1. A decisão do SPD alemão de confirmar no referendo interno o acordo de coligação de governo com Merkel é boa para a Alemanha, que evita uma crise política ou um problemático governo minoritário, e para a Europa, que é poupada à turbulência dessa eventual crise e pode beneficiar do forte empenhamento do novo Governo alemão na reforma e aprofundamento da União Europeia.
Resta saber se é boa para o próprio SPD.
2. Colocado entre a espada e a parede - pois a provável consequência de uma crise política resultante da eventual recusa do acordo seria a convocação de eleições antecipadas, com o risco de mais um desaire eleitoral agravado (como as sondagens eleitorais indiciam) -, o SPD optou pelo mal menor, reeditando a coligação de governo com a direita do CDU/CSU.
Todavia, para além da divisão do partido nessa decisão, tendo um em cada três votantes recusado o acordo, o SPD arrisca-se novamente, como sucedeu na passada legislatura, a pagar este novo envolvimento numa "grande coligação" com mais uma etapa do seu declínio político. O destino da social-democracia europeia pode estar em jogo nesta arriscada opção do SPD alemão...