"O acordo nuclear com o Irão é decisivo, todos o esperamos, para a segurança e não proliferação a nível regional e global, resultado de negociações históricas em que as diplomacias europeia e americana se empenharam.
Abriu-se assim uma nova página nas relações UE-Irão. Que não pode secundarizar a necessidade de diálogo numa área em que europeus e autoridades iranianas mantêm substanciais divergências: quanto ao respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das mulheres o uso e abuso da pena de morte e de outros tratamentos degradantes. Esse diálogo não é inútil, tem de ser franco,vigoroso, criativo: não cai em saco roto junto de um governo que está pressionado internamente por uma sociedade jovem, educada e desejosa de reintegração na comunidade internacional.
Oportunidades económicas e de comércio são potenciadoras também de maior intercâmbio entre os povos europeus e o iraniano. O levantamento das sanções abre o mercado iraniano às empresas e investimentos europeus. Mas é ainda preciso que o Irão se comprometa e invista em cumprir as recomendações do Grupo de Ação Financeira Internacional para criar um ambiente económico transparente e responsável.
Sejamos claros - restringir o relacionamento a objetivos económicos e comerciais, é falhar estrategicamente. O Irão é potência regional que deve ser encorajada a desempenhar um papel na resolução de conflitos e não a agravá-los. O Irão pode ajudar a por fim à guerra na vizinha Síria, mas hoje combate ao lado da Rússia para preservar o tirano Assad, à custa do massacrado povo sírio. A União Europeia devia utilizar o relacionamento com o Irão e com outros actores regionais no sentido de dissuadir o confronto sectário sunita-shiita, sobretudo alimentado pela Arábia Saudita, Qatar e a Turquia de Erdogan. Uma solução que dê paz e futuro aos sírios e a todos os povos da região é a única forma de a Europa e o Irão protegerem a sua própria segurança".
(Intervenção que fiz hoje no plenário do PE em debate sobre as relações UE-Irão)