A clara e inesperada vitória do candidato mais à esquerda (B. Hamon) na primeira volta das "primárias" do PS francês, aliás pouco participadas, para a escolha do seu candidato às eleições presidenciais deste ano deixa pouca margem para uma recuperação do ex-primeiro-ministro Manuel Valls na segunda volta (que deixou a presidência do Governo para travar esta batalha), na medida em que o terceiro candidato mais votado, A. Montbourg, já anunciou o seu apoio a Hamon.
Se efetivamente vier a ser Hamon o candidato presidencial do PS, as hipóteses de chegar à segunda volta das eleições de Abril próximo, na disputa com Le Pen, Fillon e Macron - que já eram escassas à partida, mercê do péssimo mandato de Hollande -, ficam praticamente excluídas. As ideias políticas que Hamon apresentou, manifestamente incomportáveis pelo já sobrecarregado orçamento francês (como a de um "rendimento universal" de 750 euros), podem apelar à esquerda do PS francês mas só podem afastar o cidadão comum, pelo seu radical irrealismo.
Derrota segura à vista, portanto. Com poucas exceções, as provações eleitorais da social-democracia europeia nos últimos anos não dão mostras de estar perto do fim.