Não se podem ignorar os sinais de mudança no PS, nem o seu significado. O acordo de governo com o PCP e o BE, a aposta na eliminação acelerada da austeridade orçamental (mesmo pondo em risco a necessária consolidação das contas públicas), a reversão da privatização e concessão de empresas públicas problemáticas, o discurso político mais aguerridamente ideológico, a adoção de Sampaio da Nóvoa como candidato presidencial oficioso e o atual embate com a Comissão Europeia sobre o orçamento - incluindo acusações públicas à União Europeia que seriam improváveis há pouco tempo - são traços que destoam do tradicional posicionamento do PS no centro-esquerda moderado, aproximando-o dos partidos à sua esquerda.
Concordemos ou não com este reposicionamento do PS na cena política (que não acompanho), trata-se porventura da mais importante evolução política do PS desde que Mário Soares "meteu na gaveta" o socialismo tradicional e abraçou decididamente uma orientação social-democrata no quadro da União Europeia. Aguardemos os próximos capítulos...