Caso não haja uma melhoria das contas públicas no último trimestre, as perspetivas para o défice orçamental do corrente ano, tendo em conta estes dados do 3º trimestre, não ficam somente muito acima do défice inicialmente previsto no orçamento (2,2%) mas também acima quer da meta governamental corrigida tomada como referência para o orçamento para 2017 (2,4%) quer do objetivo mínimo de redução estabelecido pela Comissão Europeia desde o início (2,5%).
Na verdade, a manter-se o percurso do 3º trimestre, o défice de 2016 ficaria apenas 0,3% abaixo do défice efetivo de 2015 - traduzindo portanto uma modesta consolidação orçamental - e tornaria mais difícil o cumprimento, quer das metas para o défice orçamental do próximo ano, quer da meta de redução da dívida pública, que é crucial para diminuir o peso dos respetivos encargos.
Neste trimestre final de 2016 há fatores orçamentalmente favoráveis, como a "amnistia fiscal", e há a continuação de fatores desfavoráveis (aumento da despesa com funcionários e redução do IVA dos restaurantes). Esperemos que os primeiros prevaleçam sobre os segundos e que as contas melhorem o suficiente para corrigir o referido desvio.
Adenda
O Ministro das Finanças garantiu ontem em Bruxelas que serão tomadas as medidas necessárias para cumprir as metas inscritas no orçamento de 2017. Convém que sejam mais efetivas do que as tomadas em relação ao orçamento de 2016...