1. Se existe uma prova da assimetria de investimento público entre Lisboa (onde não faltam centenas de milhões para o metropolitano da capital, que nem devia ser responsabilidade do Estado) e o interior do País, basta referir o caso flagrante da miserável ligação rodoviária entre Coimbra e Viseu.
Pomposamente designada como IP3, ela não passa de uma das mais congestionadas e perigosas estradas do Pais, servindo não somente de ligação entre as duas capitais de distrito mas também de acesso do litoral centro à A25 e à saída para Espanha.
2. Discordo, porém, da opinião de Jorge Coelho sobre a opção pela "requalificação" da perigosa via, pela simples razão de que entendo que ela não é suscetível de grande correção, em virtude defeitos estruturais de desenho, pelo menos no grande troço entre Coimbra e o Dão, em que a estrada primeiro sobre e desce penosamente as íngremes vertentes do contraforte sul da Serra do Buçaco e depois é estrangulada no canyon do Rio Mondego a montante de Penacova.
Em vez de deitar mais dinheiro à rua na vã tentativa de endireitar o que nasceu torto e no intuito oportunista de colher frutos políticos em vésperas de eleições, a solução está em avançar finalmente pela solução da autoestrada entre a A1 e a A25, há muito equacionada, - e que foi inicialmente considerada "prioritária" pelo atual Governo -, aproveitando o troço de auto-estrada já existente entre Santa Comba Dão e Carregal do Sal. Além do mais, teria a vantagem de o investimento se poder recuperar através de portagens, desonerando, portanto, o orçamento do Estado.