Ilude-se quem pensa que no novo quadro parlamentar o PS se encontra enfraquecido e "encurralado" entre o Governo e a esquerda radical. Pelo contrário. Na sua posição de charneira, fazendo maioria com o Governo, por um lado, e com o PCP e o BE, por outro, o PS acaba por ser o king maker desta AR!
O PS fica com um poder que poucas vezes teve no Parlamento, na medida em que, como se viu no post anterior, dele depende a viabilização (ou não) da generalidade das propostas governamentais bem como a viabilização (ou não) das propostas da extrema-esquerda parlamentar.
E além de poder manter o Governo sob rédea curta, cabe-lhe também em última instância o poder extremo de fazer cair o Governo, se tal lhe convier, mediante moção de censura. Só tem de ser prudente e responsável para não dar ao Governo um pretexto para este pedir, ele mesmo, eleições antecipadas quando lhe convier, dramatizando uma alegada "falta de condições para governar".