1. Com a saída de Martin Schultz da presidência do Parlamento Europeu (PE), que manteve durante cinco anos (2012-2017), a assembleia representativa da UE perde um presidente assertivo e dinâmico, que muito contribuiu para elevar o seu perfil e desempenho, dando-lhe uma visibilidade e uma influência que nunca tinha tido.
Bastante mais low profile, o novo Presidente - Tajani, do Partido Popular Europeu (PPE) - terá bem menor disposição para desafiar a direita parlamentar e as demais instituições da União, o Conselho e a Comissão, não somente pelo seu entendimento mais conservador acerca da papel de speaker da câmara mas também por pertencer à mesma família política que domina todas as instituições políticas da União.
Mau negócio para para o PE, portanto.
2. Ao romper com a "grande coligação" com o PPE, o grupo social-democrata do PE não perdeu somente a possibilidade de influenciar a seleção do novo presidente do Parlamento, tendo também proporcionado a criação de uma aliança maioritária à direita, entre o PPE, os Liberais (ALDE) e os Conservadores (ECR).
Parece evidente que, ao privilegiar o confronto esquerda-direita e ao alienar os liberais, os sociais-democratas vão ter menos possibilidades do que antes para influenciar a legislação e as posições políticas do PE. Iniciativas de grande importância para o grupo social-democrata europeu, como a do novo "Pilar dos Direitos Sociais", podem ter menos condições políticas para avançar.
Mau negócio para o S&D, portanto.