É evidente que um ex-governante tem direito a ingressar nos negócios privados. Mas há limites, pelo menos políticos e morais.
A entrada de Durão Barroso para chairman do Goldmann-Sachs não deixa de surpreender negativamente. Primeiro, não tem precedente na história dos presidentes do executivo da UE; segundo, o GS encontra-se sob jurisdição das agências de regulação financeira da UE e da Comissão Europeia, a que Durão Barroso presidiu; terceiro, o GS é talvez o maior símbolo do mais agressivo capitalismo financeiro global, sem grandes escrúpulos quanto ao respeito pela regulação financeira internacional ou pelos interesses dos países onde tem negócios, como mostrou na assistência às manigâncias orçamentais dos governos gregos antes da crise; por último, o Goldmann Sachs está em litigância agressiva contra o Banco de Portugal e contra o Novo Banco, no valor de centenas de milhões de euros, por causa da resolução do BES.
Dificilmente poderia ser pior em matéria de conflito de fidelidades e de interesses.