro das finanças do Syriza ameaçou com um referendo às medidas requeridas pela UE, o que só pode aprofundar a perda de confiança de Bruxelas no Governo grego. Entretanto, a situação orçamental do país vai-se degradando, por causa da quebra substancial da receita fiscal e da paralisação do programa de privatizações. O risco de a Grécia deixar de cumprir as suas obrigações financeiras internacionais vai-se adensando.
Como diz insuspeitadamente um dos membros proeminentes do comité central do Syriza, o governo grego entrou em modo de "desobediência controlada". Resta saber se os demais membros da zona euro vão aceitar complacentemente a ostensiva renegação de obrigações. Como nota um comentador em Atenas, aproxima-se o momento em que Tzipras vai ter de optar entre permanecer no euro e regressar ao drachma.