«Um em cada cinco trabalhadores de baixa médica podia trabalhar, concluiu o Ministério da Segurança Social, depois de ter reforçado a inspeção.Eis a atávica realidade deste País, marcada pela irresponsabilidade cívica das pessoas e pela irresponsabilidade profissional dos médicos que "passam" as baixas, com enormes custos para a economia e para a segurança social.
Mais de 56 mil trabalhadores estavam aptos para trabalhar, segundo os dados do Ministério da Segurança Social, revelados à TSF.»
Se a isto somarmos os incontáveis casos de fraude no subsídio de desemprego e noutras prestações sociais, nas atividades económicas não declaradas, etc., obtemos a verdadeira imagem de um país onde a responsabilidade cívica e a ética da responsabilidade não encontram terreno fértil para crescer. Tal como desertou da vida política, a "ética republicana" também abandonou as relações dos cidadãos com o Estado: o que é público não é um bem comum a preservar por todos mas sim uma res nullius a apropriar livremente por cada um.
Também fazemos pouco para corrigir a ancestral herança: a disciplina de educação cívica, que poderia contribuir para isso, continua a marcar ausência no currículo do nosso ensino básico...