É evidente que a atual escalada dos juros da dívida pública não é exclusiva de Portugal nem tem a ver com fatores endógenos, sendo devida ao choque provocado pela eleição de Trump nos Estados Unidos, pelo que é esperar que os mercados serenem com o passar do tempo. Mas a verdade é que, sendo uma subida que afeta todos os países, ela atinge especialmente os países mais vulneráveis, com dívida mais elevada e situação orçamental menos sólida, entre os quais avulta Portugal, que vê agravar sensivelmente o diferencial de juros para a Alemanha.
Para evitar esta suscetibilidade ao nervosismo dos mercados e reduzir o risco de um acidente mais grave, Portugal deveria estar apostado numa efetiva política de redução do endividamento, através de uma consolidação orçamental mais agressiva (saldo orçamental primário superior aos juros), em vez de estar a acrescentar todos os anos cada vez mais despesa pública permanente (à custa de uma elevada carga fiscal), o que em caso de retração económica pode provocar uma situação orçamental crítica.