quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Contradições


1. Com a aprovação no Parlamento Europeu aproxima-se a conclusão do acordo de comércio e investimento entre a UE e o Canadá (conhecido pela sigla CETA), o mais avançado dos muitos tratados comerciais da União até agora.
Embora o tratado possa ser posto provisoriamente em vigor pelo Conselho da União depois da aprovação parlamentar, o processo só ficará definitivamente concluído com a ratificação de todos os Estados-membros, incluindo Portugal, o que vai expor uma das mais profundas contradições políticas na atual aliança governamental, entre o PS, que apoia a política comercial da União e o CETA, e os seus aliados, BE e PCP, que se opõem visceralmente à redução dos obstáculos ao comércio internacional e que têm liderado a aguerrida campanha contra o CETA.

2. Não sendo provável desta vez que o PSD se alie oportunisticamente à extrema-esquerda parlamentar para chumbar o CETA, é de prever, porém, que sublinhe a incapacidade do PS, apesar da proclamada maioria parlamentar, de levar a cabo as suas mais importantes posições políticas, sem a colaboração... da oposição!
Como aqui se advertiu anteriormente, a ideia de que, mercê da aliança de esquerda, "o PS já não precisa do apoio da direita para governar" era "ligeiramente exagerada".