sábado, 14 de janeiro de 2017

Caprichismo

1. Penso que é um erro político a decisão do PSD de acompanhar o BE e o PCP na rejeição da descida da TSU, nos termos acordados na concertação social.
É certo que o PSD se opôs - a meu ver, bem - à subida subsidiada do salário mínimo (embora não tenha muita autoridade nisto, porque já recorreu ao mesmo mecanismo quando foi Governo). Mas a verdade é que a descida da TSU foi a contrapartida negociada da subida excessiva do salário mínimo e que a subida acordada do salário mínimo já está em vigor, pelo que a não descida da TSU só vai prejudicar as empresas mais débeis e os trabalhadores menos qualificados que vão ser afetados pelo possível despedimento ou pela perda de oportunidade de emprego.

2. Além disso, ao juntar-se à extrema-esquerda parlamentar para derrotar o Governo, o PSD desrespeita o acordo de concertação social, negociado por organizações sociais próximas dele, e perde uma excelente oportunidade de mostrar ao País que, quando os aliados parlamentares do Governo lhe dão uma facada nas costas, é o PSD que o salva, privilegiando os interesses económicos e sociais do País.
Ao preferir a coligação negativa com a extrema-esquerda parlamentar contra o Governo, o PSD corre o risco de acentuar a visão corrente de uma oposição movida pelo ressentimento e pelo caprichismo.
Mesmo na oposição o PSD é um partido de governo e deve atuar em conformidade, responsavelmente.