O Primeiro-Ministro afirmou, com toda a razão, que «as autarquias locais são as que estão mais bem posicionadas para gerir o transporte público».
Não digo outra coisa repetidamente desde há décadas, para defender a remunicipalização dos transportes públicos de Lisboa e do Porto, estatizados na voragem das nacionalizações de 1975 e desde então a cargo do Estado, com enormes custos orçamentais. Por isso não posso deixar de saudar a decisão deste Governo de transferir a Carris e a os STCP para os municípios da Lisboa e da AMP respetivamente.
Só é de lamentar, todavia, que a remuncipalização seja incompleta e parcial. É incompleta, porque, além de a elevada dívida das empresas permanecer no Estado (ou seja, a cargo de todos os contribuintes do País), este continua a comparticipar nos investimentos dos STCP, mesmo depois da transferência da gestão para os municípios beneficiários. É parcial, porque em ambos os casos fica de fora o metropolitano, que é tão "transporte público" urbano como o serviço rodoviário e que por isso deveria ser também transferido para os municípios.
Enquanto isso não ocorrer, como tenho dito várias vezes, o Estado vai continuar a espoliar o resto do País em benefício do Lisboa e o Porto.