Desde que se perfilou a hipótese de um acordo de governo à esquerda, a direita fundou o seu combate político em dois axiomas: (i) que era uma "fraude política", pois o PS não teria a votação que teve se os eleitores soubessem que se iria aliar ao BE e ao PCP; (ii) que devia haver imediatamente novas eleições, que a direita acreditava que iriam dar-lhe uma confortável maioria absoluta contra a esquerda. Estas duas teses foram repetidas milhares de vezes como verdades apodíticas.
Mas tudo converge para desmentir as duas ficções da direita. A última sondagem de opinião, confirmando outras anteriores, mostra que, se houvesse eleições agora, o PS subiria a sua votação e a direita continuaria muito minoritária (menos de 40%). Nestas circunstâncias, é evidente que, mesmo que pudesse, nenhum Presidente no seu juízo se permitiria dissolver a AR. Seria um tiro pela culatra!