Mesmo se conseguido em grande parte mercê do saldo positivo da segurança social e à custa do sacrifício do investimento público e com a ajuda final do perdão fiscal, um défice de orçamental de 2,3% não deixa de ser uma proeza política, ficando próximo da meta orçamental inicial (2,2%) e folgadamente abaixo do teto fixado pela Comissão Europeia (2,5%).
Resta esperar que este excelente resultado não seja atenuado pelos números respeitantes ao défice estrutural, ao saldo primário e à dívida pública.
Seja como for, essa redução do défice orçamental global é tanto mais de valorizar quando foi conseguida num ambiente geral de dúvida quanto à capacidade de obter tal resultado, num contexto de crescimento económico e de aumento da receita fiscal inferiores ao programado e tendo sempre "à perna" os parceiros de coligação parlamentar, que não morrem propriamente de amores pela disciplina orçamental (pelo contrário!).
Ironia da ironias, o brilharete orçamental cabe a um Governo baseado no apoio parlamentar do BE e do PCP; o prodígio da sua submissão aos ditames da consolidação orçamental da União Europeia (mesmo que sob protesto verbal...) há de ficar gravado a letras de outro nos anais do primeiro Governo de todas as esquerdas!...
Em suma, chapeau!