1. Numa situação económica cada vez crítica desde há meses, o Brasil apresenta uma combinação explosiva de recessão e de inflação. A crise económica prenuncia uma pesada crise social, provocada pela perda acentuada de poder de compra, em resultado da redução da atividade económica e do emprego, do aumento dos preços (por causa da enorme desvalorização do real) e da austeridade orçamental (por causa da quebra na receita pública). Como se isto não bastasse, as agências de rating continuam a baixar a notação da dívida pública brasileira, aumentando os respetivos juros e os correspondentes encargos orçamentais.
2. Não faltaram os que (entre os quais me conto) ao longo destes anos de prosperidade económica e de melhoria da situação social advertiram para a falta de bases sólidas para um crescimento sustentado: reduzida competitividade económica, baixa produtividade, défice gritante de infraestruturas, protecionismo externo e auto-exclusão das cadeias de produção globais, crescente dependência das exportações de matérias-primas e agro-industriais, aumento excessivo da despesa pública e degradação das contas públicas, débil controlo da inflação, sistema político disfuncional, oneroso, ineficiente e vulnerável à corrupção, etc.
As advertências não foram ouvidas, as reformas não foram feitas e o País caminhou irresponsavelmente contra a parede.
3. Para tudo correr mal, só falta que a crise económica e a iminente crise social culminem com uma crise política de todo o tamanho. A fragilidade do suporte político da Presidente Dilma Roussef no Congresso e fora dele e a degradação do apoio popular do PT não auguram nada de bom.