1. "O abismo atrai o abismo", diziam os clássicos. E a demagogia atrai a demagogia, é caso para dizer ao ver Sampaio da Nóvoa aproveitar a onda de indignação contra a decisão do Tribunal Constitucional em relação às subvenções dos ex-titulares de cargos políticos que foram salvaguardadas aquando da extinção dessa regalia em 2005 para vir implicar também com a subvenção própria dos ex-presidentes da República, que nunca foi posta em causa e que, ao contrário das dos outros ex-titulares de cargos políticos, não foi extinta em 2005 nem tocada pela norma de 2013 que afetou aquelas.
Para agravar as coisas, Sampaio da Nóvoa acrescentou que se fosse eleito PR abdicaria dessa subvenção, como fosse eticamente reprovável recebê-la.
2. Esta posição é de uma enorme irresponsabilidade política.
Pense-se o que se pensar das subvenções de ex-deputados e ex-ministros, a subvenção específica dos ex-presidentes da República é perfeitamente justificada. Ninguém imagina um ex-presidente da República a ter de voltar a exercer uma atividade profissional para ganhar a vida, sobretudo se deixar o cargo sem idade para se aposentar (como sucedeu com Ramalho Eanes e pode vir a suceder com outros) ou se tiver uma pensão baixa. Um ex-presidente da República tem solicitações e responsabilidades bem distintas das de um cidadãos comum.
Aliás, a lei confere aos ex-presidentes meios públicos para desempenharem essas responsabilidades, incluindo um gabinete, uma secretária e um carro com motorista. Será que Sampaio da Nóvoa, caso viesse a ser Presidente, também abdicaria dessas facilidades depois de o deixar de ser?!
Por último, Sampaio da Nóvoa tem o apoio de três ex-presidentes da Republica, todos beneficiários dessas regalias. Não se terá dado conta de que o seu demagógico ataque aos "privilégios" dos ex-Presidentes era um gratuita ofensa moral aos seus apoiantes? Qual não será o seu embaraço depois desse ataque do candidato presidencial que apoiam à sua integridade ética na política?