Imagino que, para quem andou este anos a denunciar a austeridade como mãe de todos os males e como condenação do País a uma "espiral recessiva" sem fim, seja difícil "engolir" o facto de a recessão ter acabado -- embora com muito atraso em relação ao previsto e mais sacrifícios do que os necessários (como sempre disse) -- e o país estar a crescer desde o final de 2013, à conta do aumento da procura interna e externa, retoma agora sustentada e espevitada pelos juros baixos e pela desvalorização do euro (cortesia do BCE), pela baixa do preço do petróleo e pela retoma no resto da Europa.
Mas pergunto se faz algum sentido político negar a evidência, que não deixa de existir e de ser percecionada só por ser negada. E preocupa-me a questão de saber se este inconsistente estado de negação ajuda em alguma coisa a apear a coligação de direita do Governo. Não bastam as profundas sequelas sociais da crise?
[revisto]